"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A mais heróica de todas as batalhas

Meus caros e queridas,

Neste mês de maio, comemora-se o 65º aniversário da derrota da Alemanha na 2ª GM. Esta derrota significou para a humanidade uma vitória sobre um dos mais bárbaros regimes que o mundo já viu, o regime nazista de Adolf Hitler.
Falar desta vitória magnífica sobre uma das mais poderosas máquinas de guerra jamais vistas na história é falar da heróica resistência do povo soviético em Stalingrado. Durante quase 7 meses o exército vermelho, sozinho, travou uma baltalha terrível contra nada menos que 2/3 de todo o exército nazista representado por mais de 3/4 das tropas mais bem treinadas, melhor equipadas e experientes das tropas alemães. Lembro que com menos de 1/3 de suas tropas, este mesmo exército alemão ocupava a França, o Norte da África, quase toda a Europa e, até 6 junho de 1944, a única força que os enfrentava numa luta desigual era a URSS. Depois de travar a mais feroz batalha da história, o exército vermelho derrotou as tropas do Marechal Von Paulus em fevereiro de 1943. Foi o começo do fim para o odioso regime nazista.
É importante lembrar que, ao contrário do que a história oficial nos diz, a libertação da Europa foi fundamentalmente obra do exército vermelho, pois já em finais de 1943 havia destruído o grosso das tropas alemães e estava às portas da Alemanha. A tão esperada 2ª frente só foi aberta em junho de 1944.
Para quem ainda duvida de que a fúria nazista era dirigida principalmente contra a União Soviética, basta lembrar que mais de 20 milhões de soviéticos pereceram na luta contra a Alemanha Nazista. Este foi o maior holocausto perpetrado pelos Nazistas na 2ª GM.
Ao final da batalha de Stalingrado mais de 2 milhões de pessoas haviam morrido. Na cidade , antes conhecida por ser próspera e moderna, já não havia mais nenhuma construção de pé. Mas de pé estavam os heróicos defensores de Stalingrado. Aliás, jamais se curvaram, jamais se renderam, jamais deixaram de encarar de frente o pior inimigo que se poderia ter e a pior das barbáries que pode se abater sobre um povo. Tinham por trás de si a maior obra que o proletariado consegui construir em toda a sua história de lutas até hoje: A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Nestes tempos obscuros, onde a derrota do proletariado parece um fato consumado, onde a realidade perversa da superexploração do trabalhador, do desespero, da insegurança, da falta de saúde, de educação, se impõe às massas trabalhadores como algo eterno e imutável, voltar algumas páginas na história e ver que diante da nuvem de escuridão nazista que cubriu a Europa com destruição, miséria e desesperança, o povo soviético, e em particular os seus heróis de Stalingrado, se levantou e mostrou que a vitória do proletariado sobre a barbárie é possível, nos ensina que uma nova história para a humanidade pode começar a ser escrita, basta que o protelariado se levante novamente, assim como se levantou em Stalingrado e escreveu uma das mais gloriosas páginas da história humana.
Viva a heróica resistência do povo soviético em Stalingrado!!
Viva o Socialismo!!
O capitalismo é a desgraça dos povos!!
Saudações comunistas,

André Lavinas
PS: Este poema abaixo é uma justa homenagem aos heróis de Stalingrado.
Carta a Stalingrado [*]
Carlos Drummond de Andrade
Stalingrado...Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!O mundo não acabou, pois que entre as ruínas outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora, e o hálito selvagem da liberdade dilata os seus peitos, Stalingrado,seus peitos que estalam e caem, enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.Os telegramas de Moscou repetem Homero.Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novoque nós, na escuridão, ignorávamos.Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída, na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas, na tua fria vontade de resistir.
Saber que resistes.Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro oculto) estará firme no alto da página.Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu a pena.Saber que vigias, Stalingrado,sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos pensamentos distantesdá um enorme alento à alma desesperadae ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto resplandecente!As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.Débeis em face do teu pavoroso poder, mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não profanados,as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues sem luta, aprendem contigo o gesto de fogo.Também elas podem esperar.
Stalingrado, quantas esperanças!Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!Que felicidade brota de tuas casas!De umas apenas resta a escada cheia de corpos; de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem trabalho nas fábricas, todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços negros de parede,mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,ó minha louca Stalingrado!
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços sangrentos,apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?Uma criatura que não quer morrer e combate, contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura combate, e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma fumaça subindo do Volga.Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão contra tudo.Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres, a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.
[*] Extraído do livro A Rosa do Povo (poemas escritos entre 1943 e 1945). Rio de Janeiro: Record, 1987
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