O sol começa a se por, são 16h30min, vão chegando camaradas e amigos de algumas gerações, homens e mulheres que colocaram suas vidas a serviço da causa do socialismo, outros que ainda crianças, assistiram o eclodir de um golpe covarde e violento contra o povo brasileiro que lutava por reformas de base, em abril de 1964, e, outros jovens lutadores, estudantes e trabalhadores que gravitam no entorno e na militância da juventude comunista, com suas camisas vermelhas e imagens de Che nosso inspirador Latino Americano.
Como diria Edu Lobo e Oduvaldo Vianna Filho em sua música Chegança: “Estamos chegando daqui e dali e de todo lugar que se tem pra partir, trazendo na chegança foice velha, mulher nova e uma quadra de esperança...” Todas as pessoas carregavam um sorriso de encontro e reencontro com camaradas de ontem e hoje, Gregório estava presente nas paredes, no auditório em sua homenagem e no coração do Partido Comunista Brasileiro e de seus militantes, que o tem como um grande exemplo de inspiração nos caminhos que se tem pra seguir.
A abertura um pouco mais formal, suspendendo as conversas dos encontros de épocas, pede a atenção dos presentes, que vão se acomodando. A primeira reverência é feita para um representante da velha guarda do Partido, um dos maiores artistas plásticos do Brasil, aquele que pintou e fez esculturas dos “Meninos de Recife”, entre tantas obras que encantaram e encantam gerações, o camarada Abelardo da Hora, um dos principais líderes do Movimento de Cultura Popular – MCP, que é saudado emocionalmente com forte aplauso.
Liga-se o computador e dele sai imagens e o som do hino que há gerações de comunistas e lutadores vem sendo entoado nos encontros, nas lutas e nas despedidas de velhos e novos combatentes, “A Internacional”. E os/as camaradas e amigos e amigas, se levantam e começam a entoar “De pé, ó vítimas da fome! De pé, famélicos da terra! Da idéia a chama já consome a crosta bruta que a soterra(...)Senhores, patrões, chefes supremos, nada esperamos de nenhum! Sejamos nós que conquistemos a terra mãe livre e comum(...)Bem unidos façamos, nesta luta final, uma terra sem amos, A Internacional...” E entre os camaradas pela direita e pela esquerda, dois jovens, Novo e Monique, carregam os símbolos da Unidade Operária e Camponesa, a foice e o martelo, e, cruzam na frente da platéia essa insígnia que representa o PCB e os comunistas do mundo que lutam por um novo mundo, sem a exploração do homem pelo homem. Lágrimas escorrem no rosto de alguns, a Internacional é cantada com mais vigor, os corações batem ainda mais fortes, camaradas são lembrados como David Capistrano, Hiram Pereira, Ivo Valença, Raimundão e muitos outros que trabalharam na Folha do Povo, “o jornal mais quebrado do mundo”, como disse o seu primeiro editor, Rubem Braga.
Alguns camaradas falam sobre a história e a importância do Jornal no atual momento político do Brasil. Anibal Valença fala em nome dos comunistas pernambucanos, lembrando ainda quando aos 15 anos de idade ele tinha exercido o trabalho na “Folha do Povo” como revisor. Antonio Campos representando a Associação dos Presos e Anistiados Políticos de Pernambuco, destaca a importância da nova Folha do Povo para o debate das questões políticas que estão na ordem do dia, pela altivez de sua história e compromisso com o futuro. Plácido Júnior representando a Comissão Pastoral da Terra, parabeniza o Partido e os que fazem o Jornal, pela importância desse veículo na luta pela reforma agrária e pelo socialismo. O Presidente do Crea-PE, José Mário, fala sobre o belo encontro de gerações, onde ele lia a Folha do Povo que o seu pai recebia, como simpatizante do Partido Comunista Brasileiro, e agora estava ali, junto com seu filho e os camarada de diversas épocas, compartilhando desse inesquecível momento para a luta do povo.
O camarada Marcelo Mário Melo falou que ainda jovem nos anos 60 tinha sido um colaborador da “Folha do Povo”, renovando seu compromisso de participar do novo jornal, fez versos no local, declamou o poema das “nossas bandeiras desfraldadas”, da sua opção de vida “sempre pela esquerda”.
Pela juventude comunista falou o camarada Diego Rafael, que destacou a importância da participação da juventude no jornal, se inserindo junto aos demais veículos hoje utilizados, como as redes sociais e a internet, finalizando sua fala com o refrão “Ousar lutar, ousar vencer”.
E para fazer o fechamento desse momento em que foi reverenciado o 1º. de maio, dia internacional dos trabalhadores e o lançamento do Jornal Folho do Povo, tivemos a palestra do Camarada Secretário Geral do PCB, Ivan Pinheiro, que destacou o protagonismo dos camaradas pernambucanos no resgate de mais um instrumento de luta, de formação, de propagação e debate das idéias, se integrando ao Jornal “Imprensa Popular” do PCB nacional, falou sobre a crise do capitalismo mundial, sobre a importância das lutas dos povos pelo socialismo, observando que o capitalismo não cairá espontaneamente pelo voto e nem de podre, “até porque a essência do capitalismo é corrupta e podre” mas, pelas lutas e pelo processo de organização dos trabalhadores, através dos seus partidos de vanguarda e pelos movimentos de massas, interagindo e se integrando no combate ao capitalismo e ao imperialismo. Depois falou da América Latina, de Cuba, das preocupações com os caminhos da Venezuela, nesse novo momento sem a presença do comandante Chávez, dos problemas do Paraguai, do Chile, da Colômbia, da Argentina e também sobre o papel dúbio que o Brasil vem exercendo na política internacional, aliado ao grande capital nacional e internacional.
No encerramento, retiram-se as bandeiras pregadas, os cartazes colados, arrumados sob o comando do camarada Danúbio Aguiar, que teve seu irmão Ivan Aguiar assassinado no 1º. de abril de 64, que ali estava também reverenciando sua memória e a dos e das camaradas que tombaram no combate. Outros e outras camaradas pegam os jornais a “Imprensa Popular” e a “Folha do Povo”, colocam debaixo dos braços, nas bolsas, voltam para suas casas, para seus municípios que ali tinham representantes de Recife, Paulista, Abreu e Lima, Palmares, Ribeirão, Gameleira, Olinda, Lagoa dos Gatos, entre outros, para continuar a jornada, com a cabeça erguida, orgulhosos pela luta e pela história que se promoveu nesse 1º. de maio, ali estava nascendo para uns, renascendo para outros, o jornal Folha do Povo.
Como diria o poeta e compositor musical português Zeca Afonso em sua música sobre o Maio: “Maio, maduro maio, quem te pintou(...)Que a voz não te esmoreça, vamos lutar(...)”. A Folha do Povo é a voz do PCB em Pernambuco, é parte integrante do processo de comunicação do Partido Comunista Brasileiro, está integrado ao nosso órgão nacional o “Imprensa Popular”, nele vamos semear esperanças de um novo mundo, a sociedade socialista.
Texto e fotos: Roberto Arrais
Fonte: Site PCB
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