Laerte Braga
Não há justificativa para a decisão do governo venezuelano do presidente Hugo Chávez de entregar a autoridades colombianas o jornalista Joaquin Pérez Becerra, preso no aeroporto de Maiquetía pela polícia da Venezuela.
Trata-se de um caso de seqüestro puro e simples e Chávez atendeu a um “pedido pessoal” do presidente da Colômbia. Becerra estava refugiado na Suécia, tem nacionalidade sueca e noutra atitude arbitrária o governo venezuelano impediu o cônsul sueco de visitar o jornalista seqüestrado enquanto esteve preso naquele país.
A informação que o governo colombiano teria enviado “documentos oficiais” ao presidente da Venezuela “comprovando” as ligações de Becerra com as FARCs-EP é ridícula.
É só lembrar o episódio do bombardeio feito por forças colombianas contra um acampamento no Equador onde se encontrava e foi morto o chanceler rebelde Raúl Reyes – 2008 –. À época Álvaro Uribe era o presidente da Colômbia e exibiu um notebook pertencente a Reyes contendo informações que “atestariam” a ligação das FARCs-EP com o narcotráfico.
Uribe recusou-se a permitir uma perícia internacional no referido computador, mas semanas depois peritos de todo o mundo afirmaram que o governo colombiano havia colocado informações falsas ali.
O Departamento anti-drogas dos EUA, ainda no governo do terrorista internacional George Bush, acusou o presidente colombiano Álvaro Uribe de ligações profundas com o narcotráfico em seu país e apontou suas ligações com o mega traficante Pablo Escobar (já falecido). Santos, atual presidente da Colômbia era o ministro da Defesa do governo Uribe.
Num julgamento de paramilitares – organização de extrema direita e controladora do tráfico de drogas na Colômbia – no final do ano passado, desmentiu-se outra versão fantasiosa sobre as ligações das FARCs-EP com o narcotráfico. O traficante brasileiro Fernando Beira-mar foi preso junto a paramilitares. O fato acabou vazando no Brasil numa escorregada do jornal O GLOBO, braço do conglomerado terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A na mídia brasileira.
O tráfico de drogas na Colômbia é monopólio do governo, das forças armadas e das instituições policiais.
Milhares de pessoas inocentes morrem todos os anos na Colômbia vítima desses grupos e o pretexto é sempre “ação da guerrilha”.
É incompreensível a decisão do presidente Hugo Chávez. Joga por terra toda a credibilidade em sua revolução bolivariana. Neste momento os ideais de Simon Bolivar foram esquecidos.
Becerra é um jornalista que pertencia à União Patriótica, partido de esquerda que foi exterminado pelos governos colombianos na política terrorista implantada ao longo dos últimos anos. Para evitar ser assassinado pelo governo obteve asilo na Suécia, recebeu cidadania sueca e de forma surpreendente foi entregue ao terrorismo de Estado, o do governo colombiano, por um governo que se afirma popular.
Becerra cumpria um papel importante o de divulgar através de seus trabalhos jornalísticos os crimes cometidos pelo governo da Colômbia (Uribe e Juan Santos) em toda a Europa e esse trabalho criou problemas para o terrorismo de Estado da colônia norte-americana na América do Sul. Várias organizações internacionais de direitos humanos passaram a denunciar a situação e as práticas assassinas dos governos, militares e policiais colombianos contra opositores, a real situação da Colômbia – imersa numa guerra civil – e quem de fato controla o tráfico de drogas.
A situação de Becerra é a mesma de vários jornalistas que vivem e trabalham no país. O governo Chávez repete todo o discurso terrorista oficial da Colômbia e os dados para que fossem forjados os tais “documentos oficiais” estavam, segundo os colombianos, no computador de Raúl Reyes.
Há dois anos atrás o jornalista Fredy Muñoz que trabalhava para a TELESUR na Colômbia foi acusado de ser “especialista em explosivo das FARCs-EP”. Foi julgado e absolvido, mas mesmo assim acabou saindo do país para evitar que fosse assassinado pelo governo.
No caso de Becerra, a TELESUR, ao contrário de seus objetivos, repete a versão colombiana, jogando por terra todo um trabalho que alcançou respeito e admiração exatamente pela independência.
O Brasil vive situação quase semelhante com o refugiado italiano Cesare Battisti. Manobra do então presidente do STF – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – Gilmar Mendes (ligado ao banqueiro Daniel Dantas e a FHC, comprovadamente corrupto) criou condições para que a concessão de refúgio a Battisti, ato do ministro da Justiça de então Tarso Genro e depois confirmado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, seja objeto de novo exame da corte, com riscos de quebra da ordem constitucional.
Sabe que a atual presidente, cada vez mais distante do seu criador, Lula, não vai por a mão nas castanhas quentes e silenciar sobre o assunto.
A atitude de Chávez além de incompreensível significa capitulação pura e simples. Foi um ato covarde, pois o presidente venezuelano sabe o que espera Becerra na Colômbia. Toda a barbárie do regime de Juan Manoel Santos, o principal traficante de drogas no momento em toda a Colômbia.
A revolução bolivariana de Chávez derrapou e capotou numa manobra inconseqüente e inaceitável para a luta popular, para a integração dos povos latino-americanos e para a liberdade em seu sentido pleno.
E pior, como afirma a nota do PCB – Partido Comunista Brasileiro – ele não ganha nada à direita e perde à esquerda.
[Extraído do site do PCB]
Chávez parece estar absorvendo o deslocamento petista no Brasil – o comando partidário – para o campo da social democracia, tomando o lugar do PSDB e esse fundindo-se ao DEM para deixar o povão de lado e tentar a classe média.
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