México - [Paula Cervelin Grassi] Ultimamente tenho escutado o alerta do quanto "Frida está pop". Afirmação que ao ressoar em meu corpo, remete a associações e indagações.
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Uma das minhas primeiras reações é a lembrança do também "pop" Che Guevara. Surge assim a primeira questão: Frida Kahlo já se tornou um mito de consumo? Segundo Claúdio Carvalhaes, está há anos em curso (assim como em Che) o processo de esvaziar as referências políticas, culturais e revolucionárias de Frida para ficar palatável ao consumo regrado de beleza norte americano. Pergunto assim, a quem interessa que a memória de Kahlo não seja associada às suas opções políticas ou, quando exposta, de forma muito rasa. É comum citar que a artista tinha aspirações revolucionárias sem titulá-las ou, quando definidas, ligadas aos seus relacionamentos afetivos. Como se seu interesse político partisse ou fosse compreendido através da sua vida amorosa. Mas então, quais foram as referências políticas de Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderon Rivera? Quais os registros do seu interesse político e social?
Uma primeira evidência das suas ideias políticas é sua opção pelo ano de nascimento. A artista nasceu em 6 de julho de 1907 em Coyoacán, Cidade do México, porém em seu diário afirma ter nascido em 1910, ano em que a Revolução Mexicana eclode. Para a pintora também: "La emoción clara y precisa que yo guardo de la Revolución mexicana fue la base para que a los 13 años de edad ingresara em La juventud comunista".
Na Escola Nacional Preparatória, ao entrar em 1922, fará parte do Los Cachuchas, um coletivo político de afeição socialista. Em 1925 se afasta da Escola após o acidente com o bonde que comprometeu sua saúde pelo resto da sua vida. Quando recuperada passa a frequentar reuniões e festas semanais do meio artístico e político e em 1928 filia-se ao Partido Comunista.