"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

domingo, 21 de julho de 2013

"Algumas meninas gostam de ser estupradas"

A afirmação em pleno julgamento de um caso de estupro contra uma menor de idade é a demonstração da situação a que as mulheres estão submetidas em Israel

O caso do juiz aposentado Nissi Yeshaya foi divulgado pelo site Ynet.

Embora aposentado ele atua na Comissão de Apelação da Previdência Social e durante uma audiência sobre o estupro de uma menina de 13 anos, que hoje tem 19 anos, disse: “algumas meninas gostam de ser estupradas”.

A garota não estava presente na audiência e segundo sua advogada a declaração foi seguida de um silêncio de surpresa. “A sala ficou em silêncio”, disse a advogada Aloni Sadovnik. Ela denunciou o juiz à rádio do exército israelense: “No meio de um debate acalorado, o juiz diz de repente alto e para todos os presentes ouvirem, ‘Há algumas meninas que gostam de ser estupradas”. Sadovnik disse que, “inclusive os (outros dois) membros do tribunal (de apelações) ficaram calados por vários minutos. Ele nem sequer percebeu o que acabava de dizer. Não entendia por que todo mundo estava em silêncio ao mesmo tempo”.

Segundo o site Ynet, a presidente da comissão parlamentar para o Status da Mulher, Aliza Laví, pediu à ministra da Justiça, Tzipi Livni, que interdite Yeshaya.

O juiz foi a público e o que era um "pedido de desculpa", se tornou uma tentativa de negar sua fala. A Administração de Tribunais disse que o juiz não tinha intenção de ofender a vítima de estupro e que lamentava os comentários.

Para ele, o escândalo “não é sério”. “Estão tentando conseguir publicidade às minha custas. Isto porque, o juiz era o candidato preferido do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a presidir o Tribunal interno do partido Likud. Após o episódio, Netanyahu retirou seu apoio declarando que “uma pessoa que se expressa assim não merece o cargo”.

A denúncia pública do caso pode mesmo ser fruto de uma disputa no governo, mas traz à tona a situação a que as mulheres no país estão submetidas.

A imagem de mulheres na linha de frente de combate pelo exército do país é muito diferente no dia a dia. O Estado-judeu, e o predomínio de ultraortodoxos impõe uma série de restrições às mulheres, algumas na forma da lei, outras impostas como parte do cotidiano controlado pela religião.

O caso que deixou isso evidente foi o de uma jovem que em 2011 tomou um ônibus frequentado por judeus ultraortodoxos e foi hostilizada por ocupar um lugar logo atrás do motorista. Os homens afirmavam, segundo a engenheira, que "não poderiam sentar atrás de mulheres" no veículo, disse Tanya Rosenblit.

Em abril deste ano foi divulgada a notícia de que mulheres foram presas por usarem roupas e objetos de oração exclusiva para homens no muro das lamentações.

Lá as mulheres não tem direito ao divórcio que só pode ser concedido pelo homem. Sendo que violência não é considerada causa para o divórcio, ainda que o homem possa ser preso por isso.

Os dados da organização feminista Israel Women's Network (IWN, uma das principais organizações feministas do país) pode explicar a opinião do juiz, e confirmar que não é isolada, mas reflete a consideração geral sobre as mulheres: 42% das mulheres ultraortodoxas apanham de seus maridos e 24% sofre violência sexual. Nos últimos 20 anos, 378 mulheres foram assassinadas por seus parceiros.

Fonte: Site PCB e http://www.pco.org.br

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