Realizou-se em Atenas, de 6 a 10 de abril, o 16º Congresso da Federação Sindical Mundial (FSM). O congresso contou com a participação de 675 delegados efetivos e 225 observadores, vindos dos cinco continentes, representando mais de 80 milhões de trabalhadores ligados a centrais, confederações e federações de diferentes países.
Foi, sem sombra de dúvidas, o evento internacional que reuniu a maior representação sindical classista dos últimos tempos. A tese inicial (Pacto de Atenas) foi amplamente debatida durante três dias, por mais de uma centena de oradores de diferentes nacionalidades. O conteúdo das intervenções versou sobre a crise mundial do capitalismo, que na busca de sobrevida como modelo econômico, ataca povos, depreda o meio ambiente, precariza a contratação da força de trabalho, privatiza serviços públicos além de destruir as redes de proteção social nos quatro cantos do mundo.
Por tudo que foi dito, foi aprovado na resolução final que, para além da ação sindical em defesa dos direitos e das necessidades da classe trabalhadora, está na ordem do dia desenvolver-se de forma globalizada uma ofensiva ideológica que desmistifique a economia de mercado, que vem propiciando uma astronômica concentração mundial de renda de uns poucos bilionários capitalistas enquanto aumenta a miséria, para mais de um bilhão seres humanos.
Em todo o planeta, trabalhadores do campo e da cidade sofrem com o desemprego, assédio moral, falta de terras. Os salários pagos são insuficientes para suprir as necessidades mínimas de uma família. Enquanto isso os governos a serviço do capital, entregam o patrimônio público e destinam bilhões para salvar industriais, banqueiros e latifundiários não só na Comunidade Européia, mas em todos os continentes.
A questão das lutas no Oriente Médio e as guerras no Afeganistão, Iraque e Líbia foram muito discutidas. Todos foram unânimes na defesa das lutas pela democracia dentro da perspectiva da autodeterminação dos povos. No caso da Guerra da Líbia, a intervenção da OTAN capitaneada pelos Estados Unidos, foi denunciada como sendo uma ação que, ao contrário do que vem sendo anunciado pela mídia capitalista mundial, nada tem de ação humanitária, tratando-se, a exemplo do Iraque, de uma tentativa mascarada de manter sobre o controle das transnacionais, a exploração das reservas de petróleo daquele país. Na visão de muitos oradores, o movimento de oposição ao regime comandado pelo coronel Kadafi começou a ser orquestrada de fora depois do líder líbio ter anunciado a possibilidade da não renovação dos contratos de exploração por parte das empresas estrangeiras. Por fim, todas as guerras imperialistas foram vistas como uma necessidade do capital subjugar nações mantendo sob seu controle riquezas naturais e sob regime de exploração os trabalhadores.
Durante o transcorrer do evento aconteceram diversas ações paralelas: como o encontro de mulheres (representavam 40% das delegadas); por setor de produção; por continentes; entre outras. A delegação do continente americano discutiu sobre a necessidade da criação de novas seções da FSM na América. Houve também um chamado para o encontro sindical continental (ENCUENTRO SINDICAL NUESTRA AMÉRICA) a ser realizado em agosto na Nicarágua. Vários encontros bilaterais também ocorreram. Os Camaradas da Unidade Classista-Intersindical, na condição de observadores, mantiveram contatos bilaterais com representantes de outras delegações.
O camarada Sidney Moura, Secretário Sindical (PCB) e a camarada Marta Barçante, ambos da Coordenação da Unidade Classista (PCB) e da INTERSINDICAL, estiveram presentes ao evento, na condição de observadores, já que a Intersindical não é filiada à FSM. Durante o congresso foram feitos diversos contatos, com destaque para a bilateral com dirigente do PAME. Na oportunidade o Secretário Sindical do PCB propôs um intercâmbio para troca de experiências entre sindicalistas gregos e brasileiros, com o objetivo de trocar experiências e aprofundar relações internacionalistas entre trabalhadores.
Duas atividades importantes aconteceram durante o congresso. Uma das maiores e mais ativa central sindical classista do mundo, O PAME (Grécia) recepcionou os congressista na sede do Partido Comunista Grego (KKE).
A outra foi a homenagem feito pelo PAME a Simon Bolívar, que contou com a participação de representantes de países da América Latina.
O congresso transcorreu num clima fraterno e democrático. As divergências foram resolvidas através votos abertos e às vezes secretos.
O Camarada grego Mavrikos foi reeleito secretário geral da FSM e deverá coordenar as ações de enfrentamento entre capital e trabalho nesta próxima gestão.
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