*Ivan Pinheiro (de Atenas, Grécia)
Vivi, no dia de ontem, momentos que reforçaram minhas convicções ideológicas e minhas esperanças na luta dos povos contra a opressão do capital e na construção do socialismo. Estive em dois atos de grande emoção. De manhã bem cedo, estive num bairro perto de Atenas (Kesarianí), onde, em nome do Partido Comunista Brasileiro, depositei flores no local em que, não por acaso no dia 1 de Maio de 1944, soldados do exército alemão que ocupavam a Grécia fuzilaram exatamente 200 militantes do Partido Comunista Grego, retirados da prisão e entregues aos nazistas pelo governo burguês de turno, para serem mortos como exemplo para a resistência, que os comunistas lideravam.
No local do extermínio, há hoje um memorial com os nomes dos duzentos militantes. No dia do massacre, eles foram colocados de pé, um ao lado do outro, em dez grupos de vinte, à disposição do pelotão de fuzilamento nazista. Ao evento, compareceram vários comunistas que participaram da resistência armada contra a invasão alemã, militantes e membros do Comitê Regional e Central do KKE (Partido Comunista Grego).
Durante a ocupação nazista, o KKE tornou-se esteio, organizador e líder principal da resistência nacional. Tomou a iniciativa de construir a Frente de Libertação Nacional e o Exército Nacional Popular Libertador, os quais abarcaram a grande maioria do povo grego.
O Primeiro de Maio promovido pela PAME, uma central sindical classista chamada FRENTE MILITANTE DE TODOS OS TRABALHADORES, a segunda força no ambiente sindical, que reúne centenas de entidades de trabalhadores formais e autônomos, foi muito maior em quantidade de presenças e muito mais combativo que aquele promovido pela Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos, de orientação oficial e social-democrata, que reúne mais Federações. Foi grande também a presença de associações de agricultores, da intelectualidade, de artistas e do movimento estudantil, onde tem um peso decisivo a Juventude Comunista da Grécia.
O ato, para além das intervenções políticas marcadas por discursos de conteúdo anticapitalista e antiimperialista, contou com a apresentação ao vivo de canções revolucionárias, por parte de músicos e cantores militantes. Os manifestantes, que se contavam por dezenas de milhares, chegaram ao local do ato central em colunas organizadas por categoria ou organização social. Após o ato, todas as colunas se reorganizaram e os militantes, em caminhada, foram fazer um protesto antiimperialista em frente à embaixada norte-americana.
Toda a imprensa européia no dia de hoje coincide em informar que o de Atenas foi o maior Primeiro de Maio de toda a Europa. E note-se que o Primeiro de Maio de Atenas não foi o único organizado na Grécia pela PAME. Este ano, resolveu-se descentralizar, tendo ocorrido manifestações expressivas em 75 localidades gregas!
Ficarei na Grécia mais seis dias, a convite do Partido Comunista Grego, conhecendo de perto a experiência daquele que talvez seja o partido comunista mais forte e revolucionário do mundo capitalista e que está à frente da maior resistência dos trabalhadores ao capitalismo. Pretendo, na volta, escrever algumas linhas a respeito.
*Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB, 2 de maio de 2011
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