O fracasso da tentativa de golpe no Equador configura uma derrota do imperialismo norte-americano, envolvido na sua preparação.
A montagem golpista não atingiu o objectivo.
Foi o veto do Presidente a uma proposta de emendas a uma lei que retirava privilégios ilegítimos à Policia que despoletou a intentona. No Parlamento, a oposição, liderada por Lúcio Gutierrez – o ex-presidente deposto em 2005 por uma insurreição popular – provocou desordens, incitando as forças de segurança à rebelião.
No principal quartel de Quito, a Policia amotinou-se. Elementos da Força Aérea juntaram-se aos polícias amotinados. E quando Rafael Corrêa, de muletas, convalescente de uma operação, entrou ali e se dirigiu aos oficiais e praças sublevados foi insultado e agredido com gases lacrimogéneos.
Ferido, abriu a camisa e expondo o peito, bradou à turba de amotinados: «Matem o presidente, se têm coragem. Não perderei a dignidade».
Protegido pelos seguranças que o acompanhavam, conseguiu refugiar-se no hospital instalado no quartel. Cercado durante muitas horas, proclamou o estado de emergência e, numa entrevista a um canal de televisão, informou que estava praticamente sequestrado e apelou ao povo e às Forças Armadas para defenderem a Constituição e a legalidade.
Uma força do Exército invadiu então o quartel e, após dominar o motim, libertou Rafael Corrêa que do Palácio Presidencial falou à multidão que o aclamava, denunciando a cumplicidade de Lúcio Gutierrez na intentona da Policia.
O Departamento de Estado condenou a sublevação da Polícia, mas absteve-se de utilizar a palavra golpe. Ocorre que, tal como ocorreu com o «gorilazo» nas Honduras, a cumplicidade da Embaixada na rebelião é inocultável.
Há dois anos, em Outubro de 2008, o Ministro da Defesa do Equador acusou num relatório oficial diplomatas dos EUA de corromperem militares e polícias. A embaixadora Heather Lodges recusou comentar o documento, limitando-se a afirmar que a colaboração da sua missão diplomata com as forças de segurança «é muito importante».
Aliás, o governo do Equador acusou frontalmente a CIA de cumplicidade com o governo da Colômbia no bombardeamento ao acampamento do comandante Raul Reyes, das FARC, acto de pirataria que motivou o corte de relações com Bogotá.
Já no ano corrente, numa visita a Quito, o secretário de Estado adjunto para os Assuntos do Hemisférico Ocidental foi acompanhado por Ted Stern, um diplomata cuja ligação à CIA é transparente.
Washington num contexto diferente, tentou repetir o esquema golpista que montou, com êxito, nas Honduras. Mas o tiro saiu pela culatra.
Não é apenas o povo do Equador que nestes dias aclama o seu Presidente. O prestígio de Rafael Corrêa cresceu em toda a América Latina.
OS EDITORES DE ODIARIO.INFO
Fonte: http://www.odiario.info/?p=1759
Nenhum comentário:
Postar um comentário