NOTA DOS EDITORES DO ODIÁRIO.INFO
A situação na Ucrânia configura a crise politica e social mais grave ocorrida no Continente Europeu desde a guerra de agressão contra a Iugoslávia.
Uma aparente dualidade de poderes oculta um real vazio de poder.
A Rada (Camara de deputados) pretende controlar a situação. Oleksandr Turtchinov , do Partido Pátria, de Júlia Timoshenko, assumiu interinamente a presidência do país. Esse órgão legislativo destituiu o presidente Yanukovitch, restabeleceu a Constituição de 2004 e marcou eleições presidenciais para 25 de Maio.
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Reprodução | Fascistas queimam barricadas de pneus e veículos - Praça Maidan, Kiev (22/1/2014) |
A Ucrânia está à beira da bancarrota e muita água correrá pelo Dnieper até essa data.
Na prática os grupos extremistas da Praça Maidan que recusaram o Acordo firmado por Yanukovitch, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros de países da União Europeia e pela oposição da Rada, forçaram o presidente (cujo comportamento foi indecoroso) a fugir para Kharkov, e emergem como poder real na caótica situação criada na Ucrânia Ocidental.
Júlia Timoshenko, vinda do hospital onde se encontrava em Kharkov sob prisão, compareceu na Praça numa cadeira de rodas e pronunciou ali em tom patético um discurso populista, carregado de ameaças. Mas não despertou o entusiasmo que esperava. Ela e o seu partido Pátria mantiveram ligações íntimas com a oligarquia corrupta que dominava o país.
Bem organizados, os grupos extremistas da Praça Maidan continuam a atuar como poder real. Um deputado do Partido das Regiões, de Yanukovitch, que afirmara a sua indisponibilidade para participar num governo de coligação, foi retirado da Rada e levado para a Praça algemado, com um cartaz onde se lia a palavra «Traidor!».
Na Rada a língua russa foi proibida e os canais de televisão que transmitiam também em russo passaram a emitir somente em ucraniano. Uma deputada do partido de extrema-direita Svoboda sugeriu num discurso impregnado de ódio que todos os russos da Ucrânia (mais de 20 milhões) sejam expulsos.
O líder de outro partido ultra nacionalista, neo fascista, pediu a expulsão dos «comunistas, dos judeus e da escumalha russa».
O deputado do Partido Radical Oleg Lyashko exigiu a execução publica de Yanukovitch.
Em Lvov, no Noroeste do país (província de maioria católica que era polaca em 1939), a perseguição aos comunistas é frenética, feroz.
Uma vaga de anticomunismo selvagem varre grande parte da Ucrania. Na capital e nas cidades da Ucrânia Ocidental, organizações de extrema-direita praticam crimes abjetos, perante a passividade do exército e das polícias. Desde o III Reich nazi que não acontecia algo comparável na Europa. O fascismo exibe na Ucrânia, com arrogância desafiadora, a sua face hedionda.