A UJC-PE compartilha em seu blog o texto publicado no site usplivre.org.br acerca da agressão policial sofrida por um estudante da respectiva universidade em questão. Diante do fato, estudantes reacionários tentam justificar o fato, e como quase sempre é de praxe nesse segmento da sociedade, com os argumentos mais estapafúrdios.
O título do texto é: Para chapa reação estudante negro era ladrão
Todo o mundo sabe o que significa o termo “reacionário”. Pelo menos, todo aquele que tem um mínimo de cultura. E, acreditamos, que todo aquele que estuda na USP sabe o sentido do termo. Mas, por via das dúvidas, vejamos o que dizem os dicionários:
“Relativo à, ou próprio da reação; Aferrado à autoridade constituída; contrário à liberdade; tirano; despótico.”
Não admira que, para as eleições ao DCE, que se aproximam, uma chapa denominada “Reação” defenda com tanto ardor não apenas a presença da Polícia Militar na cidade universitária como defenda também a própria corporação, a qual não passa de um dos instrumentos de repressão do Estado.
Flavio Morgenstern, o führerzinho (führer quer dizer líder, em alemão; era o epíteto de Hitler; e é a tradução do termo italiano duce, epíteto de Mussolini) da chapa “Reação”, disse, em um sítio da Internet chamado “o implicante” (10.1.2011), que os “invasores” haviam conseguido o que queriam, haviam alcançado seu objetivo. “Invasores” para ele são os estudantes e não a Polícia Militar. Tudo indica que se trate de uma atitude desesperado do führerzinho, pois a divulgação do vídeo — em que um estudante negro é agredido dentro da USP por um policial militar — prejudica a campanha eleitoral da chapa Reação, a que, em todos os momentos, vem defendendo a presença e a atuação da Polícia Militar na Cidade Universitária.
Diante das imagens apresentadas, não há como negar o que aconteceu. No entanto, não se tratou de um momento de descontrole de um PM, de uma ação isolada, prontamente punida, como procuraram justificar alguns reacionários. A VIOLÊNCIA É A REGRA NA PM. E, outra regra, o primeiro a apanhar é sempre um negro.
Como não conseguem negar as imagens, os reacionários apelam para a interpretação. O problema é que, quanto mais procuram justificar o ocorrido, mais dão razão para a agressão. Ou seja, quanto mais se debatem, mais atolam.
Flavio diz que o policial pediu ao aluno que se identificasse; como não se identificou, o policial aplicou-lhe uma chave de braço. Em primeiro lugar, o aluno fez bem em não se identificar. Ele não tem obrigação de fazê-lo. É uma afronta à liberdade individual exigir que um cidadão se identifique. Mas, como esse cidadão era negro…
Não nos vamos estender sobre a “chave de braço”; todos viram; e, quem não viu, procure ver. Já é assunto conhecido. Vamos nos ater a outras duas agressões. Primeira, um policial não pode exigir que ninguém desocupe um espaço público; mesmo que esse espaço tenha sido invadido. Só quem pode exigir a desocupação é a Justiça, por meio de um magistrado; e só quem pode notificar a desocupação é um oficial de justiça. Dessa forma, o que o policial estava fazendo era totalmente arbitrário. Mas a arbitrariedade não era dele: a arbitrariedade foi de quem o mandou fazê-lo, sem um mandato judicial. A segunda arbitrariedade foi a pergunta: “Cê é estudantes (sic) aqui?” [Tradução: “Вы студент здесь?] E se ele não fosse? Qual o motivo dessa intimidação? Quer dizer que se o rapaz não fosse estudante da USP ele não poderia estar ali? É claro que poderia. Menos, certamente, se estivéssemos sob um estado de sítio. Diante dessa pergunta do policial, alguém duvida de que a USP está sob estado de sítio?
Se continuarmos a ler a matéria de Morgenstern veremos que ele procura justificar o injustificável. Procura mostrar por que a polícia estava ali. Procura mostrar que o local estava depredado. Procura mostrar que a delicadíssima Polícia Militar, que só age para o bem da população estava lá, no DCE, a mando da Santa Madre Tereza de Calcutá para desocupar o local para que lá fosse construído um espaço edênico para o deleite de toda a comunidade universitária, um local em que a ovelha dormiria com o leão. Acontece que ovelha e leão não costumam entender-se. E o leão, sentido o cheiro de sangue, partiu para o ataque. O que o ignorantíssimo Flavio não consegue entender é que, não importa o que a PM estava fazendo ali: um aluno foi agredido e isso não tem justificativa.
Mas como para essa gente direitista não vale a verdade, a ela só resta fazer acusações, mesmo que essas acusações nada tenham que ver com o fato em si. Por exemplo, de que vale dizer que Daniel Alves tinha um bar o local? De que serve dizer que havia punks ali? Quer dizer que, quando lá havia uma farmácia, estava tudo bem. Afinal se trata de uma organização capitalista com fins lucrativos. Tudo normal. Mas, quando se trata de alguém que precisa ganhar dinheiro para comer, aí o bicho pega. Então, seguem-se as acusações: marginais, vagabundos, etc. Por que será que os direitistas não aceitam o fato de que uma pessoa, apesar de pobre, tem o direito de comer?
Isso, caro leitor, não é outra coisa que PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO. O senhor Flavio Morgadão mostra-se tão racista quanto o policial; tão racista quanto o jornalista da Veja, Reinaldo Azevedo, que procurou, por todos os meios defender o leão e atacar a ovelha. Basta de covardia!
E não para por aí. Flavio gasta dois enormes parágrafos para ataca o direito de manifestação política dos estudantes, escudando-se no Professor João Virgílio (como se sente esse professor tendo seu nome associado ao de Flavio Morgadão?) que teria dito que “um piquete é uma agressão ao direito de ir e vir”. Agressão a quem, senhor Morgadão? Àquele que é impedido de entrar na fábrica por causa do piquete, ou àquele que é prejudicado pelo fura-greve? O que o direitista não entende, ou finge que não entende, é que a greve é um direito legítimo do trabalhador. Todo cidadão tem direito de se impor contra a exploração. O fura-greve é um agente da exploração, da mesma forma que o é o patrão. O fura-greve é um operário que trai o próprio movimento, um operário que prejudica a si próprio por medo de perder o emprego.
Dessa forma, quando um sociólogo qualquer vem, com manuais acadêmicos, respaldado em argumentos tendenciosos, acusar o piquete ou a greve, dizendo que aquele que faz greve esbarra no direito daquele que quer trabalhar, nós respondemos que aquele que não quer fazer greve fere não apenas o direito do trabalhador à greve, mas também o direito do trabalhador ao pão, à dignidade e à livre manifestação. O fura-greve atenta contra a dignidade do ser humano. E isso nenhum manual de sociologia pode contestar. Se o professor João Virgílio fez uso desse argumento, ou é tolo ou mal-intencionado.
Flavio segue, em seu textículo (não pelo tamanho, mas pelo conteúdo), apresentando argumentos disparatados. Remonta à ocupação da Reitoria. Fala dos três “estudantes portando maconha” (como se a maconha não tivesse sido um mero pretexto para a repressão!) e acusa o “partido nanico PCO” de rondar o campus. Na verdade, quem anda rondando o campus não é o PCO mas a PM. A diferença é que o PCO tem todo o direito de rondar o campus, ou não tem senhor Morgadão? Se não, por que a PM teria? Em suma: fazer política na universidade não pode; colocar polícia para bater em aluno pode.
O estudante esclarecido saber que as repressões começam sempre desta maneira: primeiro, são os maconheiros; depois, os partidos “nanicos” (e como fazem barulho esses partidos nanicos!); em seguida, toda a esquerda será varrida para fora da Universidade. E depois? Depois, senhor Flavio Morgenstein, será a sua vez. A sua vez e a do Professor João Virgílio. Ou você acredita que não se livrarão do senhor quando já tiver cumprido a sua missão de acabar (como se o senhor pudesse!) com o movimento estudantil dentro da USP.
Lembremo-nos de um episódio histórico. A Ação Integralista Brasileira (fascistas) ajudou Getúlio Vargas a se livrar do PCB (comunistas). Depois, Getúlio se livrou dos integralistas.
Não é possível estendermo-nos muito mais, neste pequeno espaço de que dispomos — tampouco é de nosso interesse —, sobre as mentiras e desvarios que o senhor Morgadão prega como um sacerdote. Mentira é dizer, como ele disse, que a punição aos estudantes que tomaram a COSEAS (expulsão) não se baseia num decreto da época da ditadura. Desvario é insistir nisso como se fosse verdade. O próprio Reitor reconhece o fato e o declara com suas próprias palavras no despacho publicado pela Reitoria. Leia o despacho, Flavio. Ou você não sabe ler?
Por último, dedicaremos umas poucas palavras para dizer quem é Flavio Morgadão e o que é a Chapa Reação. As citações abaixo são retiradas do próprio Blog do fürherzinho.
(http://www.implicante.org/artigos/violencia-policial-na-usp-objetivo-dos-invasores-da-reitoria-alcancado/)
“Para mim está claro, claríssimo: A USP tem de ser privatizada.”
“…engraçado como sempre tem alguém filmando essas coisas… será que os esquerdistas usam iPhone ou câmera da Sony para realizar essas filmagens?”
“EU FIQUEI DE SACO CHEIO SÓ EM VER O VÍDEO, IMAGINEM O PM, ALI, FARDADO, OUVINDO BABAQUICES. BEM NA NO FUNDO DE MINHA PRIMITIVIDADADE, TORCI PARA O PM VOLTAR E ENCHER TODOS DE PORRADA, MAS O CARA SE CONTEVE. QUAL A DIFERENÇA ENTRE BANDIDO ESTUDANTE E ESTUDANTE BANDIDO ?”
“Como essas criaturas do video (sic) conseguem passar na USP?”
Eis aí o público do Blog, os que dão atenção aos desvarios de Morgadão. Tanto por aquilo que esse público diz quanto por aquilo que o próprio Flavio diz, podemos dizer que o programa da chapa Reação é fascista: defende a privatização da USP, é a favor da violência policial, é contrário à livre agremiação e associação e, além de tudo, é racista.
Fonte: http://usplivre.org.br/2012/01/10/para-chapa-reacao-estudante-negro-agredido-era-ladrao/
Fonte: http://usplivre.org.br/2012/01/10/para-chapa-reacao-estudante-negro-agredido-era-ladrao/
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