Há um problema comum que toca as organizações comunistas: o grande desinteresse e falta de participação popular em seus espaços, sejam eles cotidianos como reuniões ou em algum evento específico extraordinário. Em algumas situações, nesse último caso até consegue-se alguma quantidade razoável de pessoas se comparado ao primeiro, porém tal número ainda é inexpressivo e fugaz para alguém que almeja uma transformação social em que a massa é a força do processo; e mesmo assim isso só é conseguido na condição de certa capacidade organizativa e de propaganda da tal instituição política. Como não podia ser diferente, essa situação se vê também no movimento estudantil. No dia a dia dos diretórios acadêmicos, DCE's, juventudes de partidos, está a difícil e desgastante batalha de promover espaços os quais sejam presenciados pela base estudantil; e quando algum grupo de estudantes ocupa algum ambiente repetidas vezes, vêm à tona todos os malabarismos para mantê-lo coeso e sem evasão. Além dessa unidade pretendida ser importante para se manter um núcleo de estudantes que pensem política dentro da universidade, a solidez (ou falta dela) desse grupo é o que pode determinar a qualidade de ação dentro do movimento. Sem isso, fica difícil por exemplo se falar em organização ou plano de lutas.
Esse quadro se dá porque a militância é, de fato, difícil. Todos(as) os(as) estudantes têm obrigações específicas de sua atividade que já ocupam demasiadamente seu tempo. A pessoa que queira estudar de forma séria e se desenvolver intelectual ou profissionalmente já vê as vinte e quatro horas diárias como insuficientes. Uma das dificuldades de mobilização está no fato que uma pessoa sem profundas convicções na atuação política dificilmente vai dedicar a preciosa parte do seu dia, o que sobrou das atividades estudantis, em alguma reunião que de forma imediata não vai lhe trazer benefício algum. As organizações políticas cometem um grande erro tático ao pretender que grande número de estudantes despertem em si, de forma despretensiosa, o espírito militante. Uma vez que a pessoa ingressa na universidade, a menos que tenha a convicção política dita acima1, o seu grande e possivelmente único objetivo passa a ser se formar e conseguir um emprego; qualquer coisa além disso e que, ainda mais, não ofereça nenhum benefício a curto prazo, dificilmente vai chamar sua atenção. E esse é o caso da militância política.