"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

MST realiza manifestação em apoio à Venezuela no Recife

29 de julho de 2010
Da Página do MST

As 800 famílias Sem Terra que se encontram acampadas na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) do Recife desde o último domingo (25), realizaram hoje (29) uma manifestação de apoio ao governo e ao povo venezuelano, em frente à embaixada dos Estados Unidos.

O protesto foi contra as ameaças de um ataque militar pela Colômbia e os Estados Unidos à Venezuela e a política imperialista, militarista e expansionista destes países na América Latina.
Os Sem Terra deixaram a sede do INCRA às 13h30 e saíram em marcha em direção à embaixada dos Estados Unidos. Depois da manifestação os trabalhadores rurais retornaram ao INCRA onde continuam acampados até que sejam realizadas as negociações com o Presidente Nacional do INCRA, que chegará ao Recife amanhã de Brasília para encontro com o MST.

Nota em apoio ao Governo e ao Povo Venezuelano
O Governo e o Povo da Venezuela são, mais uma vez, o alvo da política de expansão militarista dos Estados Unidos na America Latina.
Dessa vez, a ameaça veio através do Presidente Álvaro Uribe, da Colômbia, fiel aliado dos Estados Unidos. Na sessão extraordinária na Organização dos Estados Americanos (OEA), no último dia 22 de julho, o governo da Colômbia acusou a Venezuela de apoiar "terroristas" e dar refúgio a "acampamentos terroristas" em território venezuelano, e deu um "ultimato" de "30 dias" para que a Venezuela permita uma "intervenção internacional" em seu território.
Sabemos que essa é apenas uma desculpa para justificar um ataque militar à Venezuela e promover um segundo golpe para a derrubada do Governo Venezuelano e do Presidente Hugo Chávez, considerado pelo Departamento de Inteligência dos Estados Unidos como "líder anti-estadunidense" na região.
Em outubro de 2009, a Colômbia e os Estados Unidos assinaram um acordo militar que autorizou Washington a ocupar sete bases militares e o uso de todo o território colombiano para executar suas missões militares. Uma das bases assinaladas no acordo –Palanquero - foi citada em um documento da Força Aérea dos Estados Unidos, em maio de 2009, como necessária para "conduzir operações militares de amplo espectro" por todo o continente para combater "a ameaça de governos anti-estadunidenses" na região.
A política estadunidense na America Latina evidencia que está sendo preparando um conflito sério, perigoso e não justificado contra a Venezuela, um país com uma democracia vibrante e as maiores reservas de petróleo do mundo. E que essa ameaça se estende a todos os governos democráticos e soberanos da América Latina, que, ao contrario do Governo Colombiano, não aceitam mais ser o “quintal dos Estados Unidos”, se submetendo ao domínio político e econômico do governo estadunidense.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

MST contra o imperialismo faz protesto em Recife

Sem Terra fazem protesto na embaixada americana em prol da Venezuela
Publicado em 29.07.2010, às 15h18
Do JC Online

Um grupo de manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra realizam nesta tarde de quinta-feira (29) um protesto em frente à Embaixada dos Estados Unidos, na Boa Vista, Centro do Recife. A manifestação é contra as ameaças de um ataque militar contra a Venezuela, por parte dos governos da Colômbia e EUA.
Cerca de 100 pessoas fecharam a rua. Os manifestantes estavam munidos de cartazes, apitos, faixas e um carro de som para auxiliar nos gritos com palavras de ordem contra o "imperialismo americano". O consulado acionou a Polícia para controlar a manifestação.
O protesto, no entanto, está sendo pacífico. Ainda nesta quinta, os Sem Terra retornam ao Incra, onde continuam acampados.
Eles aguardam uma rodada de negociações com o presidente nacional do órgão, que chegará amanhã ao Recife para se reunir com os líderes do movimento.
Fonte:

MST faz protesto em frente ao Consulado dos EUA no Recife

MST faz protesto em frente ao Consulado dos EUA no Recife
A intenção do MST é dar apoio à Venezuela, que rompeu relações com a Colômbia, principal aliado sul-americano dos EUA
Da Redação do pe360graus.com


Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra fecharam a avenida Agamenon Magalhães, temporariamente, no começo da tarde desta quinta-feira (29).


O objetivo da manifestação, no entanto, era chegar à sede do Consulado dos Estados Unidos no Recife, na rua Gonçaves Maia, bairro da Boa Vista.


Eles iniciaram a caminhada na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), nas Graças.


Os sem-terra já se posicionaram em frente ao consulado e estão jogando lixo através da grade do imóvel, alegando que essa é a política do país em relação ao resto do mundo.


A intenção do MST é dar apoio à Venezuela, que rompeu relações com a Colômbia, principal aliado sul-americano dos EUA, e se mostrar em favor que se sentem oprimidos pela estratégia política norte-americana.


NAS MONTANHAS DA COLÔMBIA

PELA PAZ DEMOCRÁTICA COM JUSTIÇA SOCIAL
* Ivan Pinheiro

Nos últimos anos, venho cumprindo tarefa partidária no sentido de restabelecer e estreitar as relações do PCB com organizações e partidos revolucionários, com destaque para a América Latina. Este trabalho político tem como objetivo principal o reforço do internacionalismo proletário, na luta anti-imperialista e pelo socialismo.
A América Latina é palco de uma intensa luta de classes, antagonizando forças populares dispostas a aprofundar mudanças sociais e as oligarquias associadas ao imperialismo, sobretudo o norte-americano.
Ao XIV Congresso Nacional do PCB, realizado em outubro do ano passado, compareceu a grande maioria dos Partidos Comunistas da região. Além de viagens recentes de camaradas da direção do PCB e da UJC (União da Juventude Comunista) a Argentina, Chile e Uruguai e outros países, pessoalmente estive na Bolívia, Cuba, Colômbia, Equador, Honduras, Paraguai, Peru e Venezuela. Nestas viagens, tive contatos com camaradas de Costa Rica, El Salvador, Haiti, Nicarágua, Panamá, Porto Rico e República Dominicana.
Numa dessas viagens, fui convidado a conhecer presencialmente a mais antiga e importante organização insurgente do continente: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), que há 46 anos luta nas montanhas pela libertação nacional e pelo socialismo na Colômbia. A organização foi criada em função de uma necessidade objetiva de os camponeses colombianos defenderem seus pedaços de terra, suas casas e suas famílias da violência do Estado e de milícias a serviço do latifúndio.
Tive que tomar solitariamente a decisão de aceitar o convite e viajar no dia seguinte para as montanhas andinas, já que era o único membro do PCB naquela viagem e, por razões óbvias, não poderia consultar meus camaradas da direção do Partido no Brasil. Portanto, resolvi passar alguns dias num acampamento das FARC na Colômbia por iniciativa própria, sob minha exclusiva responsabilidade, e não por decisão partidária. Mas estava convicto de que minha atitude era compatível com a linha política do Partido.
Valeram a pena as duras viagens, de ida e volta, por regiões e países dos quais não me recordo, até porque toda aquela região é habitada pelo mesmo povo, dividido artificialmente em vários países, pelos interesses do capital. Passei por belas paisagens, conheci uma fauna e uma flora exuberantes, alternando meios de transporte os mais variados, como automóveis, canoas e mulas, além de saudáveis mas cansativas caminhadas.
Ficarão para sempre em minha memória os diálogos que mantive com os jovens guerrilheiros e guerrilheiras que conheci e as fotografias que não pude tirar do trabalho dos camponeses, das creches, escolas e postos de saúde criados e mantidos pelo “Estado” guerrilheiro em seu território, do cotidiano do acampamento.
Foram momentos que me marcaram, reforçando valores como a disciplina partidária, o trabalho coletivo, a camaradagem. O aprendizado nas reuniões diárias do coletivo, ao anoitecer, para repercutir documentos políticos e notícias atualizadas, da Colômbia e do mundo todo, ouvidas nos rádios que fazem parte do enxoval dos militantes. As bibliotecas volantes, onde não faltam clássicos do marxismo e da literatura.
Impossível esquecer a entrevista que fiz em “portunhol” para todo o contingente guerrilheiro, através da Rádio Rebelde.
Como não guardar com carinho o único objeto físico que pude trazer da viagem, um caracol que ganhei do jovem guerrilheiro que me serviu de guia e apoio durante a estadia, no dia em que nos despedimos sem que pudéssemos conter as lágrimas que misturavam sentimentos de fraternidade e paternidade.
Muito mais do que a curiosidade, o espírito de aventura e a simpatia pelas FARC, falou mais alto em minha decisão o dever revolucionário de contribuir, de alguma forma, para os esforços para uma solução política da complexa questão colombiana. Muito antes da viagem e da instalação de mais sete bases militares norte-americanas na Colômbia, eu já tinha consciência de que esse país vinha se transformando numa cabeça de ponte do imperialismo na América Latina, onde cumpre o papel que Israel exerce no Oriente Médio.
Num artigo que publiquei há alguns anos (“Impedir a guerra imperialista na América Latina”), já dizia textualmente:
”... para dar solidariedade aos povos venezuelano, boliviano, equatoriano; para lutar para que possam avançar as mudanças e a luta de classes na América Latina, mesmo em processos mais mediados e contraditórios; para evitar que haja guerra e retrocesso em nosso continente; para tudo isso, há um pré-requisito: derrotar o verdadeiro eixo do mal, os braços do imperialismo norte-americano em nosso continente: o governo fascista e o Estado terrorista da Colômbia!”
Já tinha claro, quando resolvi aceitar o convite, que não interessa à oligarquia colombiana, tampouco ao imperialismo, reconhecer o caráter político da guerrilha e, muito menos – para não lhe dar protagonismo - estabelecer com ela um processo de diálogo que possa pôr fim ao conflito armado na Colômbia, que dificilmente será solucionado pela via militar.
Estamos diante de uma espécie de empate, em que nem as guerrilhas (FARC e também a ELN, que segue lutando) têm muitas possibilidades para expandir o território sob seu controle (quase um terço do país), nem as forças militares e paramilitares conseguem derrotá-las.
À oligarquia colombiana interessa a manutenção do conflito, para se locupletar dos bilhões de dólares dos programas militares bancados pelos EUA e atribuir cinicamente aos insurgentes a mais rendosa atividade do grupo que detém o poder no país: exatamente o narcotráfico.
Aos EUA, não interessa a solução do conflito, para poder justificar a “guerra contra o narcoterrorismo”, que lhe permite manipular a opinião pública para reinstalar a Quarta Frota, criar mais sete bases militares na Colômbia, dar um golpe em Honduras, botar milhares de soldados no Haiti e agora na Costa Rica e firmar acordos militares com vários países na região, lamentavelmente inclusive com o Brasil, assinado recentemente.
O objetivo do imperialismo é reforçar sua presença militar para tentar desestabilizar e derrubar governos progressistas, em especial o da Venezuela, apertar o cerco a Cuba, evitar o fortalecimento da ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas), frear o processo de mudanças na Bolívia e outros países, tudo isso de olho grande nas extraordinárias riquezas naturais do continente, como petróleo e gás, água e minerais.
Nos anos 90, houve na América Latina um processo negociado de desmilitarização de grupos guerrilheiros. Na América Central, todos esses entendimentos resultaram em acordos, com a transformação das guerrilhas em organizações políticas legais. Duas delas, aliás, estão hoje no governo de seus países: a FMLN (El Salvador) e a FSLN (Nicarágua). Na Colômbia, entretanto, este processo terminou com o cruel assassinato de mais de 4.000 membros da União Patriótica, partido político então legal, que incorporava parte dos militantes das FARC que desceram das montanhas, do Partido Comunista Colombiano e de outras organizações de esquerda.
Portanto, as FARC não podem promover uma rendição unilateral, incondicional, uma paz de cemitérios, jogando fora um patrimônio de décadas de luta e submetendo seus militantes a um genocídio. O que pretendem é um diálogo que torne possível uma paz democrática, que ponha fim não só ao conflito, mas ao terrorismo de Estado, à expulsão de camponeses de suas terras, às milícias paramilitares, ao assassinato e à prisão de milhares de militantes e que assegure liberdades democráticas e verdadeiras mudanças econômicas e sociais.
Mas o início de um diálogo de paz na Colômbia – que interessa a todas as forças e personalidades democráticas, pacifistas e anti-imperialistas e não apenas aos comunistas – só será possível através de uma ampla campanha internacional pela paz com justiça social e econômica na Colômbia, cujo êxito tem como pré-requisito o reconhecimento das FARC e do ELN como são em verdade: organizações políticas beligerantes.
Foi para contribuir para essa necessária e urgente campanha – conhecendo e divulgando um pouco mais a história, a realidade, os pontos de vista e as perspectivas das FARC – que resolvi conviver alguns dias com os guerrilheiros e conversar, sem preocupação com o relógio e o celular, com alguns de seus comandantes, em especial Iván Marquez e Jésus Santrich, que me visitaram no acampamento em que me hospedei.

Não voltei ao Brasil para fazer proselitismo sobre uma forma de luta que considero incompatível com a atualidade brasileira, mas que respeito como legítimo direito dos povos na luta contra a opressão. Voltei determinado a contribuir para a abertura de um diálogo político na Colômbia.
O PCB e outras organizações e personalidades entendem a importância desse diálogo para o avanço dos processos de mudança na América Latina, que depende da neutralização da agressividade do imperialismo em nosso continente, cujo centro de gravidade é o terrorismo de Estado colombiano.
A Colômbia é o segundo destino mundial de ajuda financeira para fins militares e de material bélico dos EUA, após Israel; tem as Forças Armadas mais numerosas, armadas e treinadas da América do Sul. Um dos objetivos principais do imperialismo, diante da crise sistêmica do capitalismo, é fomentar guerras localizadas, sobretudo contra países fora de sua esfera de dominação e, preferencialmente, possuidores de riquezas naturais.
O Estado narcoterrorista colombiano é o instrumento para provocar conflitos militares na região, como foi o caso da invasão do espaço aéreo equatoriano para o ataque ao acampamento do comandante Raul Reyes, o Secretário de Relações Internacionais das FARC, que tinha como tarefa exatamente promover trocas humanitárias de prisioneiros e abrir espaço para uma solução negociada do conflito militar.
No caso da Venezuela - onde o processo de mudanças na região mais avança – as provocações são mais ousadas, constantes e perigosas. A Colômbia, que já infiltrou milhares de paramilitares no território venezuelano, para preparar um golpe contra Chávez, agora acusa a Venezuela de abrigar guerrilheiros das FARC, utilizando-se de manipulações tecnológicas, como as que vem fazendo até hoje com o inacreditável computador pessoal de Raul Reyes, que resistiu incólume a um bombardeio aéreo intenso, em que todo o acampamento foi destruído e morreram 26 pessoas.
Os EUA já se associaram a estas “denúncias” do governo colombiano e já agitam propostas de levar o caso para organismos multilaterais que hegemonizam. As relações diplomáticas entre a Colômbia e a Venezuela estão cada vez mais tensas. É necessária uma urgente ação política para evitar o agravamento do conflito, que só interessa ao imperialismo e à direita, não só colombiana, mas de todos os países da América Latina, que fazem de tudo para ajudar a derrubar o governo venezuelano, através de sua satanização e manipulação.
Aqui no Brasil não é diferente. Toda a mídia burguesa se associa às denúncias do governo colombiano e a direita aproveita o momento eleitoral para criticar o governo brasileiro exatamente em relação a um dos poucos aspectos que os internacionalistas nele valorizamos. Apesar da vacilação, da dubiedade e das contradições - em face do objetivo principal da política externa brasileira de transformar o país numa grande potência mundial -, ao Estado brasileiro não interessa a guerra imperialista, mas sim a expansão do capitalismo brasileiro.
A direita, para instigar a guerra entre a Colômbia e a Venezuela, tenta desqualificar o Brasil como mediador da crise. Para isso, acusa o partido do Presidente da República de relações e atitudes que infelizmente não são verdadeiras, pois poderiam ter ajudado a solucionar o conflito colombiano.
Na Colômbia, é expressivo o movimento conhecido como “Colombianos pela Paz” – que estimula a troca de prisioneiros e tenta criar um ambiente favorável ao diálogo –, liderado pela Senadora Piedad Córdoba, com quem participei, em outra ocasião, de reunião em Bogotá para tratar do tema da paz naquele país, juntamente com outros militantes latino-americanos, dentre os quais Carlos Lozano, do Burô Político do Partido Comunista Colombiano, um dos dirigentes internacionalistas mais dedicados à solução do impasse em seu país.
Mas essa campanha não será exitosa se não contar com a ampla participação de governos, instituições e personalidades democráticas e progressistas de vários países, sobretudo da América Latina.
E, na América Latina, o Brasil – em função de sua importância e sua liderança - é o país que reúne as melhores condições para viabilizar o diálogo colombiano, como fiador político, liderando um conjunto de países e organizações multilaterais da região, de preferência a UNASUL (União das Nações Sul-Americanas), que não conta com a presença indesejável dos Estados Unidos.
É correta a iniciativa da diplomacia brasileira de levar a discussão do novo conflito para o espaço da UNASUL e tentar ajudar a mediá-lo. Mas não se pode ter ilusão de que o novo Presidente colombiano, que tomará posse em alguns dias, recuará nos projetos belicistas do consórcio EUA/Colômbia. Este não é o último gesto raivoso de Uribe, como muitos imaginam. Este é o primeiro gesto de Santos antes da posse, combinado com Uribe, para iniciar seu governo com voz grossa, mas com pouco desgaste. Santos não foi só o candidato de Uribe. Foi seu Ministro da Defesa, responsável pela aplicação do famigerado “Plano Colômbia”. É o uribismo sem Uribe. Não nos esqueçamos da invasão de Israel à Faixa de Gaza, antes da posse de Obama, para preparar a transição para o imperialismo sem Bush.
Por isso, será importante, mas insuficiente, a distensão do atual conflito entre Colômbia e Venezuela. Isto resolve uma parte da questão no curto prazo, mas não resolve a causa do problema. O Brasil deve ir além dessa iniciativa e se empenhar numa solução negociada do conflito interno colombiano. E isto só será possível se sentarem à mesa, com observadores internacionais credenciados pelas partes, os verdadeiros atores em conflito: as organizações políticas insurgentes e, mais do que o governo, o Estado colombiano.
Para ser conseqüente com o objetivo do Estado brasileiro de transformar o nosso país em uma referência no âmbito mundial, seria muito mais eficiente patrocinar um diálogo que pode distensionar o pesado ambiente interno colombiano, que paira sobre a América Latina, do que liderar tropas de ocupação no Haiti.
Além do mais, desmontar o “Cavalo de Tróia” montado pelo imperialismo na Colômbia não serve apenas para evitar uma guerra com a Venezuela ou a derrubada de seu governo. Como disse Fidel Castro, as bases militares ianques na Colômbia são punhais no coração de toda a América Latina, inclusive, não nos iludamos, sobre o Brasil, cujas extraordinárias riquezas naturais - entre elas a biodiversidade da Amazônia, as imensas reservas de água doce e o pré-sal - são os principais objetos da cobiça dos Estados Unidos em todo o continente.
* Ivan Pinheiro é Secretário Geral do PCB
25 de julho de 2010

terça-feira, 27 de julho de 2010

CHAPA VERMELHO DE LUTA MOSTRA PORQUE PCB É PRA LUTAR !!

Por Antônio Alves

Em uma noite histórica, no último dia 23 de julho, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), realizou no Clube de Engenharia de Pernambuco o lançamento da chapa Vermelho de Luta, durante evento ao qual compareceram todos os militantes, amigos, simpatizantes, além de várias forças políticas e sociais que prestigiaram o lançamento das candidaturas do PCB, como o PSTU, representado por Jair Pedro, candidato ao governo do Estado, o PSOL, representado por Edilson Silva, também candidato ao governo, e o PCO, com Oswalo Alves.



Um dos momentos marcantes foi a homenagem aos militantes Odon Porto e Zé Maria, este com 80 anos, sessenta dos quais dedicado ao Partido. Todos aplaudiram de pé.


O Secretário Político do PCB em Pernambuco e também candidato a vice-governador, Anibal Valença, fez a abertura da festa de lançamento, saudando a todos, ressaltando a importância histórica daquele momento, em que o PCB assumia o protagonismo político e mostrava a todo o povo pernambucano e brasileiro o seu programa para toda a sociedade.

Após a abertura e a saudação dos representantes do PSOL e PSTU, os candidatos do PCB foram apresentados e empolgaram a todos os presentes, como os discursos dos candidatos à Assembléia Legislativa, Ivanildo Silva, da cidade de Ribeirão, e Armando Moury, de Jaboatão dos Guararapes, que relataram a importância das suas candidaturas para lutar pelo fortalecimento do papel e da força política da classe trabalhadora no Estado. O nosso candidato a Deputado Federal, Luciano Morais, da cidade do Paulista, destacou, entre outros ponos, a luta do PCB pela abertura dos arquivos da ditadura militar e o internacionalismo do PCB.

O candidato ao senado, professor Délio Mendes, da UFRPE, entusiasmou os militantes com um discurso otimista e vibrante, apontando a perspectiva de um saldo político inimaginável para a classe trabalhadora, que vem se articulando e se livrando das amarras da ilusão social e política, pelas quais a ordem burguesa vem alienando o povo brasileiro, além de explorá-lo economicamente.

Danúbio Aguiar, nosso 1º suplente ao Senado, recordou as lutas históricas do Partidão, que completou este anos 88 anos de vida, e contou, emocionado, a militância ao lado de homens lendários, como Gregório Bezerra, herói do povo brasileiro. Wilson Menezes, de Sertânia, nosso 2º suplente, lembrou das lutas dos estudantes e dos professores, destacando que algumas autarquias de ensino no Estado estão em situação caótica porque foram abandonadas pelo Estado.

Roberto Numeriano, nosso candidato ao governo estadual, criticou a manipulação da mídia e do governo do Estado, a exemplo do ineficaz "Pacto pela vida", que denunciou como um "impacto pela mídia", pois tenta esconder a ineficácia da política de segurança do Estado. Numeriano também criticou o desperdício de dinheiro público com a construção da "Cidade da Copa", cujo estádio está orçado em cerca de 500 milhões de reais, em vez da construção de casas populares para acabar com o déficit habitacional no Estado. Ele finalizou pedindo vivas ao PCB, ao socialismo e à classe trabalhadora.

O candidato do Partidão à presidência da República, nosso Secretário Geral, Ivan Pinheiro, abriu seu discurso destacando a importância de o PSOL, PSTU e PCO participarem do evento, pois isso era o começo de um diálogo que "ficará mais forte daqui pra frente". Ivan criticou a falsa polarização da disputa eleitoral, ressaltando que as candidaturas de Dilma e de Serra representam o mesmo projeto social, econômico e político. Ele observou ainda que a candidatura Marina é uma falsa alternativa, pois os verdes não criticam o sistema de produção capitalista, que degrada o ser humano e o ambiente: "O capitalismo é irreformável", disse. Ivan afirmou que o PCB não vai se utilizar do expediente de negar as suas bandeiras em nome de votos: "Defenderemos a não criminalização dos movimentos sociais, a exemplo do MST, a reestatização da Petrobrás 100% brasileira, a distribuição dos lucros do pré-sal para todos os brasileiros (sobretudo das regiões pobres), a solidariedade internacional à resistência de Cuba contra o cerco estadunidense, os direitos e soberania do povo da Palestina e pelo reconhecimento das FARC como força política insurgente e beligerante".

O PCB em Pernambuco mostrou a que veio. A Chapa Vermelho de Luta é um passo a mais na construção de um Partido que luta para criar as bases do poder político e social da classe trabalhadora, na perspectiva de sua Reconstrução Revolucionária.

Antônio Alves cursa jornalismo, é educador social e membro da executiva do PCB / PE.

domingo, 25 de julho de 2010

Presidenciável IVAN PINHEIRO, do PCB, em Pernambuco

Camaradas, amigos e simpatizantes,

segue entrevista do presidenciável do Partido Comunista Brasileiro (PCB) - Ivan Pinheiro ao veículo de comunicação Jornal do Commercio. Entrevista concedida no ato do lançamento da campanha das candidaturas em Pernambuco. Quem tem Ivan PInheiro como candidato a Presidente da República (21), Roberto Numeriano à Governador do Estado de Pernambuco (21), Délio Mendes concorrendo ao Senado (211), Luciano Morais para Deputado Federal (2121), e os camaradas Ivanildo Santos (21321) e Armando Fernandes (21222) são os candidatos comunistas para o cargo de Deputados Estaduais.

A União da Juventude Comunista - Pernambuco, apoia de forma militante os candidatos do PCB,

acreditamos de fundamental importância estarmos participando ativamente dessa campanha, que não se resume a matemática eleitoral, de expressão númerica de votos, mas sim, para divulgar as bandeiras por um mundo melhor, de uma sociedade justa - uma sociedade socialista em transição para o comunismo, onde não existirão mais as classes sociais. Nossa campanha é política, é uma campanha movimento, onde estaremos mostrando a sociedade uma proposta alternativa ao capitalismo. A UJC vota no PCB - 21 para OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!



Segue abaixo a entrevista na íntegra, com o título de: Partido pequeno pode tornar-se hegemônico, acredita presidenciável do PCB, por Chico Ludermir do JC Online.

Pela primeira vez no Recife como candidato à presidência pelo PCB, o advogado Ivan Pinheiro veio lançar as candidaturas dos copartidários Roberto Numeriano, ao Governo e Délio Mendes, ao Senado. Em conversa com o JC Online no Clube dos Engenheiros, na Madalena, Pinheiro apontou esta eleição como uma disputa de par ou ímpar, mas assinalou a possibilidade de uma surpresa verde com Marina Silva indo para o segundo turno. Otimista, ressaltou que o atual presidente, Lula, veio de um partido que que era muito pequeno e tornou-se hegemônico.

Na entrevista, o comunista questiona por que em Pernambuco 17 partidos apóiam Eduardo Campos. “Para que existem 17 partidos se eles pensam igual?”, ironiza. Pinheiro diz ainda que espectativa é de que a eleição seja de baixo nível. “Ao invés de discutirem projetos, vão recorrer à baixaria”.

LEIA A ENTREVISTA

JC Online: Como o PCB está se articulando nesta campanha de 2010?
Ivan Pinheiro: O PCB está com chapa própria. Não só para presidente como em para governador, senador e deputados em 20 Estados. Isso era o plano B do PCB. Daríamos preferência para uma ampla frente de esquerda que pudesse se dizer uma alternativa, mas não conseguimos por uma série de razões. Enxergamos que a eleição de 2010 estava sendo armada para ser uma bipolarização entre o PT e PSDB, cada vez mais parecidos um, é um par ou ímpar. Conversamos com o PSOL, o PSTU, mas esbarramos em dificuldades. Estamos com chapa própria mas não deixamos de pensar numa unidade que pode vir a partir desta eleição. Uma frente de esquerda que não seja uma mera coligação eleitoral.

JC: A extrema esquerda costuma criticar a disposição dos candidatos, acusando de uma disputa plebiscitária, polarizada, como o sr. avalia?
IP: Aqui talvez sejamos um dos poucos países do mundo em que a direita não assume que é direita. Você nunca vai ouvir "eu sou de direita". Todo mundo é meio de esquerda, um pouco esquerda, talvez se deva às marcas da ditadura, um governo de direita que matou e censurou. Então ninguém quer ser direita. Até o DEM, partido mais a direita se diz democrata. Eles não são democratas, são de direita. A eleição, neste tipo de democracia que dizemos que é falsa, as pessoas não tem oportunidade iguais para disputar. Alguns candidatos não tem recurso e tem 55 segundos (na TV), os grandes candidatos têm 10 minutos cada um e R$ 100 milhões pra gastar. Pago por empresas. Por que uma empresa da dinheiro para um candidato? Para que quando eleito sejam servidores desta empresa. Já nasce corrompido. Já é eleito comprado. Há três anos atrás já sabíamos quem seriam os candidatos. A manipulação é construída na mídia.

JC: Qual é a alternativa para isso?
IP: A alternativa é uma verdadeira democracia em que o fator dinheiro não influencie as campanhas. Você sabia que na França os candidatos de todos os partidos têm o mesmo tempo na televisão? Aqui é tão artificial que em Pernambuco é candidato de 17 partidos. Para que que existem 17 partidos se eles pensam igual. Você acha que eles se reuniram para fazer um programa comum. Se reuniram para ter o poder. Estamos propondo uma modificação de uma democracia representativa para a democracia participa.

JC: A candidata do PT à presidência, Dilma, também está aqui. O que o Sr. pensa do espaço dado a cada um dos presidenciáveis?
IP: Ela chega e rouba a cena, por que ela é candidata da primeira divisão. Eu sou considerado da segunda, da terceira. É tão absurdo o fato do tempo e recursos diferentes por que acaba congelando o quadro partidário, uma forçação de barra para o partido pequeno continuar pequeno ou coligar-se. Mas o PT quando foi formado não nenhum deputado. Hoje tem o presidente. O partido pequeno pode tornar-se hegemônico.

JC: Como os sr. está vendo as farpas entre Dilma e Serra?
IP: Isso vai ser uma baixaria o tempo todo. Eles estão se recusando ao debate. O problema é ali é briga de cachorro grande. Ao invés de discutirem projetos, vão recorrer à baixaria. O pior, é que os candidatos competitivos não dizem o que pensam. No horário gratuito eles não falam o que a cabeça decide. Marqueteiros redigem para eles lerem. A equipe que elabora o discurso muda de acordo com uma avaliação de se aquilo está dando ou tirando votos, como uma novela, em que os personagens podem até sumir. As propostas ninguém sabe. Por isso, o Serra não entregou um programa e sim seu discurso. Com a Dilma, o PT entregou um (programa) e o PMDB entregou outro. Aquilo é uma esquizofrenia. O nosso programa, eu li e participei. Eles não querem ter programa para não serem cobrados.


Video da entrevista na TV PCB:

Partido Comunista Colombiano: 80 anos de lutas


Aniversário colombiano e comunista
por Fernando Acosta Riveros/Colaborador ABP México
ABP 07/15/10

Colômbia festeja, como o México, Argentina e Chile neste ano de 2010, o Bicentenário do início da luta independentista. Na pátria de Camilo Torres Restrepo são lembrados outros acontecimentos que estão ligados às batalhas pela segunda independência da Colômbia, entre eles o 80° aniversário da Fundação do Partido Comunista Colombiano e as oito décadas do natalício de Pedro Antônio Marin, combatente camponês que adotou o nome de Manuel Marulanda Vélez e fundou, com outros patriotas, o movimento insurgente chamado Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Em 17 de julho de 1930, quando foi fundado o Partido Comunista da Colômbia, o povo era vítima dos abusos e da repressão exercida pelo governo conservador de Miguel Abadia Méndez. Nesse ano, os colombianos elegeram Enrique Olaya Herrera, de filiação liberal. O presidente eleito havia sido embaixador nos Estados Unidos e admirava os governos do império. Em Washington e em várias cidades da Europa ocidental o sistema capitalista sofria uma de suas múltiplas crises. O desemprego se quadruplicava e 400 mil imigrantes, a maioria de origem mexicana, eram expulsos da União Americana.
Desde seu início, o Partido Comunista Colombiano demonstrou uma posição combativa, enfrentou a repressão, propôs um novo sistema econômico, político e social, além de abraçar as bandeiras internacionalistas e solidarizar-se com os povos da terra que lutavam pela paz com justiça social. Alberto Castrillón, Gilberto Vieira, Luis Vidales, Jorge Regueros Peralta, Manuel Marulanda Vélez e María Cano foram os fundadores da coletividade política, promotora do socialismo e da democracia participativa durante 80 anos.
A história recente da Colômbia, particularmente no século XX, não seria compreendida sem analisar e estudar as contribuições e batalhas do Partido Comunista (PCC). Em um país sob intervenção do imperialismo estadunidense, a luta da esquerda tem sido difícil, heroica e patriótica. O PCC, formado por seres humanos, cometeu erros, mas na balança sobressaem os acertos e entre eles o mais importante: sobreviver em meio à guerra suja e às campanhas genocidas de intimidação e extermínio.
Os dirigentes do PCC se distinguiram por sua coerência, desde os anos 30 e 40 do século passado com Maria Cano e Gilberto Vieira, até o presente ano, com Jaime Caycedo Turriago e Carlos Lozano Guillén, destacados promotores da paz e da justiça. Oito décadas junto ao povo. O PCC seguiu o legado de Manuel Marulanda Vélez, aquele jovem humilde e trabalhador que tinha um espírito bravo diante da opressão. Nascido em La Ceja, município localizado no estado de Antioquia, próximo a Medellín, onde anos depois integrou o Comitê Regional do PCC.
Manuel era um autodidata. Estudava e lia publicações de economia, história e literatura. Conhecia a Constituição colombiana como um expert em jurisprudência. Não estudou Direito em aulas universitárias, mas era o melhor advogado e defensor dos trabalhadores em Medellín, onde chegou a ser vereador e depois, em Bogotá, foi nomeado secretário geral da Federação Sindical de Trabalhadores de Cundinamarca, por seus companheiros. Marulanda Vélez, que havia trabalhado como pedreiro, explicava a seus compatriotas, com eloquência, os tristes acontecimentos do massacre das Bananeiras (dezembro de 1928), enquanto participava da histórica "Marcha da Fome".
Preso político em várias ocasiões, Manuel Marulanda Vélez morreu em consequência das torturas e vexames a que foi submetido pelo regime despótico de Laureano Gómez. O nome de Manuel foi reivindicado por e para a luta popular. Pedro Antonio o adotou como nome de combate durante sua épica luta fariana desde 1964, mais ou menos parecido com o que aconteceu no México, onde Doroteo Arango reivindicou o nome de Pancho Villa.
Brilhantes personalidades da política colombiana surgiram nas filas do PCC e da Juventude Comunista ao longo destas oito décadas. Gilberto Vieira, que foi secretário geral durante 40 anos, recebeu uma homenagem entusiasmada em outubro de 1998 ao assistir o 17° congresso do partido. Encontrava-se doente, porém firme. Seu companheiro de luta, o camarada Jesus Villegas, expressou publicamente: "Gilberto, você nos deu o exemplo de como ser um militante comunista. Enquanto uma grande parte de intelectuais passou pelo Partido como em uma espécie de visita de médico, você ficou conosco".
Vítimas do Estado genocida que oprime e rouba dos colombianos, os comunistas ofertaram suas vidas. Jaime Pardo Leal, candidato à Presidência, assassinado em 1987; José Antequera, construtor da Juventude Comunista, recebeu balaços, em março de 1989; Bernardo Jaramillo Ossa, aspirante à Presidência pela União Patriótica foi alvejado em praça pública em março de 1990; José Miller Chacón, dirigente e militante distinto, morreu durante um atentado em 1993; Manuel Cepeda Vargas, parlamentar destacado, intelectual combativo e diretor, por vários, anos do semanário Voz Proletária foi assassinado por mercenários do narcoparamilitarismo e agentes do governo, em agosto de 1994. Eles fazem parte da lista de compatriotas que haviam sido ameaçados por um sistema que se faz chamar "democrático" e se mantém ainda com a cumplicidade do império norte-americano.
Outros dirigentes do PCC foram encarcerados e torturados, como o camarada Álvaro Vázquez del Real, que a partir de sua coluna 'Enfoques", no semanário Voz, ofereceu interessantes reflexões sobre a realidade colombiana e regional. Jaime Caycedo, atual secretário geral, foi vítima de ameaças. Conseguiu sair ileso de atentados contra sua vida. Carlos Lozano Guillén, dirigente nacional, diretor do semanário Voz e autor de vários livros sobre os processos de paz e diálogos entre os insurgentes e as autoridades, foi caluniado e apontado publicamente por Álvaro Uribe Vélez, chefe do narcoparamilitarismo e, tristemente, presidente dos colombianos durante dois períodos nefastos. Ao completar 80 anos do Partido, os comunistas colombianos estão vivos e ativos na luta contra o facismo e pela construção do socialismo no século XXI na Colômbia e em nossa América bolivariana e martiana.
Traduzido por: Valeria Lima

AMÉRICA LATINA – O PRÓXIMO ORIENTE MÉDIO DOS EUA – COLÔMBIA, A PORTA DE ENTRADA

Laerte Braga

O mega traficante Álvaro Uribe encerra seu segundo mandato no dia 7 de agosto. Entrega o cargo ao novo presidente colombiano, seu aliado e de seu partido. Uribe tentou a todo custo um terceiro mandato. Não o conseguiu por duas razões simples. A primeira delas a fratura junto aos colombianos seria de tal ordem que as guerrilhas insurgente das FARCs e do ELN seriam fortalecidas pelo descontentamento popular. E segundo por conta dos documentos liberados por organismos do seu principal aliado, os EUA, ligando-o desde o início de sua carreira política ao tráfico de drogas.

Seria incômodo a qualquer presidente dos EUA ter que explicar aos acionistas e o entorno que habita o complexo empresarial e militar daquele país a presença de um traficante na presidência do maior aliado latino-americano.
A denúncia de Uribe sobre a presença de guerrilheiros das FARCs e do ELN em território da Venezuela tem dois aspectos também. Em setembro serão realizadas eleições na Venezuela e as pesquisas indicam vitória do partido do presidente Chávez. É sistemática a ação golpista dos norte-americanos em países que não se curvam (como se curva a Colômbia de Uribe) ao império terrorista de Washington. E segundo, no final do mandato, garantir um lastro de apoio político para evitar qualquer problema futuro com seu envolvimento no tráfico de drogas e assassinatos constantes de lideranças de oposição.
Para levantar a opinião pública colombiana basta apelar para o acendrado e canalha patriotismo dos militares (boa parte ligada ao tráfico de drogas) e contar com o apoio de Washington.
O império terrorista norte-americano vive uma de suas maiores crises e sob a perspectiva da História começa a encarar o declínio. As guerras constantes em sua trajetória se mostram hoje necessárias à sobrevivência de todo o conglomerado terrorista dos EUA.
Num contexto de tempo e espaço diversos se começa a viver a situação de bipolaridade mundial. Se antes era EUA versus UNIÃO SOVIÉTICA, hoje os EUA se defrontam com a China e os chineses descobriram o remédio capitalista para enfrentar o gigante da América.
Esse jogo é do agrado tanto dos EUA, como da China.
Manter o controle sobre países que consideram satélites, caso dos países latino-americanos, é fundamental. Já têm o domínio da totalidade da Europa, um continente falido e cercado de bases militares da farsa OTAN por todos os lados.
Uma guerra no Afeganistão, uma guerra no Iraque, o Oriente Médio sob o tacão nazi/sionista de seu principal aliado, Israel. E agora governos independentes de Washington na América Latina.
Anexaram o México como colônia de segunda categoria (historicamente fazem isso desde a tomada a Califórnia, do Texas e outros territórios mexicanos). Têm o Canadá como colônia de primeira categoria. Promovem golpes em países como Honduras, instalam bases militares na Costa Rica (“sem a polícia sem a milícia...”) e numa realidade sustentada por um arsenal nuclear capaz de destruir o mundo cem vezes, se impõem na chantagem da democracia, da liberdade que pode ser desmontada na versão armas químicas e biológicas de Saddam Hussein. Ao final não passavam de velhos fuzis de um exército brancaleônico de um ditador inventado pelos EUA.
Querem um novo Oriente Médio, recheado de bases militares, com o controle político e econômico da América Latina, um processo de recolonização que se materializa em governantes corruptos como Álvaro Uribe ou Pepe Lobo em Honduras e outros tantos.
Hoje, têm o controle da grande mídia nos países latino-americanos (“não queremos prejudicar os nossos amigos norte-americanos” – William Bonner explicando a alunos e professores de uma universidade paulista porque determinado fato não seria noticiado no JORNAL NACIONAL). Influenciam e comandam a maior parte das forças armadas de países latino-americanos (inclusive as brasileiras) e desnecessário dizer que o grande empresariado, banqueiros e latifundiários em qualquer país dessa parte do mundo é adereço desse modelo.
O que está em jogo é a sobrevivência do império terrorista norte-americano.
Se a América Latina e os povos latino-americanos não se curvarem um novo Oriente Médio está para ser criado. A Colômbia é a porta de entrada dessa barbárie.
A “classificação” de movimento “terrorista” aplicada às FARCs-EP foi uma decisão do presidente George Bush. As Nações Unidas enxergam as FARCs-EP como movimento “insurgente”.
A satanização de alguns países, seus governos e dos movimentos populares em todos os cantos do mundo foi o modo escolhido por um primata que presidiu os EUA por oito anos, Bush, a partir de uma fraude eleitoral, é a velha conversa de criar um fato irreal e a partir dele gerar uma verdade/mentira.
No caso da Colômbia, Enrique F. Chiappa, em “A NOVA DEMOCRACIA”, ano VIII, nº 65, maio de 2010, usa a expressão falso/positivo. Ilustra-a, para esclarecer, com o exemplo de um diagnóstico médico. Uma doença “infectocontagiosa potencialmente letal diagnosticada erroneamente.” O caso de uma pessoa que convive anos com um diagnóstico equivocado e num momento percebe o erro médico.
Falso/positivo é a realidade criada pelos EUA e sustentada pela mídia podre de países latino-americanos, no apoio a governos títeres e terroristas como o de Álvaro Uribe. O ser traficante de drogas é uma espécie de preço que cobra aos EUA, a tolerância silenciosa em função do interesse maior.
Quando o embaixador dos EUA no Brasil, durante o governo terrorista de Garrastazu Medice relatou ao presidente Nixon os horrores da tortura praticada por militares no País, ouviu em resposta – “é uma pena, mas temos que levar em conta que ele é um aliado importante” –.
Num determinado momento da história da Colômbia os movimentos insurgentes depuseram armas e transformaram-se em partidos políticos. Um acordo firmado entre o governo central e as forças rebeldes. Passadas as eleições onde conquistaram várias cadeiras no Congresso, em assembléias departamentais, prefeitos e autoridades outras, mais de três mil eleitos foram assassinados.
Contrariavam os interesses de elites e militares no grande negócio do estado terrorista da Colômbia, o tráfico de drogas.
No bombardeio de um acampamento de estudantes e insurgentes no Equador, em 2008, o governo colombiano afirmou ter encontrado um computador de Raul Reys, chanceler das FARCs-EP, onde estavam as provas das ligações do governo Chávez com a guerrilha.
Um mês depois não se falava no assunto. Peritos de todas as partes do mundo foram unânimes em afirmar que o computador fora alterado por agentes do governo colombiano.
As fotos de guerrilheiros em território venezuelano foram feitas por satélites norte-americanos. A tecnologia da mentira e da destruição permite a eles que, no arsenal que destrói o mundo cem vezes, coloquem os guerrilheiros em qualquer parte do mundo. Na Venezuela, no Brasil, onde quer que os interesses terroristas dos EUA falem mais alto.
Os últimos vagidos do governo Uribe mostram esse desespero em busca da sobrevivência política em seu país e o submundo terrorista dos EUA, que corre por baixo da Casa Branca, com a conivência da Casa Branca.
A Colômbia e um país governado pelo narcotráfico e por terroristas garantidos pelas bases militares dos EUA. Não é nem surpresa, pois militares norte-americanos estão envolvidos em tráfico de drogas e mulheres no Iraque, no Afeganistão e países do Leste Europeu, a denúncia ecoa entre os próprios governos colonizados da Europa, preocupados com eleições futuras.
Um narcotraficante incomoda muito menos que um insurgente. E além do que gera dinheiro para os cofres de banqueiros. Na lógica capitalista de exploração do homem pelo homem, diagnóstico de Marx, gera empregos, expande o comércio, etc, e tal.
O tráfico de drogas não é e nem nunca foi o Morro do Alemão no Brasil, ou qualquer morro colombiano. É o presidente de um país chamado Colômbia criado e gerado por Pablo Escobar e vai por aí afora, nessa dimensão.
Existem muitas “colômbias” nesse sentido.
Pode-se até fazer uso da frase de Paulo Maluf quando candidato a uma das muitas eleições que disputou – “quer estuprar estupra, mas não mata”. Quer traficar, trafica, mas patrioticamente em defesa da democracia e dos “negócios” dos EUA”.
Quando da guerra de invasão, ocupação e saque do petróleo iraquiano, diante da resistência inicial de alguns setores daquele país, o secretário de Defesa de Bush afirmou à imprensa que a “operação militar” mudaria de nome. Ao invés de “justiça e liberdade” passaria naquele momento à fase “choque e pavor”. “Negócios” para os norte-americanos pode ser também uma questão de terminologia.
Isso, para eles, é irrelevante. Soa ao mundo inteiro da mesma forma que soou aos iraquianos. Com a diferença que iraquianos viveram o “choque e pavor” na própria pele, vivem ainda. E o resto do mundo escutou o senso de “justiça e liberdade” dos EUA.
Ou já nos esquecemos das imagens de tortura em prisões do Iraque? Do saque das peças do museu babilônico? As tropas de Hitler tentaram colocar as mãos em várias peças do museu do Louvre, na ocupação durante a 2ª Grande Guerra, para exibi-las no Museu de Berlim. As peças do museu babilônico estão em museus privados de New York.
GUERNICA, o monumental painel de Picasso retratando a barbárie fascista de Franco na Espanha, só chegou aos espanhóis com o fim da ditadura.
Quando um paspalho como Índio da Costa, vice de José Arruda Serra, fala sobre envolvimento do governo brasileiro e seu partido com as FARCs-EP e com o narcotráfico, não o faz por iniciativa própria. É só um avião com diploma de primeiro, segundo e terceiro graus dos donos, tentando criar um debate irreal, mentiroso, dentro de uma lógica colonizadora (“para onde se inclinar o Brasil se inclinará a América Latina” – Richard Nixon) e no momento que os boss mandam.
Por ser um paspalho e empregado desse modelo, é mais cômodo para os de cima que ele fale.
Na Colômbia existe um estado de terror. Lideranças sindicais, camponesas, de partidos de oposição, são sistematicamente assassinadas. Estão dentro do que chamam mundo institucional. Da “ordem e da lei”. Mas não curvam à entrega do país aos colonizadores de Washington e tampouco aos grupos militares e para-militares que sustentam o governo do tráfico.
Felipe Zuleta em um documentários “UM CRIMEM QUE SE PAGA CON LA MUERTE”, mostra a história do terrorismo oficial. Toda a barbárie do governo colombiano contra a população civil indefesa.
Duas mães cujos filhos foram assassinados pelo terrorismo do tráfico de Uribe e que recebem a versão oficial que a guerrilha matou seus filhos. Perdura até que uma vala comum mostra que, ao contrário, o governo assassinou os rapazes. Esse mesmo governo muda a versão. “Os filhos eram guerrilheiros”.
O tráfico continua impune. Isso não vai sair nunca no JORNAL NACIONAL, ou na FOLHA DE SÃO PAULO, ou em VEJA, pois são cúmplices. Um dos papéis que lhes cabe cumprir é exatamente o de esconder fatos assim, corriqueiros na Colômbia e imputar aos resistentes, quaisquer que sejam, os crimes do tráfico.
O fato aconteceu na cidade de Soacha, próxima a Bogotá e com 400 mil habitantes.
Mario Montoya, general e democrata colombiano é um dos implicados em assassinatos de civis, trabalhadores escravos (no tráfico) e acaba tendo que renunciar. Como prêmio, virou embaixador.
Valas com corpos de desaparecidos são encontradas com freqüência em áreas não controladas pelas FARCs-EP ou pelo ELN. Uribe chegou a admitir que alguns militares estavam envolvidos “nesses assassinatos”. Escolheu os bodes expiatórios e pronto, tudo continua tranqüilo.
Envolver Chávez e gerar uma realidade mentirosa sobre as FARCs-EP e os ELN (última guerrilha criada por Chê Guevara) é uma jogada. Só isso. Nada além disso.
Um passo na sistemática política golpista contra o presidente da Venezuela, uma tentativa de criar um Oriente Médio na América Latina.
Por que? Para que possam, à semelhança do que fazem naquela parte do mundo, ocupar, saquear e controlar a partir de bases militares, governos servis e corruptos, o que fazem também na Europa, Ásia e África.
O complexo terrorista da empresa EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A não tem escrúpulo algum. Suas garras e tentáculos são maiores e bem mais cruéis do que se possa imaginar.
Não importa que um piloto do alto e de dentro da cabine de seu avião imagine que uma cerimônia de casamento no Afeganistão seja um aglomerado de “terroristas do Talibã”. Ele os mata e um pedido de desculpas é emitido em nota fria e insensível de uma organização terrorista – EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A –. Lido em todos os cantos pela mídia dócil e venal.
E enquanto isso, milhões de norte-americanos vivem na linha da miséria, desabrigados, sem educação pública, saúde, mas os grandes conglomerados que controlam a Casa Branca pagam, com dinheiro desses milhões, os tais bônus por desempenho.
O nome desse desempenho é terrorismo, com todas as suas implicações. Assassinatos, seqüestros, estupros, tortura, atentados, muros e campos de concentração, toda a barbárie que é intrínseca aos EUA e ao sionismo.
E no final são só “negócios”. Mas nesse caso nem há a frase clássica da máfia. “Nada pessoal, são só negócios”. Não consideram como seres humanos, pessoas, os de outros cantos que não os dos EUA e Israel e mesmo assim nem todos. Acreditam-se ungidos como povo eleito, superior.
Tudo igualzinho a Hitler.
A luta do povo e do governo venezuelano é a luta dos povos latino-americanos. E não tem essa de o Zorro chegar e salvar. Não.
Exige consciência, organização e capacidade de resistência, sob pena de nos transformamos em adereço da coroa imperial da organização terrorista EUA/ISRAEL TERRORISMO S/A.
Para quem acha que COLGATE resolve doze problemas bucais, fazer o que?
É o jeito deles de dizer que um desinfetante é mais inteligente que qualquer um de nós. Pode ser o desinfetante Uribe, ou Índio da Costa, Ana Maria Braga, Faustão, ou as “pesquisas” do DATAFOLHA ou IBOPE (GLOBOPE).

terça-feira, 20 de julho de 2010

LANÇAMENTO DAS CANDIDATURAS EM PERNAMBUCO


Ivan Pinheiro - Presidente - 21
Edmilson Costa - Vice-presidente
Roberto Numeriano - Governador 21
Anibal Valença - Vice-governador
Délio Mendes - Senador 211
Luciano Morais - Dep. Federal 2121
Ivanildo Santos - Dep. Estadual 21321
Armando Fernandes - Dep. Estadual 21222
Compareça no dia 23/07 no Clube de Engenharia,
bairro da Madalena - por detrás do Mercado da Madalena - Rua Real da Torre s/n, Recife-PE. A partir das 19h00min.
A União da Juventude Comunista vota nos camaradas do PCB!!
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!!!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Tudo é prioridade, defende Roberto Numeriano


Tudo é prioridade, defende Roberto Numeriano
Publicado em 18.07.2010, às 11h37


Do JC Online

Roberto Numeriano é candidato ao Governo de Pernambuco pelo PCB.
Foto: JC Imagem


JC ONLINE - Por que o sr. quis ser político?

ROBERTO NUMERIANO - Desde adolescente, gostava de ler e acompanhar a política, embora, na época, por causa da ditadura militar, não pudéssemos falar muito alto e fazer muita mobilização. Também sempre me inquietei com a miséria social da maioria dos brasileiros, aí somada a fome, a falta de educação formal de qualidade, a falta de moradia, atendimento médico-hospitalar universalizado. Para mim, a política, feita com ética, orientada para construir uma sociedade e regime socialistas, é o melhor meio para apontar soluções que atendam aos mais necessitados.


JC ONLINE - Por que o sr. acha que merece o voto do eleitor?

ROBERTO NUMERIANO - Não acho que mereça o voto de um ponto de vista "pessoal", como acham os políticos que pensam o papel da política numa perspectiva individualista, centrada nos interesses de grupos econômicos, por exemplo. A rigor, não há um "você" que se projeta na política para pedir votos, mas há, sim, um político que é expressão dos ideais coletivos de um partido que tem como projeto central conquistar o brasileiro para o socialismo. Vamos buscar o voto do eleitor para transformar a sociedade, pois não vemos o voto como um fim em si mesmo.


JC ONLINE - O que o sr. destaca na sua trajetória política?

ROBERTO NUMERIANO - A refundação do PCB em Caruaru, nos anos 80.


JC ONLINE - Eleito, qual será sua prioridade?

ROBERTO NUMERIANO - Não podemos ter uma prioridade, quando tudo é prioridade. Posso dizer que minha equipe vai trabalhar muito para criar muitos empregos, qualificar o ensino médio, sanear e urbanizar os municípios, além de melhorar o atendimento médico-hospitalar, a segurança pública e os transportes, mas dentro de uma perspectiva de gestão popular na teoria e na prática.

Entrevista IVAN PINHEIRO em Sergipe

Entrevista do candidato a Presidência da República, Ivan Pinheiro.TV CIDADE - PGM 'BATALHA NA TV' - ARACAJU/SE - JUL/2010. Em 3 partes:
Video 1:
Video 2:
Video 3:

sexta-feira, 16 de julho de 2010

FORMAÇÃO POLITICA UJC

ESPAÇO MENSAL DE FORMAÇÃO POLÍTICA DA UJC
  • Tema: Educação e Universidade Popular
  • Facilitador: Antônio Alves "Morgação"
  • Quando: Dia 18/07 (domingo) às 09:00
  • Onde: Sede da UCS - Centro do Recife na Rua Malaquias da Rocha, s/n, em frente da Assembléia de Deus, por trás do edf. Apolo - edifício redondo. Casa branca de primeiro andar, com portas, janelas e grades em vermelho.
  • Maiores Informações: 8728-3725/ 92734603

    Dicas de como chegar:
    1) Vindo pela Rua Conde da Boa Vista, pegar a Gervásio Pires (sentido contrário dos carros), ir até o final e entrar à direita na Av. Mário Melo (avenida dividida por canteiros). Depois, pegar novamente a primeira rua à direita (rua sem saída).
    2) Pela Av. Cruz Cabugá, sentido Olinda-Recife entrar na Av. Mario Melo à direita (esquina com a Assembléia de Deus) e entrar à esquerda na rua sem saída, que fica entre o edf. Apolo (redondo).

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Organizar a luta da classe trabalhadora brasileira na perspectiva de construir a Central Sindical Classista

Os trabalhadores brasileiros, em sua rica história de lutas, vivenciaram diversas experiências organizativas. Desde a Confederação Operária Brasileira, passando pelo Movimento de Unificação dos Trabalhadores e pelo Comando Geral dos Trabalhadores do Brasil, no período pré-golpe de 1964, chegando até a CUT, criada no ocaso da ditadura militar. Todas essas experiências refletiram o momento histórico vivido pela luta dos trabalhadores e o seu grau de organização. Tiveram o seu surgimento, existência e desaparecimento condicionados pela necessidade histórica de os trabalhadores construírem as suas organizações para enfrentar o capital, naquele estágio da luta de classes. A superação dos limites organizativos impostos pelo Estado, com a circunscrição dos sindicatos à representação das respectivas categorias, sempre foi bandeira do movimento sindical em nosso país. A luta pela liberdade e autonomia sindicais sempre esteve presente na pauta da classe trabalhadora. A realização do Conclat em 1981 desafiou a proibição governamental e apontou para um patamar mais avançado da organização de classe.
A CUT surgiu em um marco de divisão no movimento sindical. Sua trajetória representou as aspirações imediatas dos trabalhadores e congregou, durante uma boa parte de sua história, grande parte dos setores mais avançados do movimento sindical. A CUT esgotou-se enquanto instrumento da luta da classe trabalhadora antes do governo Lula e atingiu os seus limites no advento desse governo. De símbolo da luta dos trabalhadores, a CUT se tornou numa correia de transmissão do governo no movimento operário. O esgotamento da CUT fez diversos setores romperem com essa central e buscarem novas formas de organização.
Do bojo da CUT surgem duas experiências organizativas dos trabalhadores no país: a Intersindical e a Conlutas. Fundada em 2003, na esteira da reforma da previdência, a Conlutas teve como base setores importantes do sindicalismo do setor público, com um grande peso do PSTU em sua direção e formulação política. Define-se como uma organização sindical e popular, em que convivem em uma mesma organização de massa sindicatos, movimentos sociais, estudantes e movimentos contra a opressão. Em 2008, a Conlutas fez o requerimento, junto ao Ministério do Trabalho, de seu registro como central sindical.
A Intersindical foi fundada pelos setores que romperam com a CUT no processo congressual dessa entidade no ano de 2006. A Intersindical surgiu como um instrumento de organização e luta dos trabalhadores. Participaram de sua fundação a Unidade Classista - PCB, a ASS e as correntes do PSOL que não faziam parte da Conlutas: a APS, o Enlace e o Csol. Mesmo sem organização em todos os estados, a Intersindical teve um papel relevante nas lutas do último período.
Em 2008, no II Encontro Nacional da Intersindical, em São Paulo, após um profundo debate sobre a oportunidade ou não de se criar a Central Sindical naquele momento, precipitou-se uma fissura nesse encontro, tendo como eixo norteador a continuidade da Intersindical ou a unificação com a Conlutas. As correntes do PSOL optaram pela estratégia de unificação com a Conlutas, o que redundou na convocatória para o Congresso de Santos, em 05 e 06 de junho deste ano. Por outro lado, os comunistas, a ASS e independentes optaram por reforçar a Intersindical como instrumento de organização e luta dos trabalhadores.
O Congresso de Santos, que teria como objetivo principal a unificação da Conlutas com as correntes do PSOL que reivindicam a Intersindical, terminou com a retirada dessas correntes, juntamente com Unidos pra Lutar e do Movimento Avançando Sindical. O fracasso da tentativa de unificação tem causas que transcendem o Congresso e evidenciam as contradições de concepção de central, da metodologia de sua construção e de condução do processo em si.
A questão da Central: as diversas concepções
A Conlutas se construiu como uma organização de sindicatos, oposições e coletivos sindicais, convivendo organicamente com diversos movimentos sociais, incluindo aqueles dedicados às lutas contra a opressão, além de estudantes. As relações entre as diversas expressões nos marcos de um mesmo espaço político e organizacional nunca foi resolvido pela Conlutas. A não resolução dessa questão favoreceu a hegemonia política, não necessariamente numérica, de um partido, o PSTU, sobre as demais correntes políticas. Mais: a diluição da representação política interna e das instâncias de direção fez aprofundar o hegemonismo e o aparelhismo. Em 2008, nas vésperas do congresso nacional da Conlutas, diversas correntes, todas participantes do Congresso de Santos, se retiram da Conlutas por esses motivos.
O PCB contrapôs a essa concepção de central sindical e popular a necessidade de uma organização que expresse a intervenção dos trabalhadores enquanto classe, tendo como mote a contradição capital-trabalho. Os movimentos contra a opressão – anti-racismo, gênero, diversidade sexual – devem ser entendidos pelo ponto de vista de classe. Essas questões são importantes, mas são dimensões da exploração e da opressão do capital sobre o trabalho. Sem essa compreensão, os movimentos contra a opressão se tornam movimentos de busca por melhores condições de participação na dinâmica do sistema capitalista.
A organização dos trabalhadores deve refletir todas as dimensões da luta de classes. Deve-se evitar o risco de se diluir a questão central, a exploração do trabalho pelo capital. As lutas contra a opressão devem, necessariamente, ser tratadas de acordo com as suas especificidades. A inclusão desses setores em uma organização sindical é prejudicial à sua própria dinâmica. E a inclusão dos estudantes se torna ainda mais complexa, tendo em vista que o conjunto dos estudantes não se constitui como classe. O movimento estudantil é transitório e policlassista por sua própria natureza.
Todas as experiências organizativas dos trabalhadores brasileiros refletiram uma necessidade colocada pelo grau de mobilização do movimento operário. Apesar de lutas significativas de diversos ramos e categorias, a mobilização da classe trabalhadora não possui ainda um caráter nacional. A necessária unidade de ação do conjunto da classe é uma tarefa para este momento. O ponto alto de uma ação unificada foi o Encontro Nacional de 25 de março de 2007, ocasião em que o Fórum Nacional de Mobilização, que deveria ter surgido daquele encontro, não vicejou. Também fracassaram as tentativas de elaboração de um programa comum.
O patamar da luta de classes no Brasil coloca para os trabalhadores a necessidade da construção de uma Central Sindical classista. Apesar das diferenças de concepção, da frágil unidade de ação e da ausência de um programa comum, a construção dessa Central não pode se dar apenas como um acordo entre correntes, mas deve ser encarada como tarefa dos diversos setores que lutam pela transformação da sociedade e têm, na luta contra o capital, a perspectiva de uma nova sociabilidade. Esse debate terá por tarefa a unificação das lutas específicas, a concepção de bandeiras gerais e o estabelecimento da solidariedade de classe como pontos básicos para a sustentação do projeto de construção da Central.
A recente tentativa de criação de uma central sindical e popular na cidade de Santos expôs as fragilidades do seu processo de convocação e de preparação, além de reproduzir os mesmos problemas de concepção existentes na Conlutas. Como resultado, ao invés de contribuir para a unidade, aprofundou a fragmentação. Urge a necessidade de se retomar a unidade de ação entre as diversas organizações dos trabalhadores. Esse exercício deve contribuir para a construção da luta da classe na perspectiva da unidade organizacional.
Pressupostos para a reorganização do movimento operário
Como afirmado anteriormente, a Central Sindical tem um papel de unificação das lutas dos trabalhadores. Para tal, a ação da central supera o puro e simples economicismo. Ultrapassa, também, as manifestações espontâneas dos trabalhadores. A ação econômica, sem politização, descamba no peleguismo e na adaptação do movimento operário ao jogo da concorrência capitalista. Ou seja, não bastam conquistas salariais e de melhores condições de trabalho. Também é importante superar o obreirismo, evitando a divisão entre setor público e privado, situação formal ou informal, lutas da cidade e do campo.
Nós, comunistas, não subestimamos o papel dos partidos e correntes no movimento operário. Organizamos o nosso partido, o PCB, que se propõe a ser um destacamento de vanguarda do proletariado. Temos clareza, porém, que a vanguarda não substitui a classe e a organização sindical, seja na Central, seja nas demais organizações sindicais. Portanto, devemos respeitar os mecanismos de mediação da classe trabalhadora.
O maior patrimônio do movimento operário é a sua unidade. Mas essa unidade não pode ser construída burocraticamente. Promover essa unidade de ação é responsabilidade dos setores que se reivindicam de vanguarda. Nós, comunistas do PCB, estamos dispostos a participar de todas as discussões necessárias à construção da unidade de ação e do programa capazes de nortear o caminho para a efetiva criação da Central Sindical Classista, uma central autônoma frente ao governo e ao patronato, que tenha centro nas organizações sindicais da classe trabalhadora. A construção dessa central não pode ser fundada por mero ato de vontade. Sua concepção tem que ser debatida a fundo entre as organizações da classe e não pode se submeter apenas às disputas entre partidos e correntes. A Central surgirá como uma construção da luta dos trabalhadores em nosso país, juntamente com a sua vanguarda, organizada na unidade de ação.
Nós, comunistas do PCB, trabalhamos pelo fortalecimento da Intersindical - instrumento de organização e luta dos trabalhadores - e conclamamos, para a unidade de ação e organização da luta, aqueles setores que, tendo divergido da condução hegemonista no Congresso de Santos, entendem a necessidade de construção de uma Central Sindical Classista que surja da ação e do debate entre as diversas organizações da classe trabalhadora e forças políticas que se dedicam de fato à unidade e à organização da classe no enfrentamento ao capital e na perspectiva da construção da sociedade socialista em nosso país.
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Superar a ideologia do Capital (o PCB apresenta à alternativa)


A situação atual do nosso país é critica. Primeiro pelo processo de conformidade que enfrentamos. Pois a maioria da população acredita, por meio do senso comum, que vivemos um governo de esquerda, e o pior, que as conquistas simples que já foram atingidas são o máximo que conseguiríamos alcançar. Segundo, por estarmos às portas de uma nova eleição presidencial que decidirá, em termos macro, a política social-econômica do país, com a polarização de duas candidaturas que no fundo são irmãos siameses, pois em sua essência, os projetos políticos para o Brasil são os mesmo, acelerar a exploração capitalista no país e diminuir ainda mais os direitos da classe trabalhadora com ações de caráter assistencialista, que camuflam o problema ao invés de resolver. E terceiro e último questionamento se dá pela conjuntura adversa que vive as organizações revolucionárias, que enfrentam uma crise organizacional, pois os ataques da ideologia neoliberal nas últimas décadas causaram crises que resultaram nesse processo que desestabilizou a classe trabalhadora, com ataques constantes das forças reacionárias.
Hoje, o que se apresenta como alternativa digna para superar a ideologia dominante do Capital é a candidatura do PCB. Pois não se prende a imagem personalista dos caciques territoriais, mais sim, em uma proposta de reorganização da sociedade brasileira, levando em conta as necessidades reais da classe trabalhadora contra o Capital. Apresenta uma proposta de democracia direta, conclamando o Poder Popular, trazendo de forma singular o debate sobre a extinção do Senado, por entender que o sistema unicameral poderá ser mais eficiente para o desenvolvimento e execução das demandas da sociedade, para agilizar os encaminhamentos de projetos de lei. Além de propor e defender a reforma agrária e a autonomia dos movimentos sociais e o internacionalismo proletário.
Em um mundo tão complexo, onde o capitalismo já assumiu no Brasil a sua forma monopolista, associada ao grande Capital imperialista internacional, o PCB como organização revolucionária propõe uma revolução socialista, exigindo o respeito que a classe trabalhadora merece, e apontando o caminho que a classe trabalhadora deve seguir para construir uma nova sociedade, onde as mulheres serão mais respeitadas, as crianças terão seus direitos assegurados, a reforma agrária irá ser realizada, onde a jornada de trabalho será reduzida para garantir uma sociedade do pleno emprego (projeto que só os comunistas têm coragem de propor).
È por isso que votarei nos candidatos do PCB, por saber que mesmo em uma conjuntura adversa, existem pessoas que acreditam na transformação e lutam para mudar a sociedade, pois o PCB é a interpretação de Marx nas Teses de Feuerbach, não queremos entender o mundo, pois muitos já entenderam, o que queremos na verdade é mudá-lo.

*Por: Antonio Alves – Educador Social e Estudante de Jornalismo
Esse texto se encontra no
http://diasdeguerranoitesdeamor.blogspot.com/

terça-feira, 6 de julho de 2010

UJC: Pelo direito à História

PELO DIREITO À HISTÓRIA

Os jovens comunistas brasileiros, reunidos no V CONGRESSO NACIONAL DA UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA (UJC) declaram total apoio à luta pela abertura dos arquivos militantes, que permanecem em sigilo mesmo após quase trinta anos da suposta redemocratização em nosso país.

A ditadura militar no Brasil (1964-1985) representou um dos períodos mais nefastos da história do país. Período no qual perdeu a cor e a vida dos brasileiros, o direito de fala, de expressão e de organização social e política foram anulados e a luta pela liberdade, justiça e democracia tiveram como resposta repressão, violência, perseguições, torturas, exílios e assassinatos. Vários foram os militantes sociais e políticos que perderam suas vidas por não se curvarem perante um sistema retrógrado, ultraconservador e antidemocrático. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi uma das organizações mais afetadas nesse processo, tendo um terço do seu Comitê Central assassinado durante a ditadura.
Mesmo com essa conjuntura desfavorável, as forças democráticas do país (entre elas, com destaque para os comunistas) continuaram a lutar pela derrubada do regime militar. A pressão social foi minando o regime, conseguindo importantes conquistas – como a Lei da Anistia Geral, em 1979 – até o fim da ditadura no Brasil em 1985, sendo, portanto, a mais longa das ditaduras na América Latina.
Apesar do fim da ditadura militar, algumas das suas feridas são visíveis até hoje, e seus reflexos em todas as áreas da sociedade também. São poucos os documentos e registros que nos permitem saber realmente o que aconteceu na época e a verdade ainda permanece obscura. Familiares sofrem por calúnias e falta de informações de seus parentes militantes da época. Os restos mortais de muitos lutadores e lutadoras do povo ainda continuam desaparecidos e os responsáveis pelas torturas e assassinatos de milhares de militantes sociais e políticos continuam sem serem punidos. Os governos, que sucederam o “nosso período das Trevas” até os dias atuais, tentam esquecer o que passou com leis e processos meramente figurativos que não nos permite uma aproximação com a realidade.
A União da Juventude Comunista (UJC) entende que os parentes e amigos dos militantes assassinados pela ditadura militar possuem o direito de poder enterrar os seus restos mortais e se despedirem de forma digna. Entende também que os responsáveis pelas torturas e assassinados devem ser punidos pelos seus crimes, independentemente de quantos anos já tenham se passado. A impunidade aos torturadores e assassinos é uma vergonha para a história do nosso país.
Os jovens comunistas engrossam as fileiras da luta pela abertura dos arquivos da ditadura militar, na perspectiva de termos acesso à história e a verdade do nosso país. A abertura dos arquivos representa a verdade sobre o que ocorreu durante esse período nefasto, em respeito aos bravos militantes que tombaram na luta contra a ditadura, e para a punição dos responsáveis por esse período sangrento no Brasil.
Como disse Ernesto Che Guevara: “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repetí-la”. Não permitiremos que sejamos enganados e massacrados novamente. Nesse sentido, a UJC conclama os jovens brasileiros a se organizarem e lutarem

PELA ABERTURA DOS ARQUIVOS DA DITADURA MILITAR!

PELA PUNIÇÃO DOS TORTURADORES E ASSASSINOS!

PELO DIREITO À HISTÓRIA!
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!

INFORME POLÍTICO: V CONGRESSO NACIONAL DA UJC

INFORME POLÍTICO

Entre os dias 01 e 04 de abril de 2010 ocorreu o V Congresso Nacional da União da Juventude Comunista (UJC), na cidade de Goiânia, em Goiás. O Congresso foi precedido pela realização do Seminário Internacional de Educação, Extensão e Universidade Popular. A UJC é uma organização que comporta jovens comunistas que possuem concordância política com a estratégia e tática do Partido Comunista Brasileiro, sendo uma frente de massas do mesmo.

Fundada em 1927, a UJC nunca havia realizado, até então, dois congressos seguidos. Em sua história, entre um congresso e outro, a UJC ora era dissolvida em razão de questões táticas do PCB, ora era dizimada pelas ditaduras que sofremos no Brasil. Assim, todos os Congressos até hoje haviam sido Congressos de organização ou reorganização. Pela primeira vez, a UJC realiza um Congresso consecutivo: o primeiro de 2006, que reorganizou a juventude do PCB e o segundo, em 2010 no qual se avaliou conjuntura política, a situação da juventude e a atualização da nossa linha política.
Entre o Congresso de Reorganização em 2006 e o Congresso em 2010 várias foram as atividades realizadas pela UJC. No âmbito do mundo do trabalho, atuamos tanto com os jovens empregados quanto com os jovens desempregados, encampando campanhas, como a Campanha: “Nenhum direito a menos para a juventude trabalhadora! Pela redução da jornada de trabalho, sem redução do salário! Mais e melhores empregos para a juventude! Pela criação de frentes de trabalho para a juventude e os desempregados!” No movimento estudantil, atuamos, fundamentalmente, na defesa da Educação e Universidade Popular, sendo contra a lógica mercantil do ensino. No campo cultural, nossa atuação ocorreu através de trabalho com grupos culturais de regiões periféricas, se opondo veementemente à reprodução de valores dominantes e lutando pela valorização da cultura popular, revitalizando a identidade e unidade de classe entre os oprimidos pelo capitalismo. Além desses campos de atuação, a UJC esteve presente nas atividades relacionadas ao internacionalismo proletário, como, por exemplo, as campanhas de solidariedade a Cuba, Palestina e Haiti.
Assim, nesse Congresso foram quatro os principais eixos debatidos: análise de conjuntura, o papel da juventude no contexto atual, as diferentes frentes de atuação da organização e a própria estrutura da mesma.
Entendendo que a recente crise econômica foi uma crise sistêmica do capital, isto é, foi uma crise que faz parte do próprio funcionamento do sistema econômico vigente, e que acontece periodicamente, como ocorreu em outros momentos da história do capitalismo, a UJC não encontra possibilidade de uma ruptura espontânea com o capitalismo. A crise econômica foi uma crise na taxa de lucro da burguesia, mas não uma crise do Capital. No entanto, é inegável que esta crise demonstra os problemas estruturais do sistema capitalista.
A burguesia, para superar a crise, toma medidas para acirrar a exploração do proletariado, como a diminuição das condições de trabalho, as demissões em massa, contratação de funcionários com baixo salário, o trabalho informal e precarizado, as terceirizações e flexibilização, e mesmo a queima de capital constante, isto é, deixando máquinas inoperantes.
Na tentativa de superação da crise, a burguesia acirra também as ações imperialistas, que espoliam países através da força armada. Tal espólio é realizado tanto na forma do roubo de matéria prima como na destruição da infra-estrutura do país, exigindo-se que um governo derrotado financie a reconstrução realizada por empresas imperialistas. Tal mecanismo é uma medida constante por parte da burguesia na busca da expansão de seu mercado e como medida de combate a queda tendencial de sua taxa de lucro.
No Brasil, o Governo Lula se encerra tendo cumprido o papel de desenvolvimento de uma formação social capitalista completa, formando um consenso tipicamente burguês na nossa sociedade. Através de sua política de incorporação e cooptação dos sindicatos na administração estatal, de acomodação dos movimentos sociais através da cooptação político-ideológica e de envio de fundos para os mesmos, e com a ampliação da política assistencialista, o governo Lula consolidou a ditadura do capital pela hegemonia burguesa.
O plano econômico, aplicado durante os governos neoliberais anteriores e continuada e aperfeiçoada no governo Lula, serviu ao fortalecimento da grande burguesia brasileira, fortalecendo o domínio da mesma sobre o proletariado. As condições de trabalho continuam precárias e pioram com o avanço das terceirizações. É cada vez maior o número de empregos precarizados e informais, ganhando destaque a inserção dos jovens neste contexto. As condições de estudo, embora sejam propagandeadas como tendo melhorado, em verdade foram expandidas, sem necessariamente apresentar melhorias em sua qualidade, como é o caso do Reuni, caracterizando-se como uma expansão comprometida com o capital. A estrutura educacional do país não leva em conta as necessidades da sociedade, mas sim as necessidades do mercado.
As políticas como a do pró-uni servem não para mudar o caráter do ensino brasileiro, mas sim para subsidiar as próprias universidades particulares. O que antes eram estudantes inadimplentes hoje são estudantes bolsistas. Não por acaso foi criada uma lista nacional dos estudantes inadimplentes que é dividida entre boa parte das escolas e universidades particulares, fazendo com que aqueles que deixaram de pagar mensalidades das instituições de ensino não possam se matricular em outras. Assim, apesar da propaganda feita sobre o pró-uni, este não está em favor dos trabalhadores, mas sim do setor privado da educação, em detrimento das universidades públicas.
Neste contexto, a juventude continua a ser um dos segmentos sociais que mais sofre com a precarização do trabalho e com o desemprego. Com baixas condições de estudo, e se submetendo a empregos precários nos quais o nível de exploração é altíssimo, como no caso de estágios ou de bolsas remuneradas nas quais os jovens devem prestar serviços, a perspectiva de boas condições de vida dos jovens não aumenta. Para os jovens do meio rural, as condições de vida são ainda mais precárias, pois além da falta de oportunidades e de serviços públicos, sofrem com a enorme concentração fundiária em nosso país, umas das principais geradoras das injustiças e desigualdades sociais no campo brasileiro.
Além dessas questões, a juventude é bombardeada cotidianamente pela hegemonia burguesa, que enfatiza o culto ao indivíduo, o consumismo e a universalização das demandas particulares da burguesia como verdades absolutas e naturais. Por exemplo, os espaços de lazer hoje são mercantilizados e marcados pela exploração. Torna-se impossível ter qualquer forma de lazer sem resultar em altos gastos. Os espaços de lazer além de serem vendidos como mercadoria e cada vez mais privados, não contribuem na formação de uma consciência critica da juventude, só servindo à alienação.
Nesta conjuntura, a UJC, dentro da linha política do PCB tirada em seu XIV Congresso Nacional, reafirma a necessidade de reorganização da juventude em nosso país, estabelecendo um campo de alianças anticapitalistas e antiimperialistas. Os ataques a educação e a condição de trabalho que a juventude sofre se configuram como principal área estrutural de ofensiva do neoliberalismo. A hegemonia burguesa mantém o bloco burguês no poder, como condição essencial para a manutenção do capitalismo.
Assim, a UJC compreende a necessidade de manter e aprofundar sua inserção nas suas três principais frentes de atuação: Jovens Trabalhadores, Movimento Estudantil e Cultura.
A frente de Jovens Trabalhadores tem como principal tarefa a busca pela sindicalização dos jovens. A atuação sindical dos jovens comunistas e daqueles que concordam com nossa linha é a atuação em conjunto com a Unidade Classista, dentro da Intersindical, sempre trabalhando em conjunto com o PCB.
No entanto, dada a especificidade da juventude, que se encontra em desemprego ou em trabalhos precarizados e sem condições de sindicalização, a UJC compreende que pode ser criado um mecanismo de mediação. Tal mecanismo de mediação deve buscar organizar os jovens que não estão em condições de sindicalização e encampar as lutas da classe trabalhadora.
No movimento estudantil, a UJC deve empreender esforços pela retomada do papel do movimento estudantil na luta de classes, através do trabalho de base nas escolas e universidades. As entidades nacionais (UNE, UBES) estão caracterizadas pela burocracia, verticalização e distanciamento das históricas bandeiras do movimento estudantil, estando em processo de amoldamento à lógica institucional burguesa.
Dentro de tais condições, e entendendo que a UJC não deve buscar disputar aparelho burocratizado, a atuação não deve ocorrer através da disputa de cargos na UNE/UBES ou em outras entidades igualmente burocratizadas. A atuação da União da Juventude Comunista deve ser através da construção do movimento de base, recuperando o caráter combativo e crítico do movimento estudantil.
Assim, devemos focar nossas atenções na construção de Centros Acadêmicos, Diretórios Centrais, Executivas e Federações de curso, Projetos de Extensões, Grêmios e Associações estudantis através do movimento real, buscando a constituição destes como espaços organizativos dos estudantes e que sejam autônomos diante das escolas, universidades, governos e patrões.
Ainda que as escolas e universidades hoje existentes no Brasil sejam aparelhos de dominação da burguesia, o conflito capital x trabalho não se dá de forma tão clara no movimento estudantil. A defesa pela Educação e Universidade Popular, que atenda aos interesses do conjunto da Classe Trabalhadora e não das grandes empresas, evidencia as contradições do capitalismo.
Nesse sentido, por vezes, pode ser necessário o uso de instrumentos de mediação na busca por organizar todos os estudantes que concordarem com a necessidade de construir o movimento estudantil pela base, buscando a constituição da luta pela Educação e Universidade Popular.
Quanto ao trabalho do movimento cultural, a UJC, entendendo o caráter mercantilizado da cultura de massas, atuará dentro da cultura popular. Consideramos como cultura popular aquela que é resultado da atuação criativa da população, constituindo espaços alternativos de expressão que fujam do controle mercadológico. É através da atuação em conjunto com esses espaços de cultura popular, e através da elaboração de material próprio, que a UJC deverá atuar no próximo período.
Com tais resoluções, o V Congresso Nacional da UJC reafirma seu caráter de Frente de Massas do PCB, seguindo sua linha política e subordinada à estratégia e tática do mesmo, mas que possui uma forma de organização própria, que permite a participação ampla de jovens que não estejam organicamente ligados ao PCB, mas que tenham acordo com tal linha política e ideológica.

Viva a União da Juventude Comunista!
Viva o Partido Comunista Brasileiro!
Viva a Revolução Socialista!
Viva o Internacionalismo Proletário.