"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Documentos achados em fazenda revelam faces da ditadura


Material chega ao público em livro e documentário do projeto Memórias da Resistência
Aray Nabuco



Uma casa abandonada em uma fazenda em Jaborandi (SP), região de Ribeirão Preto, que era tida como mal assombrada pelos cortadores de cana, acabou por revelar de fato muitos fantasmas do passado. Cinco anos depois da descoberta por um cortador de cana e estudante de história de documentos da ditadura militar, o material vai ganhando identidades e recompondo a história no projeto Memórias da Resistência que, depois de colocar na internet um site, chega também às livrarias e, até o início do ano que vem, um documentário. O projeto é empreendido por um grupo de pesquisadores do Instituto Práxis de Educação e Cultura (IPRA), de Franca, através de edital Ponto de Mídias Livres, do Ministério da Cultura.
A fazenda pertencia ao ex-delegado Tácito Pinheiro Machado, citado pelo Brasil Nunca Mais como repressor, e que além de atuar em delegacias no interior paulista, dirigiu o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e foi chefe de gabinete da Secretaria de Segurança Pública. Machado morreu em 2005, aos 79 anos, e apesar de seu pedido para queimar as fichas de perseguidos políticos, envelopes de correspondências restritas, bilhetes e anotações e até um manual de ação contra 'subversivos', o material ficou largado na casa. Em parte foi realmente dado um fim - os envelopes estavam vazios, seu conteúdo já havia sido eliminado.
Descoberta
Foi uma associação de elementos essa descoberta, diz o historiador Tito Flávio Bellini, que junto com o grupo de pesquisadores trabalhou no material, limpando, separando em categorias, analisando. A descoberta começou quando um grupo de cortadores de cana brincava que a casa era mal assombrada. Um deles, Cleiton Oliveira (camisa verde na foto nessa página), entrou e se deparou com a papelada esparramada nos cômodos abandonados. Cleiton cursava História na Faculdades Integradas de Bebedouro (Fafibe) e levou os papéis para um professor; teve o olhar crítico que outros provavelmente não teriam, ressalta Bellini.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Pobreza, produto do agronegócio


Brasil - Brasil de Fato - [Aline Scarso e Eduardo Lima] Segundo pesquisa, regiões da Alta Mogiana e Pontal do Paranapanema registraram aumento da industrialização do campo e crescimento da pobreza.


Uma pesquisa de mestrado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que existe uma relação entre a expansão de atividades do agronegócio e o crescimento da pobreza em áreas específicas do estado de São Paulo. Segundo o estudo, regiões reconhecidas pela força agroindustrial estão passando por um processo de concentração de renda, de terras e de pobreza. O levantamento sinaliza ainda que o agronegócio aproveita a vulnerabilidade das regiões para se instalar e criar raízes. Intitulado São Paulo Agrário: representações da disputa territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a 2009, o estudo é do pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), Tiago Cubas. Ele trabalha com dados como o Índice de Pobreza Relativa, Índice de Gini e de Concentração de Riqueza para revelar uma situação de contradição.

Hoje a população rural do estado é de 1,7 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1980 era de 2,9 milhões. De acordo com a pesquisa, a região do entorno da cidade de Ribeirão Preto, a chamada Califórnia Brasileira, é uma das que mais aumentaram o abismo econômico entre a população durante os anos de 1988 a 2009. Situação semelhante também ocorreu no entorno das cidades de Araraquara e Campinas e nas regiões do Pontal do Parapanema – principalmente no entorno dos municípios de Presidente Prudente e Araçatuba, e do Vale do Ribeira, entorno do litoral sul paulista e de Itapetininga. Dos 645 municípios paulistas cadastrados para mapeamento, apenas 228 municípios conseguiram amenizar a intensidade da pobreza no período pesquisado. No restante, a miséria aumentou.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Camarada Niemeyer Presente!


(Nota da União da Juventude Comunista-Brasil)



A UJC (União da Juventude Comunista - Brasil) está de luto pelo falecimento de Oscar Niemeyer, cujas obras arquitetônicas se notabilizaram como uma das maiores contribuições na história contemporânea do Brasil e do mundo. Legado este, que vai além das belas construções em Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Argélia ou França. Temos a certeza que sua contribuição para com a humanidade permanecerá por muito tempo, pois, está muito além da sua finitude.


Para nós, da Juventude Comunista, toda sua obra está estritamente relacionada com a sua visão de mundo. Por mais que a mídia e a sociedade burguesa tentem compartimentar a realidade, os traços criativos, geniais, inovadores e ousados de Niemeyer de um lado, e sua visão humanista, solidária, internacionalista e profundamente identificada com a causa da emancipação humana do comunismo e a revolução socialista.


Niemeyer foi mais um comunista que tanto contribuiu para a história da humanidade. Além de contribuições diretas dos comunistas para conquistas mínimas para os trabalhadores como a democracia formal, direitos sociais e políticos básicos, experiências de estados proletários no último século, temos o orgulho de também de termos produzido diversos camaradas que contribuíram para a humanidade em áreas como as artes, cultura, esportes, filosofia, pensamento social, dentre outras. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) no Brasil foi e esperamos que continue sendo um importante aglutinador destas diversas contribuições revolucionárias. Tivemos a honra de Niemeyer fazer parte desta tradição e ter sido extremamente solidário no momento onde o Partido mais precisou de solidariedade: a luta contra o liquidacionismo no PCB, que ameaçou extinguir com o instrumento histórico dos comunistas brasileiros no início da década de 90 no século passado.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

SOBRE MOBILIZAÇÃO





Há um problema comum que toca as organizações comunistas: o grande desinteresse e falta de participação popular em seus espaços, sejam eles cotidianos como reuniões ou em algum evento específico extraordinário. Em algumas situações, nesse último caso até consegue-se alguma quantidade razoável de pessoas se comparado ao primeiro, porém tal número ainda é inexpressivo e fugaz para alguém que almeja uma transformação social em que a massa é a força do processo; e mesmo assim isso só é conseguido na condição de certa capacidade organizativa e de propaganda da tal instituição política. Como não podia ser diferente, essa situação se vê também no movimento estudantil. No dia a dia dos diretórios acadêmicos, DCE's, juventudes de partidos, está a difícil e desgastante batalha de promover espaços os quais sejam presenciados pela base estudantil; e quando algum grupo de estudantes ocupa algum ambiente repetidas vezes, vêm à tona todos os malabarismos para mantê-lo coeso e sem evasão. Além dessa unidade pretendida ser importante para se manter um núcleo de estudantes que pensem política dentro da universidade, a solidez (ou falta dela) desse grupo é o que pode determinar a qualidade de ação dentro do movimento. Sem isso, fica difícil por exemplo se falar em organização ou plano de lutas.

Esse quadro se dá porque a militância é, de fato, difícil. Todos(as) os(as) estudantes têm obrigações específicas de sua atividade que já ocupam demasiadamente seu tempo. A pessoa que queira estudar de forma séria e se desenvolver intelectual ou profissionalmente já vê as vinte e quatro horas diárias como insuficientes. Uma das dificuldades de mobilização está no fato que uma pessoa sem profundas convicções na atuação política dificilmente vai dedicar a preciosa parte do seu dia, o que sobrou das atividades estudantis, em alguma reunião que de forma imediata não vai lhe trazer benefício algum. As organizações políticas cometem um grande erro tático ao pretender que grande número de estudantes despertem em si, de forma despretensiosa, o espírito militante. Uma vez que a pessoa ingressa na universidade, a menos que tenha a convicção política dita acima1, o seu grande e possivelmente único objetivo passa a ser se formar e conseguir um emprego; qualquer coisa além disso e que, ainda mais, não ofereça nenhum benefício a curto prazo, dificilmente vai chamar sua atenção. E esse é o caso da militância política.

CONGRESSO MANOEL FIEL FILHO:


A Unidade Classista homenageia um militante comunista na resistência operária
No enfrentamento à ditadura burguesa sob a forma militar, o PCB construiu uma alternativa de luta que orientava suas bases e informava a frente democrática, para as mais amplas ações de massa e articulações políticas, como forma de reagir ao regime de exceção que se estabeleceu no Brasil, em 1º de abril de 1964.
Essa política de frente única dava sinais de firmeza em 1973 e se consolidou em 1974. A ditadura, percebendo o avanço dessas formulações na atuação da oposição e dos movimentos de resistência, organizou a “operação radar” para liquidar o PCB. O aparelho de repressão partiu para cima do Partido em todo o Brasil. De 1973 a 1976, dirigiu o grosso dos seus esforços para o inimigo número 1 da ditadura naquele momento: foram milhares de prisões, centenas de militantes torturados, dezenas de exilados e 39 militantes e dirigentes assassinados sob tortura. A desarticulação do PCB era a condição da ditadura para transitar o seu projeto de “abertura lenta e gradual”.
Dentro da política de enfrentamento ao regime fascista, o PCB deliberou por uma ação que movimentasse a classe operária para um papel protagonista diante da conjuntura de desgaste da ditadura. As formas de luta eram as reivindicações salariais, a luta por melhores condições de trabalho, a denúncia dos crimes da ditadura e a organização do Partido entre os trabalhadores.
Para cumprir esse último papel, a direção do PCB em São Paulo designou um operário comunista experiente, temperado nas lutas da nossa classe e convicto do nosso papel: Manoel Fiel Filho, nascido em 7 de janeiro de 1927, em Alagoas. Esse camarada ficou responsável pela distribuição do jornal A Voz Operária nas fábricas da Mooca e pelo trabalho de organização do Partido entre os operários daquela região fabril.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Congresso da Corrente Sindical UNIDADE CLASSISTA - Etapa Estadual / PE

O Núcleo de Jovens Trabalhadores da UJC-PE, convida à todos e todas à participarem da Etapa Estadual do Congresso da Corrente Sindical Unidade Classista. O evento acontecerá no dia 10 de novembro (próximo sábado) às 9h no Auditório da Sociedade de Medicina de Pernambuco (Pça Oswaldo Cruz, 393).

Participem!

Segue cartaz de divulgação


terça-feira, 23 de outubro de 2012

Outubro ou nada!

Por Mauro Luis Iasi*




Uma família de nobres voltava a São Petersburgo com seus inúmeros filhos e malas volumosas. Havia se retirado em fevereiro para fugir dos acontecimentos trágicos que haviam derrubado o Czar e não havia acompanhado o desenvolvimento político que levara os trabalhadores ao poder em outubro. Pateticamente parada na plataforma e acostumada com um servilhismo milenar, esperava que algum carregador implorasse para levar as bagagens da família em troca de alguns míseros copeques.

Depois de esperar em vão por um bom tempo, um criado (nobres não se dignavam a falar com pobres) vai buscar informações e ouve a seguinte resposta: “agora somos livres, se quiser carregue suas malas”!

Era a grande revolução de Outubro que emergia lá de onde costuma vir as coisas dos explorados, da periferia, das sombras esquecidas sob a ofuscante aparência de riqueza das sociedades opulentas, dos cantos obscuros que o olhar hipócrita quer esquecer ou incorpora como normal. Em meio à tragédia da guerra, a barbárie em sua forma mais didática, a vida resistia e se levantava contra a fome e a morte.


A Revolução Russa marcou de forma definitiva a história do século XX em muitas áreas (ver a coletânea organizada por Milton Pinheiro – Outubro e as experiências socialistas do século XX - Salvador: Quarteto, 2010), como acontecimento político, como experiência histórica de um Estado Proletário, como base de transformações econômicas fundadas na socialização dos meios de produção, nas práticas do planejamento, como influência política direta nos rumos do movimento comunista internacional e a formação de estratégias e táticas do movimento revolucionário mundial.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

CONVITE

A UJC - PE realizará no dia 27 de outubro a Atividade de Formação com o tema: O QUE FAZER? Desafios e Perspectivas para as Lutas Sociais. O evento contará com a participação de Atenágoras Duarte, palestrando sobre os aspectos conjunturais e Antônio Alves 'Morgação', com os Desafios e Perspectivas para os movimentos sociais no Brasil.  

Tod@s estão convidad@s!

Dia: 27 de Outubro de 2012
Hora: 9h
Local: Auditório Sociedade de Medicina de Pernambuco (Praça Oswaldo Cruz, 393 - Boa Vista - Recife - PE)

Segue cartaz de divulgação



quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Maternidade Social e as lutas das mulheres trabalhadoras

A comunista alemã Clara Zetkin discursa para
trabalhadores na década de 1930
A mão desta generosidade é a mesma que nos prende à camisa de força, à dissimulada democracia burguesa; contendo-nos com brandas palavras, mantendo-nos ainda escravas de trabalhos domésticos, instruindo-nos com suas receitas de belezas e costumes, permitindo-nos cotas e medidas compensatórias que dilaceram a unidade da classe operária. E tudo isso para atingir seu objetivo final: retenção e domesticação das mulheres para gerar a prole de escravos assalariados e manter a exploração dos trabalhadores, homens e mulheres, sob a batuta do direito divino e a batuta dos burgueses togados e abutres que se esgueiram nos parlamentos e instituições do Estado burguês.

Durante séculos a história da luta de classes, a luta das mulheres e do movimento operário contra a classe capitalista, comprova diariamente que a liberdade formal da democracia formal burguesa não é suficiente para atingir a liberdade efetiva de homens e mulheres. Apenas a revolução social, a revolução socialista, pode abrir o caminho da verdadeira liberdade aos explorados.

No sistema capitalista, a desigualdade econômica e social é gritante. Mesmos nos países mais ricos, com acumulação maior de riquezas e forças produtivas, a igualdade não existe devido ao sistema de distribuição e consumo; quem detém os modos e meios da produção social – a burguesia - abocanha uma parcela bem maior do que os reais produtores, a classe trabalhadora. Afinal, no capitalismo, o jugo da intocável e sagrada propriedade privada permanece.

E como disse o camarada Lenin, grande líder da Revolução de Outubro e da Internacional Comunista: "O proletariado não alcançará a emancipação completa se não for conquistada primeiro a completa emancipação das mulheres!" (Às Operárias, publicado na Pravda, nº 40, de 22 de fevereiro de 1920). A burguesia, atenta ao movimento de unificação da classe trabalhadora e para impedi-lo que ele se coloque no terreno da revolução, investiu e investe em poderosas bombas morais e destruidoras: a desmobilização e divisão dos trabalhadores em nacionalidades, raças, religião e sexo.


Enquanto a burguesia cria formas de divisionismo no seio operário, o cotidiano das trabalhadoras permanece fragmentado, os reformistas apagam os interesses de classes dos explorados, dividindo-os em sexos e com isso as mulheres trabalhadoras seguem cumprindo a tripla jornada diária: trabalho, afazeres domésticos e cuidados com os filhos. O reformismo, combustível da reação pequeno burguesa a serviço da burguesia, ao contrapor homens e mulheres, apagando as contradições de classes (burguesia e proletários) funciona como a quinta roda do carro capitalista.


A partir da Revolução Industrial - século XVIII em diante - importantes mudanças ocorreram no processo produtivo e na busca da emancipação da mulheres, pois mais e mais delas foram transformadas em operárias.


Na Europa e Estados Unidos, por exemplo, a incorporação do trabalho feminino pelas indústrias possibilitou mulheres se organizarem e reivindicarem menor jornada e maior salário, tendo em vista as condições insalubres das fábricas: em média 17 horas diárias de trabalho e o salário 60% inferior ao dos homens. Era a forma e o meio pelos quais os proprietários das fábricas capitalistas sugariam mais força de trabalho, obtendo mais lucro. O sexo "frágil", recém-agregado ao processo predatório produtivo, possibilitava ampliar o lucro, mas ao mesmo tempo incluía milhares de novas ativistas no movimento de luta contra a exploração, junto aos operários. Operárias e operários, uma única classe, passaram a se erguer contra os capitalistas, constituídos por homens e mulheres, burgueses e burguesas.


Nesse contexto de exploração da classe trabalhadora, mulheres se engajavam em lutas operárias: no dia 08 de Março de 1857, em Nova Iorque/EUA, 129 mulheres da Fábrica de Tecido Cotton, morreram carbonizadas, em luta pela redução da jornada para 10 horas diárias. O patrão as trancou na fábrica e mandou atear fogo na fábrica. O motivo? Elas se ergueram em greve contra a exploração.


Após esse e outros massacres, a necessidade de organização das mulheres só aumentou e elas passaram a constituir junto com os demais trabalhadores, os seus próprios partidos na luta pelo fim do capitalismo.


A revolucionária russa Alexandra Kollontai, em seu texto O Dia da Mulher (1913), escreve sobre o engajamento das mulheres em sindicatos e partidos operários, trazendo à tona questões como: segurança da maternidade, trabalho infantil, legislação de proteção aos trabalhadores. Dizia ela:


"O Dia da Mulher é um elo na longa e sólida cadeia da mulher no movimento operário. O exército organizado de mulheres trabalhadoras cresce cada dia. Há vinte anos, as organizações operárias não tinham mais do que grupos dispersos de mulheres nas bases dos partidos operários... Agora os sindicatos ingleses têm mais de 292.000 mulheres sindicadas; na Alemanha são a cerca de 200.000 sindicadas e 150.000 no partido operário, na Áustria há 47.000 nos sindicatos e 20.000 no partido. Em todas as partes, em Itália, na Hungria, na Dinamarca, na Suécia, na Noruega e na Suíça, as mulheres da classe operária estão a organizarem-se a si próprias. O exército de mulheres socialistas tem perto de um milhão de membros. Uma força poderosa! Uma força com a qual os poderes do mundo devem contar quando se põe sobre a mesa o tema do custo da vida, a segurança da maternidade, o trabalho infantil ou a legislação para proteger os trabalhadores" (KOLLONTAI, 1913).


Durante a dura realidade de exploração da classe trabalhadora, em Fevereiro de 1917, as trabalhadoras de Petrogrado, do país monárquico, encaram uma greve, apesar dos bolcheviques temerem um massacre. No dia Internacional das Mulheres (25 de Fevereiro na Rússia czarista), as proletárias impulsionam a revolução. Diferentemente dos capitalistas, Lenin valorizou a participação das proletárias durante a revolução. Podemos verificar isso no depoimento da revolucionária alemã Clara Zetkin, Lênin e o Movimento Feminino : "Em Petrogrado, em Moscou, nas cidades e nos centros industriais afastados, o comportamento das mulheres proletárias durante a revolução foi soberbo. Sem elas, muito provavelmente não teríamos vencido. Essa é minha opinião. De coragem deram provas, e que coragem mostram ainda hoje! Imaginai todos os sofrimentos e as privações que suportaram... Mas mantêm-se firmes, não se curvam, porque defendem os sovietes, porque querem a liberdade e o comunismo" (ZETKIN, 1920).

Enormes avanços foram conquistados na Revolução, pela luta e organização da trabalhadora orientada pelo Partido Bolchevique: extinção das leis que mantinham desigualdade dos sexos, igualdade jurídica às mulheres, direito ao aborto legal e gratuito nos hospitais do Estado. Em 'A proteção das mães e a luta pela elevação do nível cultural, de Leon Trotsky ', o dirigente revolucionário russo registra e aponta a necessidade de divulgação dos dados referentes à diminuição da taxa de mortalidade infantil até um ano de idade, entre 1913 e 1925 (na província de Vladimir de 29% para 17,5%, na província de Moscou de quase 28% para 14%). E, como Trotsky mesmo salientou, embora essas conquistas tenham ocorrido num país cujas condições materiais eram precárias e inferiores aos países ricos capitalistas, o Partido Comunista e as organizações sociais centraram na exterminação das tradições conservadoras e servis, nos costumes e psicologia do passado.


Contra isso se insurgiu o mundo capitalista! A busca da superação da mentalidade conservadora humana serve aos interesses dos proletários e, para a burguesia, desde sempre foi melhor manter a mulher na tripla jornada e não atuante no movimento operário. Morte ao comunismo: gritaram e gritam os burgueses de todo mundo!


A Revolução e conquistas de direitos só foram possíveis por conta do envolvimento da massa, da massa de mulheres e trabalhadores em luta pelo comunismo: por uma sociedade verdadeiramente igualitária e sem classes. Mas, com o isolamento da revolução e o desenvolvimento da camarilha burocrática no interior do Partido Comunista da Russia e com a usurpação da Revolução pelo Stalinismo, os desvios e a reação foram ganhando corpo, os direitos e vozes femininas e masculinas dos operários foram sendo arrancados e calados.

Para além do direito ao aborto, o direito de lutar por uma sociedade onde a produção e o planejamento familiar sejam obras da maioria, onde o lucro esteja colocado a seu serviço e não em beneficio de uma minoria parasitária, este direito, para ser conquistado, está definitivamente nas mãos das massas proletárias.

Por isso nossa luta segue sendo a mesma da revolução Russa e tem a mesma bandeira inscrita no Manifesto Comunista: Proletários do mundo uni-vos! Não tens nada a perder a não ser vossos grilhões.

Por Roberta Ninin, ativista da Esquerda Marxista

1. Texto de 1920 que traz diálogos entre Clara Zetkin e Lênin sobre a questão da mulher e da luta pelo socialismo.

2. Discurso de Leon Trotsky à 3ª Conferência Sindical sobre Proteção às Mães e às Crianças, realizada em 7 de Dezembro de 1925 em Moscou.

3. Zetkin, C. "Relatório para o congresso de Gotha", 1896. In Ausgewählte Reden und Schriften. 3 vols. Berlim (R. D. A.): Dietz Verlag, 1957-60, T. 1, p. 103-5.

Fonte: Site Diário da Liberdade http://diarioliberdade.org/brasil/mulher-e-lgbt/26315-maternidade-social-e-as-lutas-das-mulheres-trabalhadoras.html



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A atualidade da Revolução Soviética e a questão do Estado


A atualidade da Revolução Soviética e a questão do Estado 1
Mauro Luis Iasi 2
Até  quando o mundo
será governado pelos tiranos?
Até quando o oprimirão
com suas mãos cobertas de sangue?
Até quando se lançarão
povos contra povos
numa terrível matança?
Até quando
haveremos de suportá-los?
Bertolt Brecht

De certa maneira, a história sempre é feita de forma retroativa e com os olhos no futuro. Voltamos nossas pegadas em direção ao passado para encontrar uma linha de acontecimentos que nos ajude a entender os caminhos que podem nos levar até o futuro que escolhemos. Este tipo de história recorrente, como já foi criticado por Foucault (1984: 15 e ss.) depois de Nietzche, corre o risco de tirar os acontecimentos da própria história deslocando-os para o lugar nenhum do idealismo supra-histórico.
Para Marx, no entanto, ainda que a história seja feita pelos próprios seres humanos, nos contextos concretos de formações sociais concretas, no calor cotidiano da luta de classes, não se pode reduzir a história ao momento singular do acontecimento. A ação dos seres humanos em cada momento se insere em momentos históricos maiores, em transições históricas que desvelam os caminhos pelos quais uma forma particular de produção da vida vai se transformando em outra.