"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

REPRESSÃO POLICIAL FASCISTA NA RETIRADA DOS OCUPANTES DO JOSÉ ESTELITA!

Nota Política do Partido Comunista Brasileiro sobre o ‪#‎Ocupeestelita‬


O Recife amanheceu neste 17 de junho, sob o forte impacto das ações da tropa de choque da Polícia Militar de Pernambuco, que mais uma vez macula sua imagem com medidas ultrajantes e repressivas contra os participantes do movimento OcupeEstelita.


O OcupeEstelita é um movimento que vem sendo construído por pessoas, majoritariamente jovens, que tomaram a decisão de enfrentar um dos mais perversos projetos de agressão urbana à cidade do Recife. Hoje consegue através das redes sociais despertarem a discussão sobre “em que tipo de cidade e de mundo desejamos viver e compartilhar”, indo além dos horizontes do Cais José Estelita.

Essa área é uma das mais belas da cidade do Recife, um cartão postal, fincada na Bacia do Pina, no São José, um dos bairros mais antigos do Recife, onde está instalado o Forte das Cinco Pontas, última construção holandesa de1630 e onde fuzilaram Frei Caneca em 1825.

O projeto que o consórcio denominado ironicamente de “Novo Recife”, vem tentando impor a cidade se compõe de 12 torres de 40 andares, criando uma muralha que esconderá uma das mais significativas paisagens do Recife, que tem em seu Código de Meio Ambiente, artigos que determinam a “preservação de paisagens históricas ambientais”, sem falar nos problemas de mobilidade urbana e de preservação do patrimônio histórico existente na área.
No dia 21 de maio passado, enquanto o movimento OcupeEstelita debatia propostas em seu site “Direitos Urbanos” e o Instituto de Patrimônio Histórico (IPHAN) analisava os impactos ao patrimônio histórico, os senhores do capital imobiliário, organizados no Consórcio, conseguiram com a prefeitura do Recife, ninguém explica como, licença para demolir os históricos armazéns. Isso iniciado no começo da noite, mas denunciado por pessoas que passavam no local, o que fez com que um dos membros dos Direitos Urbanos fosse ao local e fotografasse o que estava ocorrendo, sendo logo espancado pelos seguranças das imobiliárias que ainda apreenderam sua câmara e roubaram a sua memória. Isso provocou mobilização convocada pela rede do facebook, e no dia seguinte a obra foi embargada pelo Ministério Público Federal.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A cidade que luta para não se tornar invisível

por Movimento #OcupeEstelita

Há alguns anos, Recife passa por um processo agressivo de transformação urbana. Nos acostumamos com o surgimento de um novo espigão em cada esquina: bairros formados tradicionalmente por casas mudam de maneira drástica com a demolição destas para a construção de prédios compridos.


“Não faz sentido dividir as cidades nessas duas categorias (felizes ou infelizes), mas em outras duas: aquelas que continuam ao longo dos anos e das mutações a dar forma aos desejos e aquelas em que os desejos conseguem cancelar a cidade ou são por ela cancelados”.¹
Reprodução

Há alguns anos, Recife passa por um processo agressivo de transformação urbana. Nos acostumamos com o surgimento de um novo espigão em cada esquina: bairros formados tradicionalmente por casas mudam de maneira drástica com a demolição destas para a construção de prédios compridos. Comunidades inteiras são desalojadas sem o mínimo planejamento social. O que antes era uma rua de quintais, terraços e jardins, hoje é uma paisagem inóspita de muros altos, fachadas espelhadas e muitas vagas na garagem. Com a conivência do poder público, multiplicam-se os projetos imobiliários que visam apenas a geração de lucros e ignoram a dimensão humana. Assistimos à transformação do Recife amarelado de Renato Carneiro Campos, do Recife de cadeiras na calçada de Manuel Bandeira, do Recife cheio de gente de Alcir Lacerda, numa metrópole em que progresso contradiz identidade. Vemos a reprodução de um modelo de desenvolvimento urbano que espelha o fracassado sucesso de grandes cidades feitaspara poucos, como Dubai ou Miami: as grandes construtoras dominam o nosso solo, capitalizando a paisagem e segregando a urbe.

O escravo da Casa Grande e o desprezo pela esquerda

Por Mauro Iasi. 
Malcom X comparou, certa vez, os negros que defendiam a integração na sociedade norte americana com escravos da casa. Para defender suas pequenas posições de acomodação na ordem escravista, buscavam imitar seus senhores, copiar seus maneirismos, usar suas roupas, sua linguagem, adotando o nome da família de seus senhores. Daí o “X” no lugar do sobrenome do revolucionário norte americano.
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Não é de se estranhar que os escravos da Casa Grande se incomodassem com as revoltas vindas da Senzala, pois poderiam atrapalhar sua instável acomodação, sua sobrevivência subserviente.
Dois textos recentes me chamam a atenção, não sei se produzidos pela mesma pena, mas certamente movidos pelo mesmo ódio e desprezo contra a esquerda em nosso país. Um deles é de autoria do sociólogo Emir Sader neste blog (“Não é a Copa, imbecil, são as eleições), que recentemente comparou os manifestantes a cachorros vira-lata, outro é o editorial do Brasil de Fato de 03/06/2014 (“Eleições presidenciais e o papel do esquerdismo“) que, não contente em se aliar ao campo de apoio a Dilma, abriu as baterias contra a esquerda – aquela mesma que em muitas situações apoiou esse jornal, não apenas nas campanhas para sua sustentação, mas participando de seu conselho editorial e apoiando nos momentos mais difíceis.
Tanto o sociólogo como o jornal têm o direito de apoiar quem quiserem, de emitirem suas opiniões, mas o que nos chama a atenção é a necessidade de atacar a esquerda e a forma deste ataque. Como em todo o debate que busca fugir do mérito da questão (talvez pela dificuldade em realizar o debate neste campo) lança-se mão de estigmas. É preciso caracterizar os oponentes como “esquerdistas”, “minorias”, “intelectuais vacilantes da academia”, ou mais diretamente de “imbecis”.