"Se você treme de indignação perante uma injustiça no mundo, então somos companheiros." (Che Guevara)

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Sabe qual é a origem da opressão da mulher?

FSD - [Por Denise Laizo] Você sabe qual é a origem da opressão da mulher? Você acha que a opressão sempre existiu? Você acha que a mulher oprimida é algo natural das relações humanas? Dica de leitura: “A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado”  



Friedrich Engels, teórico revolucionário alemão, parceiro de Marx, afirma que a opressão da mulher tem uma origem, ou seja, não foi sempre assim. Engels, ao tratar sobre a passagem da organização coletiva da produção e de seu consumo para a organização privada (processo de formação das civilizações), ele diz:

“Convertidas todas as riquezas em propriedade particular das famílias, e aumentada depois rapidamente, assestaram um rude golpe na sociedade alicerçada no matrimônio sindiásmico e na gens baseadas no matriarcado… De acordo com a divisão do trabalho de então, cabia ao homem procurar a alimentação e os instrumentos de trabalho necessários para isso; consequentemente era proprietário dos referidos instrumentos… Assim, segundo os costumes daquela sociedade, o homem era igualmente proprietário do novo manancial de alimentação, o gado, e, mais adiante, do novo instrumento de trabalho, o escravo. Mas, consoante o uso daquela mesma sociedade, seus filhos não podiam herdar dele…”

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Chile e a experiência do Poder Popular

Por Mauro Iasi.


“Porque esta vez no si trata
De cambiar un presidente
Será el pueblo que construya
Un Chile bien diferente”


Falando-nos sobre as características da revolução proletária, Marx disse certa vez que nossas revoluções “encontram-se em constante autocrítica, (…) retornam ao que aparentemente conseguiram realizar, para recomeçar tudo de novo, (…) parecem jogar seu adversário por terra somente para que ele sugue dela novas forças e se reerga diante delas em proporções ainda mais gigantescas” (O 18 de brumário de Luís Bonaparte, p.30). De fato não se aprende com o passado a não ser o que deveríamos ter feito no passado. O que importa no estudo de nossa experiência de classe pregressa é descobrir os caminhos por onde passou o futuro em construção, os impasses e erros que nos distanciaram de nossa meta, para, assim, olhar para frente com mais segurança. Nossa revolução não tira sua poesia do passado, mas do futuro, como também disse o velho mestre, pois se antes a frase vazia das revoluções burguesas iam além do conteúdo, agora é o conteúdo proletário que não cabe na fraseologia vazia do ideário burguês.

O que a revolução chilena nos ensina neste olhar para o futuro?

Ao lado de características comuns a todos os povos da América Latina – tais como a dependência em relação aos interesses externos, a economia agro-exportadora, o domínio das oligarquias reacionárias, a concentração de terras – existiam no Chile alguns fatores que davam certa singularidade a sua formação social. Entre eles, uma história política que acabou por constituir uma estabilidade ordenada constitucionalmente e a presença de forças armadas inspiradas por anseios nacionais e progressistas, chegando mesmo a apoiar uma República Socialista que se manteve no poder por 12 dias em 1932.

O imperialismo dos direitos humanos e a falsidade das suas premissas

por Ronaldo Bastos

A universalização dos direitos humanos (que também aparece como “difusão dos valores da democracia”) não é construída sem intenções: é apenas uma nova justificativa para o exercício de um novo poder mundial, no caso dos Estados Unidos.


Hoje é muito discutida a questão da universalização dos direitos humanos. Conectado a esse paradigma, que é contestado e contestável, emerge um problema difícil de ser resolvido, que consiste em saber como fica a autonomia dos Estados num contexto em que eles, enquanto signatários da Carta das Nações Unidas, seriam corresponsáveis pelo estabelecimento do chamado sistema de “governança global” e, por conseguinte, teriam que respeitar e promover o direito internacional dos direitos humanos.

No século XXI, isso tem uma importância ainda mais abrangente, pois, principalmente após 1989, com o desmantelamento da União Soviética e a ascensão dos Estados Unidos como única superpotência mundial, fica evidente, na política externa norte-americana, oimperialismo desempenhado pelos (e em nome dos) direitos humanos. Isso porque tal política consiste na invasão dos mais variados Estados (é só pensar nas invasões ao Iraque e ao Afeganistão e, mais recentemente, na discussão sobre a invasão da Síria) para a aplicação da democracia ou para o enfrentamento da “guerra contra o terror”. Como é notório, ambos os objetivos dizem respeito à universalização dos direitos humanos, vale dizer, universalização de uma específica forma de governar e guiar o Estado.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Todo repudio à violência policial contra protestos

Nota Pública

Com a devida e necessária preocupação, a Associação Pernambucana de Anistiados Políticos (APAP) vem a publico expressar seu total repúdio e consentânea indignação perante as ações violentas das polícias contra manifestantes que protestam.


É sabido que esta tem sido uma prática dos governadores de vários Estados do país, em face das manifestações críticas em relação aos seus governos e aos problemas recorrentes que prejudicam a maioria da população, especificamente nas principais capitais, aos quais não apresentam respostas que sejam pelo menos satisfatórias. Acumulam-se os problemas nas áreas de saúde, educação e moradia, entre outros, acompanhados de todo um processo vergonhoso de corrupções, fraudes e desvios de dinheiro, através do fisiologismo mais descarado.

Percebe-se, dessa forma, que os resquícios do autoritarismo então vigente durante a ditadura civil-militar brasileira (1964-1985) ainda continua latente, após 28 anos do seu término. O Brasil foi um dos poucos países que “não passaram a limpo” até agora esse passado de repressão e de excepcionalidade, pois aqui se realizou o pior processo de redemocratização de toda a América Latina, ficando a dever aos requisitos de garantia dos direitos individuais e de consolidação de uma prática democrática consistente e agregadora.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Santiago em setembro



por Bruno Muel*

No dia 11 de setembro de 1973 teve início uma das ditaduras mais brutais da América Latina: mais de 3 mil mortos, quase 38 mil torturados e centenas de milhares de exilados. Alguns dias após o golpe de Estado, o diretor de cinema Bruno Muel foi ao Chile e, a seguir, revela seu testemunho.


No dia 12 de setembro de 1973, de manhã, escutei no rádio a notícia do golpe de Estado e decidi partir para o Chile para filmar a ocasião. Chamei Théo Robichet, com a certeza de que estaria de acordo. Théo cuidava da captação de som, e eu, das imagens. Na época, estávamos engajados na aventura dos grupos Medvedkine, lançada em 1967 em Besançon por Chris Marker e que continuava em Sochaux. Entre nossos amigos, trabalhadores da fábrica da Peugeot, como em todos os grupos militantes, falávamos bastante do Chile. O que acontecia naquele país da América do Sul era familiar para nós.

A política de drogas no Brasil e as novas ameaças

por João Mendes, Herbet Toledo Martins

Não obstante os importantes avanços na política sobre drogas mundo afora − a exemplo do Uruguai, que acaba de regulamentar o uso da Cannabis −, as supostas bases empíricas utilizadas pelo Parlamento brasileiro são dignas de um “museu de novidades”.



Em maio, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei (PL) que corresponde a um retrocesso secular. O PL n. 7.663/2010, do deputado Osmar Terra, atualmente PLC 37/2013 em tramitação no Senado Federal, ameaça reconduzir o Brasil ao início do século XX ao intensificar a fracassada “guerra às drogas”. Não obstante os importantes avanços na política sobre drogas mundo afora − a exemplo do Uruguai, que acaba de regulamentar o uso da Cannabis −, as supostas bases empíricas utilizadas pelo Parlamento brasileiro são dignas de um “museu de novidades”.

O deputado Terra1 insiste em apresentar números duvidosos sobre o cenário das drogas no Brasil. O deputado não explica, por exemplo, o fato de que de 2006 a 2012, após a Lei sobre Drogas n. 11.343, aumentou-se de três para cinco anos a pena por tráfico, mas o número de crimes de comercialização de drogas só tem crescido. Em 2006, o sistema carcerário tinha cerca de 10% de presos por tráfico de drogas; em 2012, já eram 30%. Estimam-se atualmente 160 mil presos. Esse argumento não explica por que se triplicou a população carcerária motivada pelas drogas sem que tenha havido diminuição do tráfico.

Documento comprova que é Wilson Damásio quem manda a Polícia prender arbitrariamente manifestantes e agredi-los

O Boletim de Ocorrência abaixo, a que o Blog teve acesso comprova que o secretário Wilson Damázio deu ordens para que integrantes dos principais movimentos participantes dos protestos em Pernambuco fossem perseguidos e presos ilegalmente pela Polícia. 

Já havia suspeitas de que o secretário estivesse ordenando as prisões ilegais e o arbitramento de fianças altíssimas como forma de perseguir politicamente, através do aparato policial comandado por ele, todos que protestam ou fazem qualquer tipo de oposição independente ao governo Eduardo Campos, agora está aí a prova documental que faltava. 

Esse BO comprova que integrantes do grupo "Resistência Pernambucana" foram detidos ilegalmente por ordem expressa do Secretário que, segundo informações que nos chegaram, assistia aos protestos pelas Câmeras da SDS e escolhia pessoalmente a quem a polícia deveria prender. Não foi à toa que foram detidos cirurgica e sem qualquer motivação, integrantes dos grupos autonomistas, como os militantes da Unidade Vermelha, Rodrigo Dantas (levado para a Delegacia de Boa Viagem) e da Resistência Pernambucana, o militante Cristiano Vasconcelos (levado para a Delegacia de Santo Amaro). 

O militante André, sempre presente nas manifestações foi vítima de detenção arbitrária também, quando estava comprando água em um restaurante próximo à Delegacia de Santo Amaro (foi levado com dois menores que também estavam comprando àgua e levado para a GPCA)

BO que comprova a existência de prisões políticas em Pernambuco por ordem
direta do Secretário de Defesa Social, Wilson Damázio

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O direito à cidade nas manifestações urbanas: entrevista inédita com David Harvey

O geógrafo britânico David Harvey é um dos pensadores mais influentes da atualidade. Unindo geografa urbana, marxismo e filosofia social na compreensão das contradições do mundo contemporâneo, sua obra é um forte eixo de renovação da tradição crítica e ganha especial relevância num contexto de explosão de movimentos contestatórios urbanos no Brasil e no mundo.

Nesta entrevista, traduzida em primeira mão pelo Blog da Boitempo, Harvey discute as manifestações que tomaram as ruas do Brasil a partir de junho e os desafios para a organização de mobilizações urbanas de amplo escopo, assim como o lugar das novas tecnologias e dos movimentos sociais. À luz do urbanismo privatizado e securitário de Londres, o geógrafo comenta a importância do debate sobre o direito à cidade e os desafios de se pensar uma cidade anti-capitalista. Traçando paralelos com revoltas urbanas ao redor do globo, da China a Istambul, ele esboça, inclusive, acréscimos a sua obra mais recente, que dá nome e inspira o livro de intervenção Cidades rebeldes: Passe Livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil, que a Boitempo acaba de lançar analisando as causas e consequências das ditas “Jornadas de Junho”, e com o qual Harvey contribui como autor.



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Quem tem medo de mulheres negras de jaleco branco?

Por Douglas Belchior

“Eu já desde muito nova queria fazer Medicina… só que Medicina é um curso impensável para as pessoas de onde eu venho, para as pessoas como eu sou, negra, mulher, pobre, Capão Redondo. Ninguém sonha ser médico lá. Eu insisti que queria fazer medicina.” Cintia Santos Cunha


Em seu texto sobre a polêmica dos médicos cubanos no Brasil e a reação de uma jornalista potiguar que escandalizou as redes sociais ao dizer que médicos cubanos pareciam“empregadas domésticas”, e que precisariam ter “postura de médico”, o que não acontecia com os profissionais cubanos, o professor Dennis de Oliveira sintetizou:

“(…) ela expressou claramente o que pensa parte significativa dos segmentos sociais dominantes e médios do Brasil: para eles, negros e negras são tolerados desde que em serviços subalternos. Esta é a “tolerância” racial brasileira.”

Essa mentalidade racista que sempre pressupôs o lugar do negro em nossa sociedade, contaminou milhares de jovens estudantes nas últimas muitas gerações. Isso somado ao descaso com a qualidade da educação pública faz com que, em sua grande maioria, jovens negros e/ou pobres sequer sonhem com universidades ou profissões “diferentes” daquelas nas quais percebem seus iguais.

Leilão do campo de Libra é um crime contra os trabalhadores brasileiros


(Nota Política do PCB)

O leilão das reservas de petróleo da camada pré-sal do campo de Libra, na Bacia de Santos, antecipado para outubro deste ano pelo governo, vai entregar a maior descoberta de petróleo já feita no país aos interesses das empresas multinacionais. As reservas são estimadas, oficialmente, entre 8 e 12 bilhões de barris. Pelo contrato de partilha, as empresas estrangeiras poderão ficar com até 70% desse volume, e essa fatia será controlada pela Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), empresa estatal prevista pelo novo marco regulatório do setor, que tem a atribuição de vender a parcela do petróleo que cabe ao governo nos contratos de partilha e que deverá ser criada antes do leilão. A lei permite que a Agência Nacional do Petróleo – ANP faça um contrato diretamente com a estatal do pré-sal, sem licitação.



A antecipação do leilão, além da propaganda com o anúncio do montante de investimentos previstos, de cerca de 60 bilhões, é explicada também pela necessidade do governo fazer caixa para “fechar as contas” com os R$ 15 bilhões de bônus de assinatura que deverá receber. Mesmo que as ofertas apresentadas no leilão venham a ser muito superiores ao mínimo exigido, e mesmo descontando os custos da futura exploração, o montante de lucros a serem auferidos pelas empresas exploradoras será, certamente, infinitamente superior, visto que os preços do petróleo no mercado internacional mais do que compensam todos os gastos das empresas, dados os elevados níveis de preços atuais (cerca de USD 100 por barril) e as claras tendências de alta para as próximas décadas.

Trabalhadores de Fast-Food protestam nos Estados Unidos

Brasil - WSW - [Marcus Day, Tradução de Diário Liberdade] Trabalhadores de redes de Fast Food dos Estados Unidos da América protagonizam protestos pelo país.


Trabalhadores da indústria de fast food participaram de protestos, incluindo breves períodos de greve, em mais ou menos 60 cidades estadunidenses, dentre elas Los Angeles, New York, Boston, Detroit, Atlanta e Memphis. Grandes redes como McDonald's, Burger King, Wendy's, Taco Bell e KFC foram afetadas. Os trabalhadores, muitos deles à beira de um abismo econômico, exigem o aumento de seus salários para US$ 15,00 a hora.

Trabalhadores de fast food e trabalhadores da indústria alimentícia em geral, estão entre os mais explorados do país, recebendo salários baixíssimos e poucos, ou nenhum, benefícios. Ainda que em âmbito relativamente limitado, essa foi declaradamente a maior greve dos trabalhadores de fast food desde Novembro de 2012, momento que teve inicio a campanha por melhores salários na categoria.

domingo, 1 de setembro de 2013

José Paulo Netto sobre o Imperialismo

O Professor José Paulo Netto participa de debate preparatório organizado pela UJC, no Rio de Janeiro, ao 18ª Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes - FMJE, que acontecerá em Quito-Equador no final do ano.

Em tempos de provável ataque norte americano à Síria, esse debate sobre imperialismo é importantíssimo. "Onde há capital monopolista, há a realidade do imperialismo e há subjacente o vetor do fascismo".