"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Comitê Central do PCB admite a possibilidade de aliança com o PSOL nas eleições de 2010

* Ivan Pinheiro
As últimas duas semanas me obrigaram a uma das mais difíceis reflexões da minha vida de militante. Até então, fui um dos grandes entusiastas da chapa própria do PCB para a Presidência da República, em razão da impossibilidade de constituição da Frente de Esquerda e de outros fatores.
Percorri este ano 17 Estados brasileiros (alguns mais de uma vez) e em todos eles pude sentir o orgulho e a auto-estima da nossa militância, por termos candidato próprio no âmbito nacional.
Era fácil perceber o consenso em torno da decisão. Não é para menos. Depois de 18 anos de reconstrução, o PCB se encontra no seu melhor momento, em termos de possibilidades de crescimento com qualidade.
Defendi na reunião do Comitê Central encerrada hoje a possibilidade de mudança desta política, a depender de algumas garantias e dos resultados da continuidade das negociações em torno de propostas que o PSOL nos tem apresentado, em relação às quais, a partir de amanhã, uma comissão composta pelo CC apresentará ponderações e contrapropostas decididas em nossa reunião.
A decisão pela continuidade dos entendimentos com o PSOL foi aprovada, após amplo processo de reflexão, debate e convencimento mútuo, num clima maduro em que se analisaram as perspectivas para além das eleições deste ano e os custos e benefícios da decisão.
Em linhas gerais, as propostas apresentadas formalmente pelo PSOL incluem, entre outros aspectos, o candidato a Vice do PCB, com tempo na televisão e protagonismo destacado; coordenação de campanha em condições de igualdade; programa político a ser construído em seminários amplos; coligações no âmbito estadual de livre decisão dos dois partidos, caso a caso; esforços conjuntos para a manutenção e ampliação da frente de caráter anticapitalista para além das eleições; participação política conjunta em mandatos parlamentares conquistados; campanha em movimento, com conselho político que incorpore outras organizações políticas e sociais.
O Comitê Central tem consciência do impacto que a notícia de uma eventual coligação com o PSOL, se efetivada, poderá provocar em nosso meio e em nosso entorno: perplexidade, dúvidas e até desconfianças. O mais complicado é que este cenário pode se dar a poucos dias do encerramento do prazo para registro de candidaturas.
Devo reconhecer que meu discurso durante a pré-campanha contribui para esta perplexidade. Como estava convencido de que não haveria possibilidade de constituição da aliança, reafirmei o tempo todo, com veemência, que a nossa chapa própria nacional era irreversível.
Mas, se a aliança vier a se concretizar, tenho certeza de que o PCB é maduro para compreender politicamente as razões da decisão, superar a perplexidade inicial e se dedicar como um todo à campanha eleitoral, com o mesmo entusiasmo e a mesma energia que teríamos com a chapa própria.
Com a responsabilidade que exerço hoje, por delegação do PCB, e como nosso candidato a Presidente, não posso deixar de externar a minha opinião.
O orgulho natural de ser o candidato a Presidente da República pelo PCB não pode se sobrepor à reflexão serena e responsável do que é melhor para o Partido. E o melhor para o Partido é sempre o que é melhor para a revolução socialista brasileira. É preciso olhar para além de 3 de outubro de 2010!
Até recentemente, era consenso no Comitê Central que alguns fatores importantes inviabilizavam a coligação, como registramos na Nota Política “Por que o PCB vai apresentar candidatura própria nas eleições presidenciais”:
- O trauma das eleições de 2006, em que a candidata a Presidente não respeitava coordenação de campanha nem acordos, subestimava a necessidade de um programa e falava o que lhe vinha à cabeça, além de privilegiar na campanha candidatos de sua preferência pessoal;
- A dissolução, após as eleições, da Frente de Esquerda, que não passou de uma coligação eleitoral;
- O exercício personalizado dos mandatos parlamentares conquistados pela coligação;
- A postura errática do PSOL, desde setembro do ano passado, para a escolha de sua candidatura à Presidência, que passou pela aposta em Heloísa Helena, pela ilusão em Marina Silva e por uma dramática disputa interna que parecia deixar seqüelas de difícil superação.
Por outro lado, havia entre nós a avaliação de que os setores sindicais do PSOL iriam compor uma central sindical/popular com o PSTU, dentro de um acordo que poderia levar a uma coligação eleitoral entre esses dois partidos.
Outra avaliação que tínhamos era de que, em função das seqüelas das disputas internas, a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio poderia ser “cristianizada” por parte importante do PSOL, que se alinhara em torno de outra candidatura na disputa interna e que esse partido passaria por uma crise desagregadora.
No entanto, fatos e informações recentes nos indicam que houve importantes alterações neste quadro:
- O Congresso em que se criaria a nova central encerrou-se com uma divisão de complexa reparação.
- O PSOL recompôs sua unidade dentro da diversidade mais cedo que esperávamos e a candidatura Plínio unificou todas as correntes nacionais do partido, à exceção de um grupo regional que gravita em torno da candidata ao Senado por Alagoas.
Estes fatores levaram a CPN a reavaliar o quadro político, sem paixão, corporativismo ou autoproclamação, à luz das Resoluções do XIV Congresso, já que a nossa política eleitoral é condicionada à tática e a estratégia da revolução brasileira.
Desta forma, na semana passada, a CPN resolveu convocar a reunião do CC que hoje se encerrou e, aceitando a proposta do PSOL de continuar o diálogo, constituiu uma comissão específica para participar destes entendimentos, que se desdobraram por toda a semana passada, resultando na apresentação, por parte do PSOL, de uma proposta formal. O Comitê Central considerou positiva, mas insuficiente em alguns aspectos, a proposta apresentada e resolveu dar curso aos entendimentos.
A orientação do CC é no sentido de autorizar uma comissão de entendimentos a avançar na negociação, procurando fazer com que o acordo seja bom para ambas as partes e possa ser celebrado até esta quarta-feira.
Segundo a posição aprovada na reunião do CC, a aliança eleitoral com o PSOL nestas eleições pode criar um patamar elevado para estreitar a unidade de ação, em nosso país, nas lutas contra-hegemônicas, diante da ofensiva do capital, o que pode ter reflexos positivos no relacionamento entre nossos partidos e militantes, no ambiente sindical e operário, no movimento estudantil e entre a juventude trabalhadora, na solidariedade internacionalista e em outras frentes de luta.
Uma vez concretizada, esta aliança eleitoral pode contribuir para a atração de um pólo importante para a constituição da frente anticapitalista, se formos capazes de influir no sentido de uma campanha movimento em que, nas lutas concretas com os diversos movimentos políticos e sociais e personalidades do campo socialista, possamos ir criando um clima de unidade e debatendo um programa comum. A parceria eleitoral pode ajudar na transformação da frente num espaço permanente de consultas, acordos e lutas comuns.
Neste momento, temos que ter maturidade para perceber que esta aliança tem elementos táticos e estratégicos importantes e que não tem contradições com a necessidade de reconstruir revolucionariamente o PCB.
A maturidade que caracteriza os comunistas está acima dos raciocínios do curto prazo e do espírito de corpo; devemos privilegiar o que é melhor para o proletariado, para derrotarmos nossos inimigos de classe e para a revolução socialista.
Ivan Pinheiro
Secretário Geral do PCB (Partido Comunista Brasileiro)
27 de junho de 2010

Obs.: este texto foi aprovado pelo Comitê Central do PCB.

Israel ameaça frear a chegada de nova frota humanitária a Gaza

junho de 2010

Apesar da forte condenação por parte da comunidade internacional depois do ataque à flotilha humanitária, Israel continua seu assédio para frear toda ajuda possível para o povo de Gaza. Várias nações como o Irã, o Líbano, Alemanha, entre outras, já anunciaram o envio de novos navios a partir desta semana para levar alimentos e equipamentos para os palestinos. Para o Governo Israelense as embarcações não levam ajuda mas "provocações terroristas".

Há pouco mais de duas semanas de ocorrido o ataque israelense à Flotilha da Liberdade onde morreram, segundo cifras oficiais, nove ativistas, enquanto que outros 30 ficaram feridos, o Governo de Israel disse que não mudou sua política e que está alerta para frear a chegada de novas flotilhas que tentam levar ajuda ao povo de Gaza.


"O Governo não mudou sua política (...) Todas as agências e ministérios estão em alerta e acompanham de perto os acontecimentos" para frear a chegada de novos navios, disse o porta-voz do Ministério do Exterior israelense, Andy David.


O envio de novas embarcações à Faixa de Gaza partirá do Irã, pais que anunciou que mandará dois barcos carregados com ajuda humanitária recolhida pela Meia Lua Vermelha (movimento internacional da Cruz Vermelha na República islâmica).


O primeiro navio iraniano partiu nesta segunda-feira e a previsão é de que a segunda embarcação poderia empreender viagem neste fim de semana.


Ainda assim, o Líbano anunciou também o envio de um navio fretado pelo Movimento Gaza Livre e pela organização Repórteres sem Fronteiras, que poderia partir nesta mesma semana para Gaza, cidade que vive há três anos um forte bloqueio econômico imposto por Israel e Egito, que gerou uma forte crise para os palestinos.


O movimento islâmico libanês Hezbolah também está organizando uma flotilha com o apoio da Síria, segundo informou um jornal israelense.


No sentido de enviar novos navios a Gaza para romper o cerco econômico que Israel mantém na cidade palestina, o porta-voz israelense do Ministério do Exterior disse que "o fato de que haja flotilhas enviadas pelo Hesbolah e pelo Irã demonstra que se trata de provocações terroristas, de um esforço coordenado das organizações yihadistas e não de iniciativas humanitárias".


"É lamentável que haja pacifistas genuínos" que estão sendo enganados pelas "organizações radicais" que impulsionam as flotilhas, completou David.


Para o próximo dia 12 de setembro o movimento Viva Palestina (com sedes no Reino Unido, Turquia, Estados Unidos, Malásia e Líbano) e o Comitê Internacional para Romper o Bloqueio a Gaza, anunciou a saída para a data antes mencionada de um comboio terrestre e outro marítimo para enviar ajuda aos palestinos.


O carregamento por terra partirá de Londres e atravessará a Europa, a Turquia e a Síria recolhendo carros, caminhões e voluntários com o objetivo de chegar a 500 veículos, que tentarão entrar em Gaza por Rafah, na fronteira com o Egito.


Por outro lado, o comboio marítimo pretende chegar a sessenta embarcações, que se unirão à flotilha inicial durante suas paradas em vários portos do Mediterrâneo. Com intenções de ajudar a Gaza, a Alemanha se diz presente também assim a organização Judische Stimme (voz Judia) anunciou o envio de um barco com passageiros israelenses com ajuda escolar e instrumentos musicais para as crianças palestinas.


Israel pediu aos países da União Europeia (UE) que impeçam a saída, de seus portos, dos barcos que tentam ajudar a cidade de Gaza e assim romper o bloqueio econômico de Israel, que tem como fim asfixiar o movimento islâmico hamás.


Na madrugada de 31 de maio, forças israelenses atacaram a Flotilha da Liberdade que levava alimentos, equipamentos, ajuda médica e materiais de construção para Gaza, visto que estruturas como hospitais e escolas foram derrubadas ou ficaram em mal estado depois dos ataques de 2008 e 2009 através da operação Chumbo Fundido.


Nesta operação as forças de Israel deixaram mais de mil e quatrocentos palestinos mortos e cinco mil feridos, em sua maioria civis, além de milhares de casas e edifícios públicos destruídos.


http://www.laestrellapalestina.com

Traduzido por Leonardo Victor

56% DOS COLOMBIANOS NÃO VOTARAM...

...ENTRE OS QUAIS ALFONSO CANO E OS GUERRILHEIROS DAS FARC-EP

O novo governo que chama à "Unidade Nacional" porque sabe que os votos fictícios resultados da política de "um milhão de sapos" (informantes), das moto-serras dos paramilitares das "Águias Negras", "Famílias em Ação" e dos guarda-bosques, dos "falsos positivos" (assassinatos de civis travestidos de guerrilheiros abatidos em combate), como sua cumplicidade com a justiça eleitoral para fazer aparecer números inflados, não foram atingidos como esperavam e cada vez mais está deslegitimada a "democracia" colombiana. Não restou outra alternativa a Santos a não ser convocar-se entre eles mesmos, algo parecido como uma Frente Nacional da época da ditadura do general Rojas Pinilla. Isto porque precisam de todo o aparato do Estado para combater cerca de 17 milhões de cidadãos que não estão de acordo com o Estado narcoparamilitar construído durante estes 8 anos de governo de Uribe.


O mais triste continua sendo o discurso guerreirista de Juan Manuelito. Como se sente apoiado pelas 7 bases ianques que trouxeram para defender sua administração e desestabilizar os governos verdadeiramente progressitas na América Latina, se jacta em dizer que "o tempo das FARC acabou", da mesma forma que disse Uribe há 8 anos e todos os governos em 46 anos.


Se não há diálogo, como ameaça quem vai ser presidente dos colombianos, a resistência se agudiza. Hoje os colombianos devemos empreender a rota emancipadora pela definitiva independência. Cada homem, mulher, criança, ancião devemos desempenhar um papel decisivo para encurralar o novo títere dos norte-americanos, Juan Manuel Santos, que já vemos desgastado com um discurso que não convence a não ser a sua família e aos traidores, como seu vice-presidente, o ex-esquerdista e oportunista Angelino Garzón.


Os quatro anos do período presidencial 2010-2014 acarretarão consigo uma forte ofensiva popular, boicotando as bases militares gringas, organizando as mobilizações, preparando a insurreição. Esta será uma administração nervosa porque das milhões de pessoas que não votaram, que votaram em branco ou anularam seus votos, aí estão os que se somarão à resistência. Santos se cuidará, inclusive, de quem lhe servir café porque este governo que culmina e do qual foi partícipe, deixou mais inimigos do que amigos.


Santos prometeu intensificar a guerra e a resposta será a guerra de todo o povo. Assim, deste modo, junto com o povo insurreto das FARC-EP se esboça a plataforma de 10 pontos que estabelece o Governo de Reconciliação Nacional que propôs as FARC durante anos, cuja proposta evidencia uma verdadeira vocação de paz.


A oligarquia vende-pátria santanderista (seguidora do general Santander, traidor de Bolívar) continua expressando sua condição fascista. As promessas de Santos são o manual elaborado em Washington para calar os magistrados do judiciário; são também a negociação entre cúpulas de partidos decadentes para acabar de se impor aos congressistas que, até a estas alturas, não se sabe qual é a formação do parlamento, graças aos malabarismos fraudulentos das eleições passadas. Para continuar apostando na impunidade perante os crimes de lesa-humanidade cometidos por agentes da força pública.


Santos é um delinquente procurado pela Justiça Equatoriana, que se fez presidente para obter imunidade. Este ser sádico cuja expressão facial reflete maldade (chucky, o brinquedo assassino), recorre ao agradecimento a Uribe porque este abriu a porta ao mundo das máfias que ele não havia conseguido por si mesmo, colocando-o como o segundo no comando de suas tropas paramilitares, inclusive acobertando-lhe a ação terrorista de Sucumbios (ataque ao Equador em 1 de março de 2008), que em seguida Uribe, como cachorro com o rabo entre as pernas, teve que dar a cara na República Dominicana.


Não restam dúvidas, o governo que se avizinha merece que o povo tome uma decisão para:


Enfrentar com audácia a continuidade do fascismo; Retirar as bases militares gringas de nosso território; Denunciar a ilegitimidade do Congresso e do Governo; Fazer com que o governo Santos seja o mais curto da Colômbia, não o deixando governar.


Então, assim, com o pensamento e o exemplo de homens como Bolívar e Manuel Marulanda, vamos construindo o novo poder. Somente na luta decidida estamos abrindo caminhos para a nova alvorada. 200 anos desde a revolta comuneira passando pelo grito de independência, estamos fazendo história para fazer a Nova Colômbia.

Recentemente proclamada a espalhafatosa "vitória" eleitoral do homem cujo sorriso faz lembrar o palhaço publicitário da Mac Donald’s, os cerebrados magos intelectuais da análise política sairam para cultuar seu novo presidente Santos, que de "santo" só tem o sobrenome, já que pelo resto o diabo ficou pequeno diante das atrocidades criminosas na confraria narco-mafiosa, com Álvaro Uribe na cabeça.

Transcrito de El Samaritano/Partido Comunista Clandestino Colombiano - PCCC ABP 23/06/10

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nada é impossível de mudar!!!

Em tempos que a forma se sobrassae ao conteúdo, onde a vida está cada vez mais desumanizada,

onde a regra é se vender, um pouco das poesias de Bertold Brecht são vitais para a critica do cotidiano.



"a crítica não arranca flores imaginárias dos grilhões para que os homens suportem os grilhões sem fantasia e consolo, mas para que se livrem deles e possam brotar as flores vivas".

Karl Marx em Crítica da Filosofia do Direito de Hegel - Introdução



Segue as poesias de Bertold Brecht.


O analfabeto político
"O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."


Elogio da Dialética
A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.


Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.

Só a força os garante.

Tudo ficará como está.

Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.

No mercado da exploração se diz em voz alta:Agora acaba de começar:

E entre os oprimidos muitos dizem:Não se realizará jamais o que queremos!

O que ainda vive não diga: jamais!

O seguro não é seguro.

Como está não ficará.

Quando os dominadores falarem falarão também os dominados.

Quem se atreve a dizer: jamais?

De quem depende a continuação desse domínio?

De quem depende a sua destruição?Igualmente de nós.

Os caídos que se levantem!

Os que estão perdidos que lutem!

Quem reconhece a situação como pode calar-se?

Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.

E o "hoje" nascerá do "jamais".


Elogio do Revolucionário
Quando aumenta a repressão, muitos desanimam.

Mas a coragem dele aumenta.

Organiza sua luta pelo salário, pelo pãoe pela conquista do poder.

Interroga a propriedade:De onde vens?

Pergunta a cada idéia:Serves a quem?

Ali onde todos calam, ele fala

E onde reina a opressão e se acusa o destino,ele cita os nomes.

À mesa onde ele se sentase senta a insatisfação.

À comida sabe mal e a sala se torna estreita.

Aonde o vai a revolta e de onde o expulsam persiste a agitação.

Acredite Apenas
Acredite apenas no que seus olhos vêem e seus ouvidos Ouvem!

Também não acredite no que seus olhos vêem e seus Ouvidos ouvem!

Saiba também que não crer algo significa algo crer!

Privatizado
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar.
É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence."


Quem se Defende
Quem se defende porque lhe tiram o arAo lhe apertar a garganta,para este ha um paragrafoQue diz: ele agiu em legitima defesa.MasO mesmo paragrafo silenciaQuando voces se defendem porque lhes tiram o pao.E no entanto morre quem nao come,e quem nao comeo suficienteMorre lentamente.Durante os anos todos em que morreNao lhe e permitido se defender.

A Exceção e a Regra

Estranhem o que não for estranho.

Tomem por inexplicável o habitual.

Sintam-se perplexos ante o cotidiano.

Tratem de achar um remédio para o abuso

Mas não se esqueçam de que o abuso é sempre a regra.


Os que lutam
"Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons;Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons;Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda;Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis."


Ah! Desgraçados!

Um irmão é maltratado e vocês olham para o outro lado?

Grita de dor o ferido e vocês ficam calados?

A violência faz a ronda e escolhe a vítima, e vocês dizem: "a mim ela está poupando, vamos fingir que não estamos olhando".

Mas que cidade? Que espécie de gente é essa?

Quando campeia em uma cidade a injustiça, é necessário que alguem se levante.

Não havendo quem se levante, é preferível que em um grande incêndio,toda cidade desapareça,antes que a noite desça.


De que serve a bondade
1
De que serve a bondade

Se os bons são imediatamente liquidados,ou são liquidados

Aqueles para os quais eles são bons?

De que serve a liberdade

Se os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão

Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam?
2


Em vez de serem apenas bons,esforcem-se

Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade

Ou melhor:que a torne supérflua!

Em vez de serem apenas livres,esforcem-se

Para criar um estado de coisas que liberte a todos

E também o amor à liberdade

Torne supérfluo!

Em vez de serem apenas razoáveis,esforcem-se

Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo

Um mau negócio.

Nada é Impossível de Mudar

Desconfiai do mais trivial , na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente:

não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,

pois em tempo de desordem sangrenta,

de confusão organizada,

de arbitrariedade consciente,

de humanidade desumanizada,

nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

ISRAEL: Selvageria Tolerada


(A Jornada)
O sangrento assalto empreendido por militares israelenses contra uma flotilha de seis embarcações que tinha como propósito levar ajuda humanitária à população no cerco de Gaza - que deixou um saldo de 19 ativistas mortos e dezenas de feridos - é consequência das inaceitáveis margens de impunidade que os Estados Unidos e a Europa ocidental outorgaram ao regime de Tel Aviv para que cometa toda sorte de crimes de guerra, atropelos e violações dos direitos humanos, não somente contra os palestinos em sua própria terra, mas também contra qualquer expressão de solidariedade para com esse desafortunado povo. Os governos israelenses sabem que podem cometer qualquer delito, em qualquer lugar do mundo, sem que isso lhes acarrete consequências negativas.


Como é seu costume, a propaganda oficial de Israel apresentou os agredidos como agressores e os acusou de haver atacado, golpeado e apunhalado os militares que tomaram de assalto as embarcações e dispararam indiscriminadamente contra quem se encontava nelas.

Tais falsificações propagandistas mostram, claramente, que o ataque contra as embarcações humanitárias não foi um caso isolado de descontrole, mas consequência de uma decisão de Estado, a qual não se pode ver nenhum propósito a não ser jogar por terra os esforços diplomáticos que vinham sendo realizados com o intuito de aliviar, caso fosse, em uma mínima medida, a desocupação depredadora na Cisjordânia e o cerco israelense contra Gaza, cuja população vem sofrendo atos de genocídio que evocam, de maneira inevitável, a circustância terrível dos judeus que foram amontoados e massacrados pelos nazistas no gueto de Varsóvia.

Nesta perspectiva, as balas que tiraram a vida de mais de uma dezena de ativistas pró-palestinos deveriam ter sido dirigidas em última instância, e em forma por demais certeira, contra a política para Oriente Médio empreendida pela administração de Barack Obama.

A indignação mundial gerada pela agressão contra a Flotilha da Liberdade, caracterizada por governos e organizações sociais como um ato de terrorismo de Estado, não basta, no entanto, para frear a impunidade com a qual foi conduzido desde sempre o governo israelense. As manifestações e as mostras de repúdio contra as ações criminosas desse regime parece haver gerado um umbral de tolerância que permite Tel Aviv continuar com seus crimes de guerra, inclusive em meio ao rechaço planetário.

Este fenômeno faz com que seja necessário redirecionar os esforços sociais de solidariedade para os palestinos e reformulá-los em exigências concretas aos governos dos Estados Unidos e Europa ocidental. As notas diplomáticas devem ser substituídas por sanções políticas e econômicas concretas, assim como por ações judiciais orientadas a levar aos governantes de Israel à instâncias internacionais de justiça. Cabe recordar, neste ponto, a dupla face que caracterizou a conduta das nações ricas do ocidente, as quais arrasaram o Iraque e a Sérvia, e submeteram a juri seus ex-governantes, por atrocidades não muito diferentes das que Israel cometeu na Palestina ocupada e em outras partes do mundo.

Se Washington e a Unição Européia permitirem que a agressão perpetrada em águas internacionais contra as embarcações civis que se dirigiam à Gaza em uma missão humanitária, fique impune, anulam com isso seus discursos em favor da legalidade internacional, dos direitos humanos e da justiça, e o mundo avançará, não rumo à civilização, mas rumo á selvageria.

Traduzido por: Leonardo Victor Dias

A FACE OCULTA DO FUTEBOL

Laurindo Lalo Leal Filho
A TV Brasil e a TV Câmara mostraram alguns aspectos da face do futebol que é ocultada pela TV comercial. Sócrates, o capitão da seleção brasileira de 1982 e o jornalista José Cruz, levantaram algumas pontas do véu que cobre, não apenas o futebol, mas grande parte de toda a estrutura esportiva existente no Brasil.
Está no ar o maior espetáculo de televisão. Em audiência nada bate a Copa do Mundo. Na Alemanha, em 2006, os 64 jogos foram vistos por 26 bilhões de telespectadores, número que neste ano pode alcançar os 30 bilhões.
São 60 bilhões de olhos vendidos pela FIFA para as emissoras de TV comercializarem com os seus anunciantes. As cifras envolvidas em dinheiro são estratosféricas. Ganham a Federação internacional, as empresas de televisão e os anunciantes reforçando marcas e alavancando a venda de produtos e serviços.
Um ciclo perfeito, onde nada pode ser criticado. Normalmente, a TV no Brasil não critica os jogos transmitidos já que, dentro da lógica empresarial, seria um contrasenso mostrar defeitos do próprio produto. E o futebol, para a TV, nada mais é do que um dos seus produtos, assim como as novelas e os programas de auditório.
Dessa forma se todos ganham e não há criticas, o grande espetáculo do futebol, em sua dimensão máxima que é a Copa do Mundo, chegaria as raias da perfeição. Pelo menos é que mostra a TV.
Mas, e ainda bem que há um mas nessa história, a TV Brasil e a TV Câmara mostraram no programa VerTV alguns aspectos da face do futebol que é ocultada pela TV comercial. Sócrates, o capitão da seleção brasileira de 1982 e o jornalista José Cruz, levantaram algumas pontas do véu que cobre, não apenas o futebol, mas grande parte de toda a estrutura esportiva existente no Brasil.
Para começar não é verdade que todos ganham. Há quem perca, e são muitos. Por exemplo, os jovens que por força da TV associam desde cedo o sucesso esportivo com o consumo de cerveja. Ou desprezam o estudo, uma vez que seus ídolos não precisaram dele para alcançar a glória e a fama.
No programa, Sócrates foi enfático: “A TV vende o sonho do consumo. Vende atitude, aparência, comportamento, moda. Mas, é incapaz de vender educação. E vender esporte sem educação é um crime. Mostram ídolos do futebol que não estudam e são um péssimo exemplo para a sociedade. E não por culpa deles apenas. O sistema estimula que saiam da escola”.
Afirmação que desperta uma curiosidade. A mídia revela diariamente minúcias da vida dos jogadores. Onde vivem, que carros possuem, como são suas casas e suas famílias. Só não dizem até que ano estudaram, em quais escolas, como eram enquanto alunos. Por que será? Sócrates responde: “a ignorância dos jogadores é estimulada pelo sistema. A ele não interessam profissionais com possibilidade de critica”.
O jornalista José Cruz mostra outras perdas. De toda a sociedade. Por exemplo, com a irresponsabilidade dos dirigentes esportivos nos clubes, federações e confederações. Embora privadas, essas entidades recebem dinheiro público e, por isso, deveriam prestar contas publicamente. “As loterias esportivas repassam dinheiro para o futebol. A Timemania está hoje tapando o buraco das dívidas fiscais dos clubes produzidas por dirigentes irresponsáveis”.
E mostra outras perdas sociais. A do dinheiro público desperdiçado, por exemplo, nos Jogos Panamericanos do Rio, em 2007. Dá dois exemplos retirados do relatório do Tribunal de Contas da União: “a compra de 5 mil tochas para serem acesas no evento, das quais só chegaram 500 e, ainda assim apenas 380 foram aproveitadas e a descoberta, depois dos Jogos, pelos auditores do TCU, de 880 caixas contendo aparelhos de ar condicionado que sequer foram abertas. E tudo isso segue impune”.
Tanto Sócrates, como José Cruz, alertam para o fato da seleção nacional e dos seus jogos serem eventos públicos que, no entanto, estão totalmente privatizados. “A seleção brasileira – que usa as cores, o hino e a bandeira do nosso pais – deveria ter parte de suas receitas revertidas para o futebol brasileiro, muito pobre em várias regiões do Brasil”, diz o jornalista.
Sócrates lamenta o volume de recursos jogados fora pela falta de uma política esportiva de Estado. Para ele “o esporte deveria ser um braço da saúde e da educação. Se não ele fica solto” e aponta a deficiência dos cursos de Educação Física: “não há um que trate o esporte com viés comunitário. É tudo individualista”.
E há mais. Quem quiser saber basta entrar no site da
TV Câmara, clicar em “conhecer os programas” e depois no VerTV. Lá revela-se um pouco do que a TV comercial teima em ocultar.
Carta Maior - terça-Feira, 15 de Junho de 2010
DEBATE ABERTO
Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial).

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Roberto Numeriano: Verde que te quero verde

Roberto Numeriano
A bandeira ambientalista é uma das grifes mais atraentes para aquela parcela do eleitorado que pensa ser possível definir o seu voto num espaço acima de condicionantes político-ideológicas. Trata-se, esta idéia, de uma mistificação em si mesma ideológica, e com implicações políticas perigosas, na medida em que a retórica ambientalista tende a ler o universo dos problemas ambientais como fenômenos redutíveis a uma causa explicativa única. Esta causa seria o ser humano ou a humanidade, situados aqui como irracionais e predadores. Um ser interpretado “fora da história”, naturalizado ele próprio como um “espírito” que destroi a si e ao ambiente.
O efeito dessa mistificação é considerável como potencial desmobilizador e / ou bloqueador de uma crítica política aos graves problemas que afetam a natureza e o homem. Não é por acaso que, salvo raras exceções, os partidos “ecologistas” formulam seus programas sem uma central e fundamental crítica / denúncia ao modelo de produção capitalista, este sim degradante do ser do homem (dado que aliena-o de sua condição humana), e dos elementos da natureza (dado que tudo deve ser transformado em mercadoria).
Transformada, sob a percepção politicamente alienada, numa marca para consumo de gente bem intencionada, cheia de amor pra dar pelo bem da mãe-terra e de seus pobres habitantes irracionais, a causa ambientalista ganha então a simpatia geral dos que, aparentemente acima de quaisquer ideologias, seja o político ou o eleitor, estão prontos a apoiar iniciativas e planos com selos verdes, sustentáveis etc. E então, afinados num coro quase religioso, imbuídos de uma fé deslumbrada na ilusão de salvar a terra sem combater o modo de produção capitalista, parecem todos querer a mesma coisa – do empresário e sua cantilena da sustentabilidade ambiental (em geral, hipócrita) ao político verde e seu discurso cheio de soluções para os efeitos, mas nunca atacando as causas.
Esta atitude angaria simpatias, mas é inócua do ponto de vista prático. As justas e legítimas bandeiras do ambientalismo merecem o apoio de todos, mas e daí? Na prática, alguma vitória pontual pela preservação dos ecossistemas, se não articulada com o desmonte do modelo econômico cuja filosofia é a do lucro a qualquer custo (predando a natureza e o homem), significará nada, pois a cada “selo verde” correspondem dezenas de empresas com seus selos podres. Ou seja, o modo de produção vigente degrada a vida natural e o ser do homem numa progressão geométrica que os verbos e gestos do ambientalismo alienado jamais conseguirão bloquear.
Uma outra dimensão do ambientalismo como grife de consumo é operar simbolicamente a ideologia da participação: plantam-se árvores; o Greenpeace finca sua logomarca nos quatro cantos do mundo; parlamentares “verdes” são eleitos; salvam-se as ararinhas azuis e os micos-leões-dourados etc. Mas e daí? Se tudo se esgota no e pelo ambiente, do que participamos e o que pretendemos, objetivamente?
O curioso é que a própria dimensão política da ação dos ambientalistas é em si mesma uma camisa de força que estes, talvez sem perceberem, alimentam na medida em que a mídia repercute tais ações reativas. E assim o ambientalismo, cada vez mais, torna-se auto-referente, amestrando suas agendas segundo a boa recepção dos formadores de opinião das mídias. O círculo se fecha na forma de um discurso repetitivo e restrito, em cuja essência vê-se operando uma fraude ideológica. Esta fraude provoca graves efeitos: bloqueia a formação de uma consciência crítica que transcenda a retórica reducionista e ao mesmo tempo torna absoluta uma visão instrumental desse homem que, desnaturalizado, precisa de ecossistemas salvos e equilibrados, mas não precisa ser salvo para esses mesmos ecossistemas. O ser do homem do ambientalismo alienado é um ser também natural, quase um espírito hegeliano que sobrepaira a terra, alheio à história, imune às contradições e conflitos da ordem econômica capitalista.
Não admira que os partidos verdes, em quase todos os países onde estão organizados, cada vez mais perfilam com agrupamentos e partidos cujas agendas políticas são ideologicamente conservadoras, embora com discursos modernosos, fazendo juras de amor à mãe-terra. Por oportunismo político, derivada da degeneração ideológica, buscam o voto a qualquer custo, mesmo com grupos que simbolizam a defesa de um sistema econômico predador da vida humana e da natureza. O verde dos verdes é cada vez mais cinza...
Roberto Numeriano é cientista político (UFPE), jornalista, membro do Comitê Central do PCB e da direção estadual do PCB-PE.

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