POR UMA FRENTE ANTI-IMPERIALISTA MUNDIAL
(Nota Política do PCB)
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista Brasileiro (PCB) avaliou com bastante atenção a bem intencionada proposta do presidente Hugo Chavez, anunciada em recente Congresso do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), sobre a criação de uma V Internacional Socialista, cuja data de fundação está prevista para abril de 2010:
1) Saudamos a iniciativa do presidente venezuelano, visando agrupar amplas forças no sentido de coordenar melhor a luta contra o imperialismo, entendido como o conjunto de ações dos Estados capitalistas desenvolvidos na defesa dos interesses de suas grandes empresas e da burguesia em geral.
2) No entanto, discordamos da maneira com que vem sendo conduzida a iniciativa, por entendermos que a constituição de um organismo dessa natureza requer um acúmulo de discussão e uma unidade política e ideológica e de ação que não vislumbramos ainda nos partidos e movimentos que se dispõem a aderir à proposta.
3) Os processos históricos de construção das Internacionais foram gestados no calor do combate do proletariado por partidos com ele identificados, ressaltando-se que da Terceira Internacional, fundada por Lênin, só participavam os Partidos Comunistas e Operários.
4) Além disso, quando falamos em V Internacional estamos levando em conta a chamada IV Internacional, que foi, na prática, uma articulação de grupos trotskistas, com pouca influência social e política, que terminaram dividindo-a em vários pequenos grupamentos, cada um reivindicando-se o seu legítimo herdeiro, alguns até os dias de hoje.
5) Com diferentes contextos históricos e especificidades que assumiram as iniciativas anteriores não nos parece correta nem necessária qualquer numeração de organizações do gênero.
6) Temos restrições também à definição desta “V Internacional” como socialista. Não só pela banalização do termo, utilizado até por setores do campo do capital. Pode gerar confusão também entre os que não banalizaram o conceito de socialismo e o entendem corretamente como uma transição ao comunismo.
7) O PCB defende, em nosso país, uma frente antiimperialista e anticapitalista, por entender que no Brasil o capitalismo é plenamente desenvolvido e são residuiais as contradições entre a burguesia brasileira e o imperialismo, do qual o capitalismo brasileiro é parte.
8) No âmbito mundial, no entanto, com a imensa diversidade de realidades nacionais e regionais, nem todos os partidos, movimentos, organizações e forças políticas que têm contradição com o imperialismo são também favoráveis à construção da sociedade socialista e, muito menos, a sociedade comunista. Há países colonizados, ocupados; há países em que o capitalismo é pouco desenvolvido; há povos e nações que ainda não conquistaram sequer o direito a ter um Estado, um país. A nosso ver, em determinados casos, é possível que o processo revolucionário ainda comporte frentes nacionais contra o imperialismo.
9) O Partido Comunista Brasileiro (PCB), diante do momento histórico em que estamos vivendo - onde uma grave crise econômica atinge praticamente todos os países do mundo - defende a necessidade de formação de uma Frente Anti-Imperialista Mundial, que agrupe todos os partidos, organizações e movimentos dispostos a lutar, de maneira coordenada, contra o imperialismo.
10) O PCB continuará valorizando todas as iniciativas que buscam conformar um programa de luta, no nosso continente e em todas as partes do mundo, de forma a consolidar a unidade de ação e forjar uma organização capaz de responder coletivamente aos ataques do imperialismo.
11) O PCB vai continuar também prestigiando os Encontros Internacionais dos Partidos Comunistas, a Revista Comunista Internacional e trabalhará incansavelmente para que os comunistas da América Latina e Caribe busquem uma coordenação para enfrentar de maneira mais organizada a burguesia, o imperialismo e a luta ideológica contra o reformismo.
Rio de Janeiro, abril de 2010
Comissão Política Nacional do PCB
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